segunda-feira, 3 de março de 2008

Uribe pode provocar crise sem precedente no Continente - por Renato Rovai - fonte: http://www.revistaforum.com.br


Os leitores-colaboradores deste blog estão postando comentários informativos a respeito da morte de Raúl Reyes, considerado o número 2 das Farc. Agradeço e sugiro aos que desejam melhor se informar a respeito que leiam esses comentários. Também peço que aqueles que tiverem dicas de sites ou de leituras sobre o tema que veiculem aqui.


Bem, mas vamos às minhas impressões. Acabo de ler algumas matérias em sites independentes e me impressionou muito a entrevista coletiva dada na noite de ontem pelo presidente do Equador, Rafael Correa. Ele afirma que os guerrilheiros foram assassinados em território equatoriano enquanto dormiam. E que teriam sido utilizadas armas “de última geração na ação, provavelmente de potências estrangeiras”. Correa disse isso após inspeção do local pelo exército do seu país.

Nesta mesma entrevista também afirmou que vai até as últimas conseqüências para evitar “que o território do seu país seja ultrajado novamente”.

Posso deixar alguns colegas estupefatos, mas o que me toca não é a morte de Raúl Reyes. Ele era um guerrilheiro e sabia dos riscos que corria num conflito contra um estado armado pela maior potência bélica do planeta. Eu nunca morreria como Reyes, até porque sou contra a luta armada. Isso faz com que provavelmente venha a morrer de câncer ou num acidente de automóvel. Coisas assim, sem o menor brilho. Tenho certeza que Reyes achava muito mais digno morrer em combate. Aconteceu.

A questão que me chama atenção é outra. Ao matar Reyes, Uribe dá um sinal claro de radicalização. Exatamente num momento em que a guerrilha demonstrava estar disposta a entregar todos os civis seqüestrados. Uribe também sinaliza que não tem o menor interesse na colaboração de governos vizinhos, que estão dispostos a construir pontes de diálogo, como os de Chávez e Côrrea. E mais do que isso, aponta que se considerar necessário vai invadir o território de países fronteiriços.

Para mim está claro que a tática de Uribe é forçar a ampliação do conflito. Ele aposta que isso vai lhe render não só mais apoio externo, principalmente dos EUA, como interno, da mídia e da elite, para mudar a Constituição e disputar o terceiro mandato.

Só um idiota não percebe isso. Uribe vai tentar criar um clima de urgência no país para que sua nova candidatura soe como uma necessidade democrática.

O leitor deste blogue sabe que sou contra um terceiro mandato para Lula. Como também fui contra a possibilidade de reeleição ilimitada para Chávez. Mas se os mesmos que gritam contra isso no Brasil e na Venezuela passarem a defender tal instrumento para Uribe, vou tornar esse blogue um militante da reeleição para Lula. Ao inferno.

Não considero isso bom, ao contrário, acho que pode instalar uma crise sem precedentes na América Latina. Uma crise que leve ao descrédito completo as instituições democráticas. E, arrisco até a dizer, pode levar a uma guerra continental. Quem me garante que se um John McCain vier a ganhar as eleições nos EUA ele não “convenceria” Uribe a forçar uma disputa que levasse seu país a um conflito com Equador e Venezuela, por exemplo. Você acha isso uma loucura? Eu não.

Os EUA não entrariam numa guerra contra Chávez, mas poderiam apoiar Uribe nesse intento. Principalmente para garantir áreas petrolíferas e regiões com grandes reservas de água.

Voltarei ao tema amanhã, vou buscar mais informações. Afinal, hoje é domingo e tem sol em São Paulo, algo raro nesse verão.


Atualizando:
ÀS 17h23 de hoje o Uol publicou a seguinte matéria com destaque:

Chávez envia tanques à fronteira com Colômbia e fecha embaixada

Da Redação*
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, enviou tanques para a fronteira com a Colômbia neste domingo (2), depois que tropas colombianas invadiram o Equador na véspera em uma ofensiva contra rebeldes das Farc.

Chávez também pediu o fechamento da embaixada da Venezuela em Bogotá e a retirada da equipe diplomática, alertando que as ações da Colômbia podem dar início a uma guerra da América do Sul.

"Senhor ministro da Defesa, mova 10 batalhões até a fronteira com a Colômbia, de imediato, batalhões de tanques", disse Chávez durante seu programa semanal de rádio e TV.

O presidente venezuelano disse que falou na manhã desse domingo com o mandatário equatoriano, Rafael Correa. O Equador está "mobilizando tropas para o norte. Correa conta com a Venezuela para o que quer que seja, em qualquer circunstância", assinalou Chávez.

Ou seja, estamos, infelizmente, fazendo a análise certa.

fonte: http://www.revistaforum.com.br


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