Nota:
A Secretaria Especial de Direitos Humanos do Governo Federal está para lançar um curso online gratuito sobre “direitos humanos e mediação popular de conflitos”. O curso será desenvolvido em parceria com o Instituto de Tecnologia Social e será voltado para militantes de movimentos populares, lideranças comunitárias e de pastorais. É a primeira iniciativa em educação a distância sobre esses temas, e esse blog a aplaude. Mediação de conflitos é o que estamos precisando no Brasil, afinal.
Mais informações sobre o curso pelo email: livia@itsbrasil.org.br.
Fonte: Plantados no Chão
Planting Seeds
April 7th, 2008As história relatadas em Plantados no Chão atraíram a atenção de diversos grupos internacionais. Graças à rapidez da internet, textos e artigos sobre o livro foram publicados em inglês, espanhol e o italiano, fazendo com que a denúncia sobre os assassinatos políticos que acontecem ainda hoje no Brasil ressoasse em outros cantos do mundo também. Em agradecimento, listo aqui alguns desses links.
O jornal britânico Independent publicou uma reportagem minha sobre a morte do Guarani-Kaiowa Ortiz Lopes, assassinado em julho do ano passado. A reportagem, entitulada “Brazil’s deadly land wars put indigenous leaders in firing line” (Disputas por terra no Brasil põem os indígenas na linha de fogo), teve uma boa repercussão por aqui no Reino Unido e no Brasil. Como sempre, o que o exterior fala da gente, repercute sempre mais.
http://www.independent.co.uk/news/world/americas/brazils-deadly-land-wars-put-indigenous-leaders-in-firing-line-458330.html
O site Tlaxcala, uma “rede de tradutores pela diversidade lingüística” chamou a atenção para o lançamento do livro para download, e traduziu com muito cuidado o texto introdutório do site do Plantados para o espanhol. O site Tlaxcala em si é muito bacana, com traduções em diversas línguas, e a proposta do movimento de tradutores é fantástica. Vale uma visita.
http://www.tlaxcala.es/pp.asp?lg=es&reference=4750
O conhecido site de esquerda Rebelión, da Espanha, também publicou o mesmo texto traduzido: http://www.rebelión.es/noticia.php?id=64158
O blog MandiocaLele, escrito por um hermano que mora em São Paulo, deu destaque ao lançamento do livro para download. O blog observa, em espanhol: “A posse de terra é um dos problemas mais graves que desse este país. Difícil de resolver. Gera enfrentamento sórdidos e uma espécie de guerra não declarada entre latifundiários e ativistas sociais. O caso de Dorothy Stang foi o detonador da indiferença dos meios de comunicação. Era religiosa, e principalmente era americana. Mas a pressão de sua família deu luz à sequência de ínúmeros descasos da justiça sobre casos similares. Este livro relata alguns poucos, mas icônicos, casos para os meios de comunicação global e alternativos”.
http://mandioca.wordpress.com/2008/03/12/libro-denuncia-sobre-asesinatos-politicos-esta-disponible-en-internet/
Outro blog, do DJ Malungo, também recomendou a leitura do livro ao público lationamericano: “Olá a todos! Hoje comento este livro, “Plantados no Chão”, um livro de uma colega brasileira, Natalia Viana, que fala de crimes políticos, sociais, como se queira chamar – afinal, crimes cometidos com a única finalidade de calar não somente uma pessoa, mas sim todo um movimento, e a causa que eles defendem. Uma compilação de 180 assassinatos cometidos nos últimos 4 anos, ou seja, na era Lula, este homem que chegou à presidência com a ajuda dos movimentos sociais, e mesmo assim os crimes continuam, é uma vergonha que no entanto no Brasil algumas coisas sigam sendo resolvidas a bala. O livro está em brasileiro, suponho que aos colegas espanhóis custará um pouco lê-lo, mas bem, vejamos se eles o publicam em espanhol”.
http://djmalungo.blogspot.com/
O press release sobre o livro foi traduzido para o espanhol pela agência de notícias Adital e reproduzido em diversos sites em espanhol. O texto da Adital: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=ES&cod=31899
E o grupo de esquerda italiano Ya Basta traduziu um artigo que eu publiquei sobre o livro no Correio Caros Amigos, um puxão de orelha no governo Lula. Está em: http://spock.yabasta.it/spip.php?article196
E finalmente, o site America Latina em Movimento, Alainet, disponibilizou o livro para download. Está em: http://alainet.org/active/22213&lang=es
A todos os colegas internacionais, meus agradecimentos.
Por Natalia Viana
Livro e Blog Plantados no Chão:
Sem-terra é assassinado diante da própria família no Paraná
April 4th, 2008Já aconteceu antes – em alguns casos relatados no livro Plantados no Chão, por exemplo – mas nunca deixa de chocar.
Na noite de segunda-feira, 31 de março, dois homens encapuzados invadiram uma casa no assentamento do MST Libertação Camponesa, em Ortigueira, Paraná. Atiraram à queima-roupa contra o sem-terra Eli Dallemole, de 42 anos, diante da mulher e dos três filhos. Segundo o MST, Eli estava sendo ameaçado de morte há mais de dois anos.
As ameaças teriam aumentado depois de um grupo de sem-terra ter sido expulso do acampamento Terra Livre, na fazenda Copramil, também no município de Ortigueira, no dia 8 de março. O terreno de 360 hectares é disputado desde 2006 na justiça. O advogado Adilson Honório de Carvalho, presidente do Sindicato dos Comerciários de Cornélio Procópio, cidade a 325 km de Curitiba, reivindica a posse de um lado, e os sem-terra do outro.
Todas as ameaças haviam sido denunciadas à polícia e à Secretaria Especial de Direitos Humanos do governo federal. Nada foi feito.
Um dia depois do assassinato, cinco suspeitos foram presos, entre eles o próprio Adilson Honório de Carvalho. Além dele, também foram detidos: Genivaldo Carlos de Feitas, 32, o Jango, José Moacir Cordeiro, 35, Odenir Souza Matos, 34, o Zezinho, e Valderi Aparecido Ortiz, 27, o Coquinho – estes últimos apontados como os homens que executaram o crime pela viúva de Eli. Porém, segundo o site Parana Online, o inquérito policial realizado pela delegada do Centro de Operações Policiais Especiais, Vanessa Alice, aponta para crime de “vingança pessoal” em vez de crime político.
Segundo a delegada, Odenir Souza Matos era ex-acampado que estaria trabalhando para o pretenso dono da fazenda. Ele teria tentado convencer os trabalhadores a deixarem a área, mas acabou sendo expulso do acampamento pelos sem-terra. O inquérito foi entregue à Justiça no dia 3 de abril.
Pouco depois do enterro de Eli Dallemole, cerca de 500 sem-terra voltaram a ocupar a fazenda Copramil, montando barracas no local. O MST acusa Adilson Honório de Carvalho de ser o mandante do assassinato. Em nota oficial sobre a morte, o MST exige a punição dos responsáveis e denuncia as “milícias armadas que já estão se tornando corriqueiras no Paraná”.
Fonte: Plantados no Chão
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