segunda-feira, 20 de julho de 2009

Nassif estaria certo?

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por Eduardo Guimarães, em Cidadania.com

O último sábado foi do jornalista Luis Nassif. Publicou em seu blog um post intitulado “O último suspiro de Serra” e tocou fogo na Blogosfera. Até a última vez em que olhei, havia quase OITOCENTOS comentários, um número absurdo num país como o Brasil. Coisa de blog americano.

A tese dele sobre a derrocada da candidatura do governador paulista à Presidência foi construída por alguém que conhece a mídia corporativa por dentro. Sobretudo por isso, pareceu para lá de convincente. Nassif disse, para resumir, que os métodos de Serra, seu domínio sobre a mídia e a sofreguidão com que esta se lança contra o governo assustaram a sociedade, as elites empresariais e políticas. Haveria desespero de causa da mídia e de seu chefe.

Contudo, vimos coisa igual em 2005 e 2006. Esse fato não poderia solapar a teoria de Nassif? Essa guerra contra o governo, agora com a tática de paralisar o Congresso, não poderia estar decorrendo de a mídia achar que o que não deu certo com Lula em 2006 poderia funcionar com Dilma no ano que vem porque ela não é Lula?

A favor da teoria de Nassif, alguns dirão que há uma diferença básica: em 2005 e em 2006 havia um fato real a explorar, o “mensalão”, e hoje não haveria, pois os tais atos secretos pegam todo mundo, dos senadores do governo aos da oposição.

Aí eu discordo. Tucanos e pefelês meteram-se com Marcos Valério tanto quanto petistas e outros da base aliada. De novo, escondem oposicionistas enroscados e expõem só os governistas, ora.

Forçar a entrega da Presidência do Senado ao PSDB e a desmoralização da Petrobrás poderiam objetivar apenas a paralisação dos projetos governamentais e a definição do marco regulatório do pré-sal, de forma a diminuir os ativos eleitorais do governo ano que vem. Não se trataria, pois, de desespero de causa...

Nassif, porém, levantou a teoria do desespero de Serra com a rápida ascensão e aceitação da candidatura Dilma e com uma rejeição crescente a si e aos próprios métodos fascistóides, o que o estaria levando a acionar suas armas mais poderosas tão antes do período eleitoral.

Contudo, colunistas da imprensa serrista já andaram corroborando a teoria de Nassif de que o tucano poderia estar querendo desistir.

Além disso, Nassif vem de dentro do sistema midiático. Ele sabe o que rola ali dentro. É bem possível que a resistência a Serra esteja realmente crescendo fora de controle.

Vejam o caso do PMDB. Outrora aliado de Serra, está vendo que alimentar a máquina midiática como fez quando esteve aliado ao PSDB durante o governo FHC pode servir hoje, mas, amanhã, ela pode se voltar contra aqueles aos quais serviu ontem.

Até no próprio PSDB e no PFL parece que os métodos de Serra e seu controle sobre a mídia começam a assustar, pois, como se sabe, políticos que estão hoje do lado de cá amanhã podem estar do lado de lá.

A tendência de Serra querer destruir seus adversários, de vencê-los fora das urnas, porém, não é nova. Em 2002, ele destruiu as candidaturas Roseana Sarney e Ciro Gomes. E note-se que, apesar de haver o que escandalizar no que diz respeito à filha do presidente atual do Senado, Serra destruiu a candidatura Ciro com bobagens.

Ora, se não é de agora que se sabe quem é Serra e o que a mídia pode fazer pelos políticos que a subornam suficientemente, a teoria de Nassif de que a candidatura tucana preferida da direita estaria ferida de morte não estaria prejudicada?

Em 2002 e em 2006, Serra já era Serra e a mídia já era a mídia. O que mudou agora? Talvez que, de lá para cá, o tucano e seus jornais, revistas e tevês vieram atacando com virulência cada vez maior, desconhecendo limites, mostrando que qualquer discordância do tucano equivale a uma sentença de morte política.

Que político pode gostar desses métodos, mesmo não sendo o alvo no momento? E os empresários, será que querem se submeter a alguém capaz de ir até onde Serra mostra que é capaz de ir?

Só não acho, com todo respeito ao Nassif, que se possa subestimar dessa forma as armas à disposição do tucano e o peso eleitoral que ele tem devido ao recall (lembrança do eleitorado de seu nome) que detém.

É claro que essa posição de Serra nas pesquisas não significa muita coisa há mais de um ano das eleições. Metade do eleitorado brasileiro não conhece a candidata de um presidente que tem 80% de aprovação. Sem um fato novo muito grave, realmente é bem possível que Serra despenque como fruta podre quando a eleição estiver no clímax.

Além disso, é impossível que, fora da raia da ultra-direita, pessoas normais e politizadas não achem estranho que um governo como o de São Paulo não seja alvo de crítica nenhuma, de acusação nenhuma de sua oposição. Vasculhe-se os jornais, digamos, de um ano para cá e não se encontrará absoltamente nada que incomode Serra.

Quem, em seu juízo perfeito, pode acreditar que algum governo seja tão impecável e que ninguém tenha ao menos uma acusação ou crítica a lhe fazer?

Só que a mídia não está pensando no eleitorado e, sim, em paralisar o Congresso e Petrobrás para impedir que Lula tenha ainda mais força quando a eleição estiver nas ruas. Contudo, vejam que a economia está prestes a começar a bombar de novo. Chegará ao ano que vem a todo vapor, com salários subindo, desemprego despencando etc. Mesmo com o Congresso paralisado.

Ora, Serra já deu para trás em 2006 com o mensalão e as imagens do dinheiro dos “aloprados”. De fato, Nassif está certo nesse ponto: agora, com os brasileiros encantados com a economia, valerá a pena, com mídia e tudo, trocar uma reeleição certa para o governo do Estado?

E não podemos nos esquecer da dependência que essa meia dúzia de grupos midiáticos tem hoje de Serra. Toda essa loucura que temos visto pode ser apenas para mostrar serviço.

Com tudo isso, com ou sem Serra a mídia só se emendará se PSDB e PFL entenderem que, através da escandalização do nada, não recuperará o poder. Ao fim do processo eleitoral do ano que vem, é bem possível que eles se convençam de que a sociedade viu e entendeu que tentaram sabotar o país. Aí, sim, o Brasil mudará de patamar na política.

Oxalá Nassif tenha razão...

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