quinta-feira, 9 de julho de 2009

Procuradoria vai investigar patranha da BrOi

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Sardenberg trocou a aposentadoria por um procurador atrás dele para o resto da vida

Sardenberg trocou a aposentadoria por um procurador atrás dele para o resto da vida

Saiu na Folha (*), pág. A8, reportagem de Rubens Valente

“Procuradoria investigará a aquisição da BrT pela Oi – Investigação vai avaliar se Anatel cometeu irregularidades ao conceder autorização.

A compra da companhia telefônica Brasil Telefônica pela Oi/Telemar, negócio avaliado em R$ 13 bilhões que recebeu financiamento de dois bancos públicos (BNDES e BB – PHA), é alvo de procedimento aberto pela Procuradoria República no Distrito Federal…

A investigação pretende avaliar se a Anatel (**), agencia fiscalizadora do Governo Federal, cometeu irregularidades ao conceder em dezembro passado, em tempo recorde, uma anuência prévia ao negócio…

Os achados da apuração, que corre desde 2008, serão cruzados com um inquérito que a Polícia Federal de São Paulo deverá abrir em decorrência da Operação Satiagraha, a força tarefa formada em 2007 pela PF e a Procuradoria da República em São Paulo para investigar o banqueiro Daniel Dantas e o grupo Opportunity.”



Paralelamente a essa investigação que Rubens Valente descreve, o mesmo Procurador da República no Distrito Federal, Paulo José Rocha Júnior examina a representação que eu, Paulo Henrique Amorim, encaminhei ao Ministério Público Federal.

Portanto, a patranha da BrOi – que deu um cala-a-boca de US$ 1 bilhão a Daniel Dantas, deu 80% da telefonia fixa do Brasil a dois empresários (?), Carlos Jereissati e Sergio Andrade, que não entraram com tostão, porque o BNDES bancou tudo -, essa patranha está cercada de três lados:

1) uma investigação específica da Polícia Federal, que tentou esquecer a BrOi. Mas o corajoso procurador Rodrigo De Grandis não deixou e fez o que o ínclito delegado Protógenes Queiroz tinha pedido há um ano – clique aqui para ler “Se o MP não pede a PF não investiga a BrOi”

2) essa investigação do Ministério Público–DF sobre a Anatel, a que se refere o Rubens Valente;

3) e a investigação do Ministério Público–DF sobre a patranha propriamente dita, a partir de minha representação.

Paulo Henrique Amorim

Clique aqui para ler: “Dantas/Roberto Amaral – como Dantas chantageou Lula” ; “Dantas, BrOi, Sergio Andrade, farinha do mesmo saco” ; “Se o MP não pede a PF não ia atrás da BrOi” ; “PiG fala do mensalão – e a BrOi não vai nada ?“


Leia a minha representação, amigo navegante:

São Paulo, 12 de junho, 2008

Eu, Paulo Henrique Amorim, cidadão brasileiro, … entro com essa REPRESENTAÇÃO no Ministério Público Federal – São Paulo, por suspeita de MALVERSAÇÃO DE FUNDOS PÚBLICOS e de PREVARICAÇÃO contra o Ministro da Fazenda, contra os diretores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), contra o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e os diretores do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Anatel para que se promova a CESSAÇÃO DA CONDUTA, a APLICAÇÃO DAS MULTAS cabíveis, e a abertura de AÇÃO CÍVEL PÚBLICA .

I) Notícia que resume os motivos a sustentar essa REPRESENTAÇÃO:

O que é a “BrOi” ?
Daniel Dantas e os empresários Carlos Jereissati e Sergio Andrade – donos da Telemar/Oi – acharam um jeito de tomar dinheiro dos trouxas – o maior deles é o BNDES, subordinado ao Ministro do Desenvolvimento – e comprar a Brasil Telecom.
Com isso, vão ficar com o monopólio (70%) da telefonia fixa do Brasil, fora São Paulo, que é explorado pela Telefónica.
Depois de manipular as ações na Bolsa com notícias falsas sobre a criação da empresa, e antes que a regulamentação – porque o Plano Geral de Outorgas não permite a criação da “BrOi” -, Dantas conseguiu:
1) Que os fundos de pensão que controlavam a Brasil Telecom – Previ (dos trabalhadores do banco do Brasil), Petros (dos trabalhadores da Petrobrás) e Funcef (dos trabalhadores da Caixa Econômica) – retirassem da Justiça as ações que moveram contra Dantas por “gestão temerária”;
2) Que o Citibank, sócio da Brasil Telecom, retirasse da Justiça de Nova York as ações que movia contra Dantas por “gestão temerária”.
3) Que a própria Brasil Telecom retirasse as ações que tinha com o Opportuniy;
4) Que o BNDES se comprometesse a dar a Jereissati e a Andrade a grana para que os dois comprassem – sem botar um tusta do próprio bolso – a Brasil Telecom; comprassem a parte dos outros sócios na “Telemar/Oi”; e pagassem um cala-a-boca a Dantas, para que ele saísse de fininho da Brasil da Telecom e da Oi – onde ainda tinha participação minoritária. Dantas receberá um cala-a-boca de R$ 1 bilhão, coisa pouca… Parte virá da Brasil Telecom, parte da Telemar/Oi. Ou melhor, virá TUDO do BNDES.
Convém lembrar, nessa notícia, que um filho do Presidente da República é sócio da Telemar/Oi numa empresa chamada “Gamecorp”. Ela produz conteúdo para celulares da Oi, jogos, e recentemente entrou no ramo de televisão, com a TV Bandeirantes.
Paulo Henrique Amorim se candidatou a comprar a Brasil Telecom, através de sua empresa PHA Comunicação S/C Ltda, CNPJ 01681373/0001/-38, nas seguintes condições: a PHA daria R$ 1 a mais do que dessem os empresários Carlos Jereissati e Sergio Andrade, DO PRÓPRIO BOLSO.

O BNDES ignorou a proposta.
Um presidente de fundo disse ao respeitado jornalista Rubens Glasberg que fez acordo com Dantas como, na favela, se faz acordo com o chefe do tráfico para poder viver em paz.
O BNDES é suspeito de praticar malversação de fundos públicos, uma vez que o BNDES é o único que vai entrar com dinheiro nessa história.
Quando o BNDES explica a operação, diz que não vai dar dinheiro para que os sócios da Telemar/Oi comprem a Brasil Telecom. Mas, sim, usar dinheiro que já existia no caixa do BNDES para promover a “recomposição acionária” dentro da Telemar/Oi.
Promover a “recomposição acionária” significa dar dinheiro.
O dinheiro do BNDES vem do Tesouro Nacional e do FAT, dinheiro dos trabalhadores brasileiros.
Como não há “geração espontânea” de dinheiro, é do Tesouro Nacional e do FAT que Carlos Jereissati, Sergio Andrade e Daniel Dantas receberão o dinheiro.
O BNDES justifica a criação da “BrOi” com o argumento de que é preciso criar uma super-tele de capital nacional, para enfrentar os estrangeiros e competir no mercado internacional.
Quem disse que a Brasil Telecom e a Telemar/Oi não podem enfrentar os estrangeiros ?
Qual é o problema “enfrentar os estrangeiros” ?
(Veja anexas as 52 perguntas que Rubens Glasberg fez sobre a “BrOi”.)
Por que as duas empresas não criam uma subsidiária com o fim precípuo de competir no mercado internacional. – e só lá ?
Com o dinheiro do BNDES – quer dizer, do Tesouro Nacional e do FAT – , a Telemar/Oi vai pagar um “cala-a-boca” a Daniel Dantas, embora a Telemar/Oi não seja parte de nenhuma pendência judicial com Dantas.
Por que o BNDES vai ajudar a “recompor” das finanças de Daniel Dantas, via Telemar/Oi ?
Qual a lógica disso ?
Como explicar isso ao Tribunal de Contas da União ?

Malversação de fundos públicos é do que se pode acusar, também, o Banco do Brasil, que é sócio da Telemar/Oi.

Prevaricação é o crime da Comissão de Valores Mobiliários, subordinada ao Ministro da Fazenda, e da Anatel.
A Anatel vai modificar a Plano Geral de Outorgas – PGO – apenas para criar a “BrOi”.
Muda-se a lei “sob encomenda”, para que dois empresários tenham o monopólio da telefonia fixa do país !!! Sem entrar com um tusta !!!
A Comissão de Valores Mobiliários calou-se diante dos seguintes fatos:
1) Da manipulação das ações da Brasil Telecom e da Telemar/Oi na Bolsa com as notícias que os empresários e Daniel Dantas plantavam na mídia.
Primeiro, os empresários e seus empregados negavam a operação da “BrOi”.
Depois, as empresas diziam que os acionistas é que tinham que falar.
Os acionistas negavam a operação.
E a CVM não dizia um “ai”.
2) A CVM se calou também diante da óbvia operação “Zé com Zé” que houve entre a Brasil Telecom, os fundos Previ, Petros e Funcef, o fundo AG Angra e Sergio Andrade.
A operação funcionou assim:

Os fundos de pensão – Previ, Petros e Funcef – mandaram Daniel Dantas embora da Brasil Telecom e colocaram no lugar um dos sócios do fundo Angra, o Sr. Ricardo K.

O Angra, na Brasil Telecom, defende os interesses dos fundos de pensão.

Acontece que o Angra tem um fundo – o “AG Angra” – em sociedade com a “AG” – Andrade Gutierrez.

O dinheiro do “AG Angra” vem dos fundos de pensão, que são os donos da Brasil Telecom.

A Andrade Gutierrez não botou um tusta no AG Angra.

Tenho informação – a confirmar – que a remuneração pela gestão (“management fee”) que os fundos pagam ao AG Angra é de R$ 1 milhão por mês.

R$ 1 milhão por mês ? Por que ? Se o AG Angra, aparentemente, ainda não aplicou em nenhum investimento em infra-estrutura.

Gerir o quê ?

Esquisito.

O Angra está na Brasil Telecom, e no AG Angra.

Os fundos estão na Brasil Telecom, no AG Angra, e vão ser sócios de Sergio Andrade na “BrOi”.

O Angra tem que defender os fundos na Brasil Telecom.

O Angra tem que defender a Andrade Gutierrez no AG Angra.

O Angra tem que vender a Brasil Telecom por um bom preço, para os fundos ficarem felizes.

E tem que vender a Brasil Telecom à Telemar/Oi por um preço baixo, para o Sergio Andrade ficar feliz.

E tem que vender por qualquer preço – e rápido – para os sócios do Sr. K no Angra ficarem felizes.

Porque, depois da “BrOi”, o sr. K voltará ao Angra.

Isso configura “conflito de interesse” ou um gigantesco “encontro bem remunerado de interesses”.

Como se diz na Bolsa, é um “Zé com Zé”.

E todos os “Zé” saem bem dessa: o Angra, o Sr. K, o Sr. Andrade, e os fundos.

Quem sai bem mesmo é Daniel Dantas, que recebe um cala-a-boca de quase US$ 1 bilhão para sair da Telemar e da BrT e não processar mais ninguém.

E quem perde com isso ?

O BNDES, que entra com o dinheiro – e mais ninguém.

Perdem os fundos, porque o dinheiro deles – dos trabalhadores do Banco do Brasil, da Petrobrás e da Caixa Econômica – é administrado por “administradores” que pensam, antes, no bolso deles (“administradores”).

Perdem os fundos, porque o dinheiro deles é administrado por gente que tem “conflitos de interesse”.

Qual conflito de interesse ?

. O conflito entre os interesses dos fundos e os interesses dos “administradores”, como o Sr K.

“Administradores”, como foi, no passado, Daniel Dantas.

. Quem perde também – e acima de tudo – é o consumidor, porque a “BrOi” ficará com 70% do mercado de telefonia fixa do país.

E o que a CVM fez diante desse “Zé com Zé”, em que o Tesouro Nacional, o FAT e o consumidor é que pagam o pato ?

Nada.

5) A CVM não interpelou a Telemar/Oi para saber por que vai pagar um “cala-a-boca” a Daniel Dantas por conta da suspensão de pendências judiciais, se a Telemar/Oi não é parte dessas ações ?

A Telemar/Oi é uma empresa de capital aberto e os acionistas minoritários deveriam saber por que pagar por um acordo que não lhes diz respeito ?

6) A CVM não deu seqüência às representações de “gestão temerária” que a Brasil Telecom fez contra Daniel Dantas, quando gestor da Brasil Telecom.

Por acaso a CVM também fez um acordo de “apagar a pedra” com os processos judiciais que corriam contra Dantas ?

II) Seguem anexos os seguintes documentos:

1) Comunicado conjunto das empresas Brasil Telecom e Telemar/Oi sobre como será a operação;

2) Noticia da Assembléia de acionistas da Brasil Telecom que faz cessar as ações contra Daniel Dantas na Justiça;

3) Comunicados das empresas Brasil Telecom e Telemar/Oi à CVM que tratam da “recomposição acionária” da Telemar/Oi e não explicam de onde vem o dinheiro da “recomposição acionária” e como vão pagar o cala-a-boca de Daniel Dantas;

4) Editorial “O Silêncio Ensurdecedor”, de autoria de Rubens Glasberg, na Teletime News;

5) As 52 perguntas que Glasberg formulou sobre a “BrOi” e que jamais mereceram resposta de qualquer dos envolvidos na operação.

6) Resumo das ações da Brasil Telecom contra Daniel Dantas na CVM;

7) Resumo das ações da Brasil Telecom contra Daniel Dantas na Corte de Nova York;

8- Resumo das ações do Citibank contra Daniel Dantas na Corte de Nova York.

Atenciosamente, o cidadão desta pobre República,

Paulo Henrique Amorim

(*)Folha é aquele jornal da “ditabranda”, do câncer do Fidel, da ficha falsa da Dilma, de Aécio vice de Serra, e que nos anos militares emprestava os carros de reportagem aos torturadores.

(**) É uma pena que a carreira brilhante do embaixador Ronaldo Sardenberg se macule dessa forma, no fim do expediente. Ele estava para se aposentar do Itamaraty quando aceitou ser presidente da Anatel. Podia ter ido para casa, ler e pensar na vida … Foi para a Anatel. Como trabalhou para Fernando Henrique (onde começa a patranha da BrOi) e agora trabalha para Lula (onde termina melancolicamente essa patranha), deve ter pensado: faço um favorzinho aos dois. Aprovo essa patranha rapidinho, ninguém percebe, e vamos em frente, porque só vão se lembrar de mim quando eu era embaixador na ONU. A vida é dura, embaixador … O senhor tem um consolo: pior foi o papel do Lampreia, que se demitiu do Itamaraty por fax, rapidinho, para ir trabalhar para o Daniel Dantas …

Fonte: Conversa Afiada

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