quinta-feira, 10 de abril de 2008

O Estado salvador

Em vez de abandonar o mercado à própria sorte, como seus porta-vozes exigem em períodos de prosperidade, os governos são eternamente admoestados a agir para salvá-lo quando a coisa não vai bem. Foi assim durante todas as crises do capitalismo terráqueo, desde 1930 até agora. O Federal Reserve (o Banco Central dos EUA) acaba de injetar bilhões de dólares na Bear Stearn, instituição financeira atingida pela crise das hipotecas.
Sempre bom lembrar que todas essas intervenções são financiadas por dinheiro público, em decisões tomadas com pouca ou nula participação popular. Nenhum programa de governo poderia incluir “salvar banqueiros arruinados” em suas propostas, sem esconder essa possibilidade sob generalidades óbvias tipo “preservar a estabilidade econômica”.
Quando o cidadão deve para o banco, não há burocratas sugerindo depositar-lhe alguns vinténs para que ele não perca o carro financiado. Quando o mesmo banco vai ao vinagre, alega-se um certo “risco sistêmico”, supostamente ameaçando a paz coletiva.
Os maiores críticos do chamado “assistencialismo” do governo Lula saudaram o famigerado Proer, criado pelo governo FHC para salvar alguns bancos da desgraça falimentar. Foram os mesmos personagens que articularam o fim da CPMF e agora exigem que a União se empenhe no esforço para remediar as conseqüências da epidemia de dengue no Rio de Janeiro.
Curiosamente, esse tipo de intervencionismo não está previsto na cartilha do “Estado mínimo”, que os liberalistas brandem para comprar empresas públicas rentáveis a preço de alfinete, para exigir menor carga tributária ou até para rechaçar os programas de benefícios sociais.


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