RBS desiste da aventura chamada Yeda
Ato contínuo, aposta agora na aventura chamada José Serra
por Cristóvão Feil, no blog Diário Gauche
O grupo RBS, através do jornal Zero Hora, engaja-se a partir de hoje na campanha do tucano José Serra, à presidencia da República em 2010. Como é de praxe neste grupo midiático, o faz de forma oblíqua, indireta, não-declarada, sob a forma de denúncias fortes mas requentadas sobre prováveis atos de corrupção no governo de Yeda Crusius, bem como na arrecadação de fundos para custear a campanha eleitoral que a conduziu ao Palácio Piratini, em 2006.
O jornal ZH, assim como a revista semanal Veja e o diário paulistano Folha de S. Paulo, adere e passa a ser instrumento da candidatura tucana do atual governador de São Paulo, José Serra. As denúncias de hoje – nenhuma inédita – se inscrevem na tentativa de desconstituir e mesmo contribuir para eventualmente derrubar a governadora tucana Yeda Crusius do cargo que ocupa.
Por mais paradoxal que possa parecer, há um evidente interesse tático-eleitoral do tucanato serrista – francamente hegemônico na condução do PSDB nacional – em abreviar o desastrado e caótico governicho de Yeda no Rio Grande do Sul. Os serristas avaliam que o sangramento permanente da legenda no Sul pode ser debitado na contabilidade eleitoral de Serra, ano que vem. Assim, o afastamento da governadora, antes do final de 2009, contribui para recompor os laços orgânicos do pequeno PSDB do Rio Grande do Sul com as demais legendas fisiológicas, bem como com as instituições patronais, prefeitos, vereadores e lideranças locais que tanto dano sofrem com a atual administração.
O objetivo político-eleitoral do grupo RBS é evidente, cristalino, mesmo que jamais admita de forma clara e objetiva. Desembarca de uma aventura chamada Yeda Crusius, sem fazer autocrítica, e sem se responsabilizar por ter criado e promovido essa deformidade político-administrativa no Estado. Exonera-se da empreitada como quem sai de um cassino, fez a aposta errada, mas deixa o prejuízo para ser rateado entre a população do Rio Grande do Sul.
Como um jogador compulsivo, a RBS parte para nova aposta, desta vez em José Serra, o mesmo número e o mesmo naipe político de Yeda Crusius, apenas com o verniz menos fraturado.
Yeda Crusius agora é um cadáver insepulto. Urge que os responsáveis pela sua breve mas arrasadora aventura se apresentem e dêem um fim à sua agonia administrativa. Quem vai comparecer ao seu sepultamento político? Nós sabemos quem são os responsáveis por esse desatino da direita guasca. Mas ainda assim eles precisam se apresentar e fazer as suas necessárias justificações.
Quem sabe começar pelo senador Pedro Simon?
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