Nós e a transição cubana (20/02)
A decisão de Fidel Castro de renunciar às funções de estado em Cuba não marca apenas o início de uma transição política. É também a conclusão de uma etapa de passagem de poder. O projeto cubano é migrar para um modelo político mais partidário e menos pessoal. Um sistema implantado na China e que funciona bem na futura maior potência planetária. Por isso, é impreciso dizer que Fidel passou o poder a seu irmão. Raúl não é Fidel. Fidel trasmitiu o poder foi ao Partido Comunista de Cuba. Será que o o partido conseguirá mantê-lo -ou manter-se como a força política dominante? Dependerá, fundamentalmente, de duas coisas. Em primeiro lugar, de alcançar taxas de crescimento econômico que ofereçam ao cidadão comum perspectivas concretas de prosperidade. Em segundo, de os comunistas cubanos ficarem unidos e encontrarem um mecanismo político-institucional que permita a possibilidade de alternância e disputa. O Partido Comunista da China vem obtendo sucesso nos dois quesitos. Já o Partido Comunista da União Soviética fracassou em ambos. Como resultado desse fracasso, a mesma Rússia que acreditou no canto de sereia americano e europeu é hoje um país cercado e pressionado pela área de influência dos Estados Unidos e da Alemanha. Vide Kosovo. Por que -insisto nisto- a "comunidade internacional" não estimula também o separatismo basco, catalão ou flamengo? Por que tampouco se une para garantir uma pátria aos curdos? Mas esse assunto (o cinismo e a questão nacional na era do imperialismo) já foi discutido aqui à exaustão (leia A teoria unificadora, A morte de Milosevic e o duplipensar ocidental e O Versailles sérvio e a balcanização do Iraque). Este post é sobre Cuba. Os Estados Unidos (pelo menos se continuarem governados pelos republicanos) vão manter o embargo contra Cuba até que Cuba se transforme num satélite político-militar dos Estados Unidos. Uma espécie de Kosovo do Caribe. O bloqueio americano contra Havana nada tem a ver com a democracia. Fosse assim, os Estados Unidos romperiam relações diplomáticas coma China Popular e decretariam um bloqueio econômico ao país asiático. O problema é que sem a China a financiar a gastança americana os Estados Unidos teriam mais dificuldades ainda para se manter como a única superpotência militar do planeta. Na falta de coragem para confrontar os chineses, Washington contenta-se em ficar arrumando confusão com Hugo Chávez. Greta Garbo, quem diria?, acabou no Irajá. Aliás, tenho uma sugestão aos papagaios nativos. Peçam o boicote brasileiro à Olimpíada de Pequim (eu não consido chamar de Beijing) e o isolamento da China até que os chineses se rendam ao Ocidente. De volta à vaca fria, o que interessa ao Brasil no tema cubano? Nosso objetivo deve ser uma América Latina integrada econômica e politicamente. Interessa-nos a formação de um mercado regional que nos permita exercitar a soberania na era do imperialismo. Já tivemos a oportunidade de fazer o papel de colônia portuguesa, inglesa e americana. Está na hora de levantar a cabeça e compreender que podemos ser um grande país, soberano e próspero. Um líder regional e global. Temos toda a base material para isso. Faltou-nos, historicamente, uma elite dominante que tivesse ambições proporcionais ao potencial da nação. Paciência. Com a democracia, o povo vêm construindo progressivamente esse protagonismo, ocupando esse espaço. Não interessa ao Brasil que Cuba se transforme em mais um entreposto americano no Caribe. Devemos aproveitar as afinidades políticas e trabalhar pela integração de Cuba na América Latina. Ajudando a impulsonar a prosperidade do país e de seus habitantes. O que, naturalmente, fará avançar as conquistas democráticas na ilha.por Alon Feuerwerker - fonte: http://blogdoalon.blogspot.com/
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