quinta-feira, 6 de março de 2008

Anacronismo a toda prova - Por Paulo Metri - fonte: http://blogdobourdoukan.blogspot.com/

Anacronismo a toda prova

Paulo Metri – conselheiro do Clube de Engenharia

O presidente Lula foi eleito criticando as privatizações, enquanto seu oponente, no último pleito, Alckmim, era o candidato do partido das privatizações.


Alguém precisa dizer ao ministro Miguel Jorge que ele faz parte do governo Lula, por mais que tenha torcido para Alckmim ganhar.

Esse ministro está com o discurso de Fernando Collor, que o Estado não deve se ocupar das atividades que “não façam parte das funções essenciais do governo”: saúde, educação e segurança, ou seja, anacrônico.

O ministro deveria procurar saber quem possui hidrelétricas nos Estados Unidos, aliás com uma capacidade instalada maior que a das hidrelétricas brasileiras.

Quem possui 100% da geração de energia nuclelétrica na França? Quem é o proprietário da empresa Amtrak de transporte ferroviário nos Estados Unidos, cobrindo seus déficits financeiros anuais? Interessante que, lá, apesar dos prejuízos ninguém fala em privatizá-la!

A quem ainda pertence a maior rede de correios na Inglaterra, apesar de todos esforços dos governos neoliberais ingleses? Quem é o dono da empresa petrolífera Statoil na Noruega, que ganha áreas sem licitação para explorar petróleo, devido ao interesse nacional (norueguês), ou entra em consórcios em outras áreas, por determinação do governo, qualquer que seja o resultado da licitação dessa área?

O ministro fala que é necessário aumentar a competição, então vamos deixar o Banco do Brasil e a Caixa existindo como estatais, senão, o setor bancário brasileiro vai ficar com maior concentração de mercado ou o ministro pensa que o Bradesco, o Itaú e outros vão deixar entrar novos grupos nesse setor? Aliás, o ministro é oriundo do setor bancário e, assim, não estaria impedido de se colocar na questão da privatização de bancos estatais por haver conflito de interesses?

Mas, essa proposta não encontrará respaldo político. Como a bancada ruralista reagirá à não existência do Banco do Brasil para financiar, nas condições que ele financia, novas safras agrícolas? Como o empresariado reagirá à saída do BNDES do financiamento de suas expansões, que terá que ser totalmente obtido no setor privado? Como as prefeituras, os construtores e as famílias encontrarão financiamento de saneamento e habitação igual ao que eles obtêm na Caixa? Alem de outras atividades meritórias que essas estatais promovem.

Só na cabeça de um desmedido neoliberal pode passar a idéia do Brasil não ter um banco de desenvolvimento com o Estado, sendo um país emergente. Será que ele ainda acredita que o mercado, sozinho, irá trazer um real desenvolvimento para o Brasil? A verdade é que, hoje, não há nada tão velho como o neoliberalismo.
fonte: http://blogdobourdoukan.blogspot.com/

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