quarta-feira, 8 de julho de 2009

Ativistas do Greenpeace entregam o “mundo” ao presidente Lula

Globo inflável foi entregue na França, para cobrar o compromisso com o  meio ambiente e o combate às mudanças climáticas.

Globo inflável foi entregue na França, para cobrar o compromisso com o meio ambiente e o combate às mudanças climáticas.

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Paris, França — Ativista brasileiro do Greenpeace entrega o “mundo” ao Lula na França Globo inflável foi entregue ao presidente para cobrá-lo de seu compromisso com o meio ambiente e o combate às mudanças climáticas

Paris (França), 7 de julho de 2009 – O Greenpeace fez um protesto hoje (7/7) na França para cobrar do presidente Lula responsabilidade com a proteção da Amazônia e com o combate ao aquecimento global. A urgência de medidas contra as mudanças climáticas foi simbolizada por um globo inflável que os ativistas entregaram ao presidente durante cerimônia na sede da UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), onde Lula recebeu o prêmio Paz Félix Houphouët-Boigny. Na faixa estendida pelos ativistas estava escrito: Salve o Planeta, Salve a Amazônia.

Quase simultaneamente, outros ativistas do Greenpeace faziam outro protesto. Paris foi cenário de outra manifestação. Dessa vez, o alvo foi o presidente francês Sarkosy. Uma calota de gelo inflável de 16 metros, simbolizando as geleiras que estão derretendo com o aquecimento global, foi colocada no Rio Sena. Nas faixas, o Greenpeace pede para Sarkozy liderar as discussões climáticas na reunião que do G-8 (sete países mais ricos do mundo, mais a Rússia), em L’Aquila (Itália) que tem início amanhã. Os países mais ricos são os campeões de emissão. Os líderes desses países podem esperar mais manifestações durante a reunião na Itália.

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A vergonha do Brasil

O desmatamento da Amazônia coloca o Brasil na vergonhosa posição de quarto maior emissor mundial de gases do efeito estufa. “Existe uma enorme distância entre o discurso internacional do presidente e o que o governo brasileiro está realmente fazendo para proteger a floresta”, disse João Talocchi, coordenador da campanha de clima. “Está na hora do Presidente Lula provar que seu discurso é real e que a proteção da Amazônia é uma prioridade para o governo brasileiro”. (Leia no nosso blog o relato do coordenador da campanha do clima sobre a ação).

Para impedir um aquecimento maior que 2º na temperatura média da Terra, o que provocaria desastres ambientais irreversíveis, o presidente Lula, e os chefes de estado, precisam assumir pessoalmente a responsabilidades pelo acordo climático que será fechado em Copenhague no final deste ano para dar continuidade ao protocolo de Kyoto, que expira em 2012. “O presidente Lula pode colocar o Brasil na liderança das soluções para crise do clima, se comprometendo com o desmatamento zero em 2015 e com a valorização da floresta em pé”, disse Talocchi.

Em dezembro de 2008, por exemplo, durante a última reunião da convenção do clima na Polônia, o Brasil assumiu uma meta nacional de redução do desmatamento. No entanto, recentemente o presidente Lula sancionou a Medida Provisória (MP) 458 que vai incentivar a grilagem de terras públicas na Amazônia, incentivando a destruição da maior floresta tropical do mundo. Agora, o deputado Sandro Mabel (PR) tenta aproveitar a MP 462 - a última antes da regra que proíbe embutir nas medidas provisórias assuntos que não têm nada a ver com seu objeto principal – para aprovar emenda que dispensa de licenciamento as obras da BR 319, que liga Manaus a Porto Velho. O tema da MP 462 é auxílio financeiro aos municípios.

Incoerência -

A próxima ofensiva contra a Amazônia será a discussão do código florestal, que deve para acontecer até o final deste ano. A proposta defendida pela senadora Kátia Abreu e pelo Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, pretende enfraquecer a legislação ambiental, absolvendo o Governo Federal da responsabilidade de proteger a Amazônia e transferindo para os Estados essa tarefa, o que permitirá intervenções que atendam exclusivamente aos interesses locais. “Ao mesmo tempo em que recolhe dinheiro internacional para proteger a floresta, o governo brasileiro incentiva e financia atividades que destroem a Amazônia”, alertou Talocchi.

Uma das principais frentes de atuação internacional do governo brasileiro tem sido a arrecadação de recursos para o Fundo Amazônia, que tem como objetivo proteger a floresta por meio de incentivos financeiros. No entanto, o BNDES, banco público que gerencia os recursos do Fundo, foi recentemente denunciado pelo Greenpeace, no relatório a Farra do Boi, como cúmplice do desmatamento da Amazônia, por financiar a expansão da pecuária e ser sócio de frigoríficos que atuam na região. A pecuária hoje é a principal causa da destruição da Amazônia. De acordo com dados do governo, o setor é responsável por cerca de 80% de todo o desmatamento da região amazônica.

Da França, Lula segue para Itália para participar do encontro do G-8 com o G-5 (grupo formado por Brasil, México, Índia, África do Sul e China).

Fonte: Greenpeace

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