Estou assistindo à cobetura ao vivo do Encontro do Grupo do Rio que está sendo transmitida pela Record News e acontece na República Dominicana, em Santo Domingo.
Uribe fez um discurso falacioso tentando conectar às Farc ao governo do Equador e da Venezuela como forma de justificar a invasão patrocinada pelo seu governo ao país vizinho. Disse que só atacou o acampamento das Farc no Equador porque esses estavam no país vizinho, tentando insinuar que o governo de Correa apóia as Farc. Também leu algumas supostas trocas de e-mails de Reyes com Manoel Marulanda, o número 1 do grupo, quando tratavam de questões com os governos do Equador e da Venezuela.
Corrêa deu uma resposta com o seguinte conteúdo ao presidente da Colômbia:
1 – Quem tem que resolver seu problema com as Farc é o governo da Colômbia e não o do Equador.
2 – O governo da Colômbia também tem obrigação de controlar a entrada e saída de suas fronteiras, inclusive, porque trava uma guerra contra um grupo guerrilheiro. O Equador não está em guerra contra ninguém.
3 – E o mais grave: disse que pelo que apurou Raúl Reyes estava no local para libertar Ingrid Bittencourt. E que essa base foi atacada exatamente por conta disso. E que de fato Reyes foi descoberto por conta de um telefonema de negociação, mas não para o presidente Hugo Chávez, como está sendo dito.
Uribe já pediu a palavra para contradizê-lo, mas acho importante agregar a essa fala de Corrêa algumas considerações realizadas no debate do qual participei na noite de ontem, organizado pelo Cebrapaz, e cujos outros dois debatedores foram Altamiro Borges (PCdoB) e Valter Pomar (PT).
Pomar recomendou que todos os ativistas de esquerda no Continente busquem a construção de uma saída pela política nesse confronto. E lembrou que as forças armadas colombianas têm um poder de fogo três vezes maior do que a de Venezuela e Equador juntas.
E que as forças armadas daquele país estão treinadas e combatendo há alguns anos. E que o país teria apoio dos EUA se um conflito viesse a ocorrer.
Também condenou os seqüestros realizados pelas Farc e disse que hoje o grupo conta com pequeno apoio para as suas ações da população de seu país. Também ponderou que não considera uma boa idéia do governo Chávez as operações militares na fronteira com a Colômbia.
Mas fez questão de registrar que o fundamental nessa crise é discutir a invasão do Equador por parte da Colômbia. E que isso deve ser condenado por todos os outros países da América Latina.
Altamiro Borges fez uma crítica direta a Clóvis Rossi que tentou justificar a invasão do Equador com o argumento de que “mas os terroristas estavam lá, né?”. Altamiro lembrou que os EUA apóiam com milhões de dólares a Colômbia para que ela em tese derrote as Farc a mais de 10 anos e que mesmo assim o grupo controla 40% do território do país. “Por que se a Colômbia com o dinheiro e as armas dos EUA não conseguem controlar as Farc o Equador se não descobrir que existem guerrilheiros em seu território pode ser acusado de compactuar com o grupo?” Uma boa pergunta para Rossi.
Algumas outras considerações importantes feitas pelos debatedores e pela platéia que merecem reflexão:
1 - Uribe está em campanha pelo terceiro mandato. Esse ataque guarda relação com isso.
2 - Os republicanos estão em campanha nos EUA e querem alguma guerra para justificar a cantinuidade da política belicista do país. Se for uma guerra próxima, tanto melhor.
3 - Uribe não tem interesse em que as Farc liberte Ingrid Bittencourt a partir de uma negociação internacioanal. Ele prefere Ingrid morta a isso e acha que ela viva pode se tornar uma ameaça ao seu projeto de poder.
4 - O governo Uribe está caçando, por conta disso, os negociadores da Farc, o grupo mais político, e não o grupo mais militar.
5 - O governo da França não se pronunciou contra a ação de Uribe à toa. Sarkozy estava negociando pessoalmente a libertação de Ingrid. E seu interlocutor era Reyes. A ida do grupo de Reyes para o Equador tinha por objetivo libertar a francesa no local. E Sarkozy estava disposto a ir lá para resgatá-la.
Ou seja, essa invasão do Equador não é tão simples como parece.
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres
Em 2010, a Marcha Mundial das Mulheres vai organizar sua terceira ação internacional. Ela será concentrada em dois períodos, de 8 a 18 de março e de 7 a 17 de outubro, e contará com mobilizações de diferentes formatos em vários países do mundo. O primeiro período, que marcará o centenário do Dia Internacional das Mulheres, será de marchas. O segundo, de ações simultâneas, com um ponto de encontro em Sud Kivu, na República Democrática do Congo, expressará a solidariedade internacional entre as mulheres, enfatizando seu papel protagonista na solução de conflitos armados e na reconstrução das relações sociais em suas comunidades, em busca da paz.
O tema das mobilizações de 2010 é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e sua plataforma se baseia em quatro campos de atuação sobre os quais a Marcha Mundial das Mulheres tem se debruçado. Os pontos são: Bem comum e Serviços Públicos, Paz e desmilitarização, Autonomia econômica e Violência contra as mulheres. Cada um desses eixos se desdobra em reivindicações que apontam para a construção de outra realidade para as mulheres em nível mundial.
Estão previstas também atividades artísticas e culturais, caravanas, ações em frente a empresas fabricantes de armamentos e edifícios da ONU, manifestações de apoio às ações da MMM em outros países e campanhas de boicote a produtos de transnacionais associadas à exploração das mulheres e à guerra.
No Brasil
A ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil acontecerá entre os dias 8 e 18 de março e será estruturada no formato de uma marcha, que vai percorrer o trajeto entre as cidades de Campinas e São Paulo. Serão 3 mil mulheres, organizadas em delegações de todos os estados em que a MMM está presente, numa grande atividade de denúncia, reivindicação e formação, que pretende dar visibilidade à luta feminista contra o capitalismo e a favor da solidariedade internacional, além de buscar transformações reais para a vida das mulheres brasileiras.
Serão dez dias de caminhada, em que marcharemos pela manhã e realizaremos atividades de formação durante à tarde. A marcha será o resultado de um grande processo de mobilização dos comitês estaduais da Marcha Mundial das Mulheres, que contribuirá para sua organização e fortalecimento. Pretendemos também estabelecer um processo de diálogo com as mulheres das cidades pelas quais passaremos, promovendo atividades de sensibilização relacionadas à realidade de cada local.
Para participar
A mobilização e organização para a ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil já começou. Entre os dias 15 e 17 de maio, a Marcha realizou um seminário nacional, do qual participaram militantes de 19 estados (AM, AP, AL, BA, CE, DF, GO, MA, MS, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RO, RS e SP), além de mulheres representantes de movimentos parceiros como ANA, ASA, AACC, CONTAG, MOC, MST, CUT, UNE e Movimento das Donas de Casa). Este seminário debateu e definiu as diretrizes da ação de 2010.
Os comitês estaduais da MMM saíram deste encontro com tarefas como arrecadação financeira, seminários e atividades preparatórias de formação e mobilização, na perspectiva de fortalecimento dos próprios comitês e das alianças entre a Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos sociais. Neste momento, estão sendo realizadas plenárias estaduais para a formação das delegações e organização da atividade.
Para participar, entre em contato com a Marcha Mundial das Mulheres em seu estado (no item contatos) ou procure a Secretaria Nacional, no correio eletrônico marchamulheres@sof.org.br ou telefone (11) 3819-3876.
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