terça-feira, 6 de maio de 2008

Tiros em Raposa Serra do Sol

da Redação Carta Capital

Dez indígenas foram feridos à bala na manhã desta segunda-feira (5) na reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Os responsáveis pelos disparos agiram a mando de Paulo César Quartieiro, prefeito de Paracaima (RR) e líder da resistência à desocupação das terras indígenas, conforme o prefeito afirmou à Agência Brasil.

Há pouco mais de uma semana, a chefe-de-gabinete de Quartieiro foi detida depois que a Polícia Federal localizou em sua residência armas e munição de uso exclusivo do Exército, no bojo dos protestos que marcaram a tentativa de desintrusão da resersa, suspensa por liminar do Supremo Tribunal Federal (STF).

O comunicado divulgado pelo Conselho Indígena de Roraima diz que os indígenas estavam em Raposa Serra do Sol construindo casas na reserva, quando uma caminhonete e cinco motos chegaram ao local “logo atirando por todos os lados no sentido de impedir que os indígenas construíssem suas malocas”.

Uma das vítimas, como relata o informe do CIR, estaria em estado grave, após ser atingido na cabeça, ouvidos e nas costas. Os feridos foram encaminhados pela Polícia Federal à capital Boa Vista.

Em entrevista à Agência Brasil, Quartieiro confirmou que os autores dos disparos são funcionários seus. Segundo o prefeito de Paracaima, os tiros foram reação a uma tentativa de invasão da fazenda Depósito, de sua propriedade, por um grupo de indígenas.

“De 50 a 100 índios invadiram a fazenda e meu pessoal foi pedir para que se retirassem. Eles chegaram atirando flechas e aí houve o confronto”, disse Quartiero. “Também estamos com seis feridos em Pacaraima”.

Os conflitos entre indígenas e arrozeiros em Raposa Serra do Sol se acirraram em razão da decisão liminar do STF, que suspendeu o processo de retirada dos agricultores do local para proceder a demarcação contínua da reserva indígena, conforme lei aprovada em 2005.

Os problemas na região também provocaram uma crise entre as Forças Armadas, o governo federal e a Justiça em relação à política indigenista, considerada “caótica” e “lamentável” pelo comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno.

O pronunciamento de Heleno provocou mal estar no Planalto e Lula, por meio de Nelson Jobim, seu ministro da Defesa, determinou o silêncio do comandante militar da Amazônia sobre o assunto.

Fonte: Carta Capital
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