Por Luciano Martins Costa
O presidente do Senado Federal, José Sarney, é um profissional das manobras políticas. A julgar pelo noticiário de terça-feira (14/7) nos jornais, ele acaba de dar um nó em seus críticos ao anular, de uma só vez, todos os 663 atos administrativos secretos que estavam na origem da longa série de escândalos da atual legislatura.
Mas a decisão não significa que todas as medidas serão canceladas imediatamente, porque muitas delas têm fundamento e criaram situações que podem ser consideradas legais. A grande jogada está no fato de que a comissão técnica que deverá examinar cada um dos atos administrativos terá um prazo de trinta dias para emitir seus pareceres.
Até lá, o Congresso terá entrado em recesso, os jornais se ocuparão de outros temas e, quando o público se der conta, o Brasil estará envolvido em outra campanha eleitoral.
A melhor demonstração de que se trata de um golpe de mestre está estampada nas primeiras páginas de todos os grandes jornais do país: em todos eles, a manchete é a decisão de Sarney de anular os atos secretos.
Para distrair
É fato que a imprensa não esqueceu as suspeitas que pesam sobre a Fundação José Sarney e outras irregularidades que saltaram para o conhecimento público após a revelação de que o Congresso era administrado por meio de medidas clandestinas. Mas, ao determinar a suspensão da validade de todos os atos administrativos não publicados no Diário Oficial, Sarney acaba produzindo um ponto obscuro que a imprensa se vê obrigada a destrinchar: Afinal, quantas e quais das 663 medidas secretas são legítimas e quantas e quais foram produzidas apenas para beneficiar e turma do poder?
Os jornais tentam colocar alguma ordem no noticiário, mas o que se consegue por enquanto é apenas reafirmar que a administração do Congresso Nacional é uma verdadeira bagunça.
O Globo, por exemplo, destaca que mais de 20% dos funcionários terceirizados do Senado são copeiros ou contínuos, o que dá mais de sete ajudantes para cada senador.
Trata-se de mais uma curiosidade, mas esse é o tipo de informação que distrai a atenção dos fatos realmente graves que continuam acontecendo no Congresso, debaixo dos narizes dos jornalistas.
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A imprensa e o ambiente
A imprensa internacional é só elogios à economia brasileira, e a imprensa brasileira inaugura a semana celebrando a retomada dos investimentos estrangeiros no Brasil.
Na terça-feira (14/7), os jornais noticiam que a busca de crédito e o nível de intenções de compra do consumidor brasileiro já voltaram ao patamar anterior à crise financeira internacional.
Com isso, a imprensa acaba dando razão ao presidente da República, e acabaremos todos acreditando que tudo não passou de uma "marolinha". Dessa maneira, deixamos escapar a oportunidade de estabelecer hábitos de consumo mais sustentáveis e de produzir um modelo econômico mais respeitoso com relação ao futuro do patrimônio ambiental do Brasil.
O meio ambiente é o tema do Observatório da Imprensa na TV nesta terça-feira.
Alberto Dines:
O desmatamento da Amazônia é um tema crucial na pauta sobre aquecimento global e desenvolvimento sustentável. Mas as questões ambientais estão em todos os cantos, recantos, esferas. Interessam a todos os cidadãos, de todas as idades.
Em cada esquina de nossas cidades há um problema relacionado com a ecologia clamando por soluções. Será que a mídia está conseguindo criar uma consciência ecológica nacional?
Assista à edição verde do Observatório da Imprensa na TV. Hoje às 22h40, ao vivo pela TV Brasil. Pela Net, canais 4 (SP), 16 (DF), 18 (RJ e MA); pela Sky-Direct TV, canal 116; pela TVA digital, canal 181.
Fonte: Observatório da Imprensa
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