segunda-feira, 6 de julho de 2009

Denúncias de ex-aliado atingem governo Yeda Crusius

::

Denúncias encaminhadas pelo empresário Lair Ferst ao Ministério Público Federal, publicadas nesta segunda-feira no jornal Zero Hora, apontam, entre outras coisas, prática de caixa-dois na campanha de 2006, oferta de propina à governadora por envolvidos na fraude do Detran e uso de sobras de campanha para a compra da casa de Yeda Crusius, no final de 2006. Segundo o documento, a casa da governadora foi comprada por R$ 1 milhão, e não por R$ 750 mil, como alega Yeda, e a diferença teria sido coberta com recursos do caixa dois da campanha.

O jornal Zero Hora publicou nesta segunda-feira (6) um documento escrito pelo empresário Lair Ferst com denúncias envolvendo a campanha eleitoral de Yeda Crusius (PSDB), em 2006, e o início do governo tucano no Rio Grande do Sul. O texto escrito por Lair Ferst, que trabalhou na campanha de Yeda, aponta 20 irregularidades envolvendo, entre outras coisas, a prática de caixa dois na campanha eleitoral, a fraude no Detran e a compra da casa da governadora, em dezembro de 2006.

Segundo o relato, a casa da governadora foi comprada por R$ 1 milhão, e não por R$ 750 mil, como alega Yeda, e a diferença teria sido coberta com recursos do caixa dois da campanha da governadora. Lair Ferst diz também que a tucana chamou-o em 2006 para ser um dos coordenadores da campanha eleitoral daquele ano. As denúncias foram entregues ao Ministério Público Federal.

O depoimento de Lair Ferst confirma denúncias feitas no início do ano pelo PSOL e pela representação encaminhada ao MP Federal pelo PT ao final da CPI do Detran. Ele relata doações na campanha em dinheiro vivo e sem recibo das empresas SP Alimentação (100 mil), Magna Engenharia (100 mil), OAS (60 mil) Perkons (40 mil), grupo de empreiteiras que trabalhavam em Canoas durante a gestão Ronchetti, do PSDB (1,1 milhão). Alliance One e CTA (400 mil).

A entrega destes valores teria envolvido, entre outros, os seguintes aliados de Yeda: Chico Fraga (ex-secretário geral da prefeitura de Canoas, durante a gestão de Marcos Ronchetti, do PSDB), Marcelo Cavalcante (ex-chefe do escritório de representação do RS em Brasília, encontrado morto em fevereiro deste ano), Walna Vilarins (assessora direta da governadora) e Aod Cunha (ex-secretário da Fazenda). Lair diz ainda que Rubens Bordini, ex-tesoureiro da campanha e vice-presidente do Banrisul recebeu 170 mil em propina, “provavelmente” no gabinete do presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), João Luiz Vargas.

Sobre a compra da casa da governadora, o documento afirma o seguinte: “O corretor Marcelo Albert relatou a Lair Ferst como foi realizado o negócio da aquisição do imóvel de Yeda e Carlos Crusius (...) Montou R$ 1 milhão sendo R$ 750.000,00 constante do contrato e R$ 250.000,00 pagos em dinheiro vivo por fora, este valor foi efetivado por Yeda e Carlos Crusius. O pagamento em dinheiro vivo, e por fora, foi decisivo para a realização do negócio, segundo ele (...).

Lair também diz que Yeda relatou a ele ter recebido uma oferta de propina de R$ 50 mil de grupos envolvidos com a fraude no Detran. “Ela comentou que não iria aceitar porque achava muito pouco”, assinala ainda. Além disso, confirma ter ouvido de Marcelo Cavalcante que entregou a Yeda uma carta com denúncias sobre irregularidades no governo, o que até hoje é negado pela governadora.

Advogado diz que Lair pode depor em uma CPI
O advogado de Lair Ferst, Lucio de Constantino, disse na manhã desta segunda-feira, em entrevista à rádio Gaúcha, que seu cliente só falará sobre as denúncias contidas no documento publicado em ZH nas devidas instâncias investigatórias, entre elas, uma possível CPI na Assembléia Legislativa. Além disso, destacou a semelhança das denúncias contidas no documento com aquelas feitas por Magda Koenigkan, viúva do ex-chefe do escritório de representação do Rio Grande do Sul, em Brasília, Marcelo Cavalcante. Na semana passada, Magda anunciou que virá a Porto Alegre nos próximos dias para prestar um depoimento na Assembléia Legislativa. Magda afirma ter documentos que comprovariam uma série de irregularidades envolvendo a campanha eleitoral de Yeda e o governo tucano. Segundo ela, o que apareceu até hoje seria só a ponta do iceberg.

As novas revelações aumentam a pressão em favor da instalação da CPI da Corrupção na Assembléia. Faltam apenas duas assinaturas. Agora, há parlamentares citados que devem ter todo o interesse em elucidar as denúncias. Lair Ferst declarou, por exemplo, que “desde o governo Rigotto (PMDB) circulava que os diretores do DAER, o Secretário dos Transportes, à época o deputado Alexandre Postal e o deputado Luiz Fernando Záchia (ambos do PMDB) se beneficiavam de forma irregular destes contratos (com a empresa Perkons, que tem contrato de fornecimento de pardais com o DAER; contratos, aliás, que estão sob investigação pelo Ministério Público de Contas). Cabe lembrar ainda a ameaça feita, semanas atrás, pelo deputado federal Eliseu Padilha (PMDB). Segundo ele, a CPI não sairia na Assembléia porque o nome de muitos deputados poderia aparecer nas investigações.

O Palácio Piratini informou que se pronunciará oficialmente sobre as novas revelações em nota oficial que deverá ser divulgada na tarde desta segunda-feira.

Fonte: Carta Maior

::


Share/Save/Bookmark

Nenhum comentário: