sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Integração inteligente - por Mauricio Dias - fonte: http://www.cartacapital.com.br

Integração inteligente

Mauricio Dias

Começa a ganhar vida, na quarta-feira 5, a Universidade Federal da Integração Latino-Americana, a Unila, um dos mais importantes projetos do governo Lula, com a posse dos 13 membros da Comissão de Implantação da universidade, presidida pelo sociólogo Hélgio Trindade.

A Unila é uma evolução. A proposta inicial, a Universidade do Mercosul, de caráter supranacional, no modelo da União Européia, esbarrou na resistência dos vizinhos. Eles contribuiriam também para a implantação do projeto. Houve uma reação à força do Brasil e o conseqüente receio do “imperialismo” brasileiro.

Lula bateu o martelo. Queria uma universidade que unisse a América Latina. O governo brasileiro bancaria. A nova proposta foi bem recebida no continente pelos seus propósitos.

A Unila é uma alavanca importante para a integração latino-americana e para o desenvolvimento regional.

Todas as atividades serão baseadas na “pluralidade de questões e enfoques, liberdade de pensamento, pluralismo de idéias”, como destaca o Projeto de Lei enviado há poucos dias ao Congresso Nacional.

A universidade deverá estar concluída em quatro anos. Ficará em Foz do Iguaçu, em terreno de 40 hectares doados pela Hidrelétrica de Itaipu. Tem previsão de abrigar 10 mil alunos nos cursos de graduação, mestrado e doutorado. Serão contratados 500 professores. A metade dos alunos e professores será do Brasil e a outra metade dos países do continente. O ensino será feito em português e espanhol.

A Unila é o projeto mais ousado no setor de educação. Um programa que diferencia o governo Lula. FHC promoveu, depois da ditadura militar, a mercantilização do ensino superior no País. Em razão disso, o País tem 75% de matrículas feitas nas universidades privadas e ocupa o sétimo lugar no ranking dos países nos quais o ensino superior é mais privatizado. Os Estados Unidos estão em 20º lugar.

A diferença de Lula, que, a rigor, não estancou a privatização, é a promoção da interiorização das universidades federais. O governo já criou 12 universidades públicas e espalhou pelo País mais de 60 campi das universidades públicas existentes.

O entusiasmo fez o sociólogo Hélgio Trindade mergulhar de cabeça no projeto da Unila. A integração do Mercosul, ele acredita, se fará pela economia, sim. Pela política também. Mas “principalmente” pelo conhecimento que a geração de estudantes da Unila vai propagar.


Luzes sobre o golpe no Chile

O historiador Moniz Bandeira vai marcar o próximo dia 11 de setembro, data do golpe militar, em 1973, no Chile, com chumbo pesado.

Os Estados Unidos, principalmente, e o Brasil, secundariamente, são alvos do livro Fórmula para o Caos. 11 de Setembro de 1973: o Terror no Chile, que estuda as causas internas e externas da deposição do presidente Salvador Allende.

Segundo Moniz Bandeira, o golpe foi marcado para 11 de setembro para coincidir com a esquadra americana nas proximidades das águas chilenas, a pretexto das manobras de treinamento da Operação Unitas XIV. Havia uma expectativa de guerra civil. Os marines desembarcariam com o propósito de “salvar vidas americanas”.

A expressão “fórmula para o caos” foi usada por Henry Heckscher, chefe da CIA em Santiago. Designa o conjunto de operações encobertas para impedir a posse de Allende e, depois, para a deposição dele.

O livro, com lançamento simultâneo no Brasil, na Argentina e no Chile, apresenta farta e inédita documentação dos arquivos do Centro de Informações do Exército (Ciex), do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) e os papéis do Itamaraty.

A participação do Brasil só é mais efetiva após a consumação do golpe. Além de ter sido o primeiro país a reconhecer a junta militar chilena, mandou para lá militares e policiais e abriu o caixa do Banco do Brasil, com uma linha de crédito de 200 milhões de dólares.

Os ditadores se uniram sob as bênçãos do Tio Sam.


Aqui e lá
Acostumado a traduzir os humores eleitorais da sociedade brasileira, o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, arrisca uma avaliação sobre a sociedade americana e o democrata Barack Obama.

“Ganhe ou perca, será vítima do preconceito. Ele é o Lula americano”, afirma.

Obama pela cor da pele. Lula pela origem social.

fonte: http://www.cartacapital.com.br
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