Em vez de abandonar o mercado à própria sorte, como seus porta-vozes exigem em períodos de prosperidade, os governos são eternamente admoestados a agir para salvá-lo quando a coisa não vai bem. Foi assim durante todas as crises do capitalismo terráqueo, desde 1930 até agora. O Federal Reserve (o Banco Central dos EUA) acaba de injetar bilhões de dólares na Bear Stearn, instituição financeira atingida pela crise das hipotecas.
Sempre bom lembrar que todas essas intervenções são financiadas por dinheiro público, em decisões tomadas com pouca ou nula participação popular. Nenhum programa de governo poderia incluir “salvar banqueiros arruinados” em suas propostas, sem esconder essa possibilidade sob generalidades óbvias tipo “preservar a estabilidade econômica”.
Quando o cidadão deve para o banco, não há burocratas sugerindo depositar-lhe alguns vinténs para que ele não perca o carro financiado. Quando o mesmo banco vai ao vinagre, alega-se um certo “risco sistêmico”, supostamente ameaçando a paz coletiva.
Os maiores críticos do chamado “assistencialismo” do governo Lula saudaram o famigerado Proer, criado pelo governo FHC para salvar alguns bancos da desgraça falimentar. Foram os mesmos personagens que articularam o fim da CPMF e agora exigem que a União se empenhe no esforço para remediar as conseqüências da epidemia de dengue no Rio de Janeiro.
Curiosamente, esse tipo de intervencionismo não está previsto na cartilha do “Estado mínimo”, que os liberalistas brandem para comprar empresas públicas rentáveis a preço de alfinete, para exigir menor carga tributária ou até para rechaçar os programas de benefícios sociais.
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres
Em 2010, a Marcha Mundial das Mulheres vai organizar sua terceira ação internacional. Ela será concentrada em dois períodos, de 8 a 18 de março e de 7 a 17 de outubro, e contará com mobilizações de diferentes formatos em vários países do mundo. O primeiro período, que marcará o centenário do Dia Internacional das Mulheres, será de marchas. O segundo, de ações simultâneas, com um ponto de encontro em Sud Kivu, na República Democrática do Congo, expressará a solidariedade internacional entre as mulheres, enfatizando seu papel protagonista na solução de conflitos armados e na reconstrução das relações sociais em suas comunidades, em busca da paz.
O tema das mobilizações de 2010 é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e sua plataforma se baseia em quatro campos de atuação sobre os quais a Marcha Mundial das Mulheres tem se debruçado. Os pontos são: Bem comum e Serviços Públicos, Paz e desmilitarização, Autonomia econômica e Violência contra as mulheres. Cada um desses eixos se desdobra em reivindicações que apontam para a construção de outra realidade para as mulheres em nível mundial.
Estão previstas também atividades artísticas e culturais, caravanas, ações em frente a empresas fabricantes de armamentos e edifícios da ONU, manifestações de apoio às ações da MMM em outros países e campanhas de boicote a produtos de transnacionais associadas à exploração das mulheres e à guerra.
No Brasil
A ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil acontecerá entre os dias 8 e 18 de março e será estruturada no formato de uma marcha, que vai percorrer o trajeto entre as cidades de Campinas e São Paulo. Serão 3 mil mulheres, organizadas em delegações de todos os estados em que a MMM está presente, numa grande atividade de denúncia, reivindicação e formação, que pretende dar visibilidade à luta feminista contra o capitalismo e a favor da solidariedade internacional, além de buscar transformações reais para a vida das mulheres brasileiras.
Serão dez dias de caminhada, em que marcharemos pela manhã e realizaremos atividades de formação durante à tarde. A marcha será o resultado de um grande processo de mobilização dos comitês estaduais da Marcha Mundial das Mulheres, que contribuirá para sua organização e fortalecimento. Pretendemos também estabelecer um processo de diálogo com as mulheres das cidades pelas quais passaremos, promovendo atividades de sensibilização relacionadas à realidade de cada local.
Para participar
A mobilização e organização para a ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil já começou. Entre os dias 15 e 17 de maio, a Marcha realizou um seminário nacional, do qual participaram militantes de 19 estados (AM, AP, AL, BA, CE, DF, GO, MA, MS, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RO, RS e SP), além de mulheres representantes de movimentos parceiros como ANA, ASA, AACC, CONTAG, MOC, MST, CUT, UNE e Movimento das Donas de Casa). Este seminário debateu e definiu as diretrizes da ação de 2010.
Os comitês estaduais da MMM saíram deste encontro com tarefas como arrecadação financeira, seminários e atividades preparatórias de formação e mobilização, na perspectiva de fortalecimento dos próprios comitês e das alianças entre a Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos sociais. Neste momento, estão sendo realizadas plenárias estaduais para a formação das delegações e organização da atividade.
Para participar, entre em contato com a Marcha Mundial das Mulheres em seu estado (no item contatos) ou procure a Secretaria Nacional, no correio eletrônico marchamulheres@sof.org.br ou telefone (11) 3819-3876.
Nenhum comentário:
Postar um comentário