sábado, 31 de maio de 2008

Ex-porta-voz publica livro arrasador contra Bush

Scott McClellan, ex-assessor de imprensa de George W. Bush por quase uma década, escreveu em seu novo livro de memórias que a guerra no Iraque foi vendida à população dos EUA apoiada em um forte aparato de campanha, com o objetivo de "manipular as fontes de opinião pública" para "esconder o motivo principal de entrar em guerra", informaram alguns dos principais sites de notícias americanos na última quarta-feira (28).

O livro de McClellan, que foi secretário da imprensa da Casa Branca entre 2003 e 2006 e cuja carreira política é ligada ao passado de Bush ainda no Texas, conforme informa o New York Times, é intitulado "What Happened: Inside the Bush White House and Washington's Culture of Deception" ("O que aconteceu: por dentro da Casa Branca de Bush e a Cultura da Ilusão de Washington", em tradução livre) e não poupa críticas a assessores de primeiro escalão do presidente Bush.

Já a secretária de Estado Condoleezza Rice, descreve McClellan em suas memórias, era bastante preocupada em sempre "manter as mãos limpas". O próprio Bush, segundo o Washington Post, é descrito como um fantoche que se "precipitou" em uma guerra inútil no Iraque, porém inteligente o suficiente para o cargo.

McClellan, de 40 anos, considera que o povo americano já concluiu "que a decisão de invadir o Iraque foi uma grande falha estratégica". "Ninguém pode saber com certeza como essa guerra será julgada dentro de algumas décadas, quando poderemos compreender verdadeiramente seu impacto. O que digo é que a guerra deve ser travada somente quando ela é necessária, e a do Iraque não era," ressalta o autor.

Ele aponta as baterias também contra o antigo conselheiro de Bush Karl Rove e o chefe da equipe do vice-presidente Cheney, Lewis "Scooter Libby," denunciando os dois por terem ludibriado a assessoria de imprensa do governo, por terem tentado esconder do país os papéis que desempenharam no escândalo da divulgação da verdadeira identidade da ex-agente da CIA, Valerie Plame.

McClellan, nascido no Texas de uma família muito politizada, começou a trabalhar para Bush quando o atual presidente era governador desse estado. Também foi porta-voz da campanha presidencial de Bush em 2000, e secretário adjunto de imprensa da Casa Branca entre janeiro de 2001 e julho de 2003, quando se tornou o principal porta-voz da Presidência.

Renunciou — ou foi destituído — em abril de 2006 e deixou suas funções um mês depois, quando surgiu o escândalo Valerie Plame, esposa de um crítico da guerra do Iraque, o diplomata Joseph Wilson.

Fonte: Vermelho


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Campanha da FreePress (EUA), a partir do livro de McClellan, lançado lá, há dois dias.


por Caia Fittipaldi

Nós, pelo menos, já sabemos da história deste livro, desde o primeiro momento.

Eu não leio jornais brasileiros, nem assisto à televisão brasileira. Então estou sem saber se o negócio foi noticiado aqui.
Foi? (Quem puder mandar, mande, por favor, o que tenha sido publicado no Brasil sobre este assunto deste livro.)

E o caso do livro também estava, ontem, na TV francesa, na BBC, na Al-Jazeera, na televisão da Costa do Marfim e no "Direto da Redação" -- o jornal eletrônico do Eliakim de Araújo, que trabalha em Miami, e na televisão espanhola e na televisão australiana. Nestes, eu vi com meus próprios olhos e ouvi com meus ouvidos. Estava também na televisão coreana e na televisão japonesa -- mas nesses casos só vi com meus próprios olhos e não entendi nada, mas o livro, sim, eu vi, e tava lá.


Mando aí, então, a campanha que os ativistas do FreePress já estão fazendo, contra os DES-jornalões de propaganda de DES-democratização que, nos EUA, ajudaram a inventar a invasão do Iraque -- o que está contado, nos mínimos detalhes, no livro do McClellan.

Eles estão mandando cartas aos congressistas, dizendo que "não desistiremos, até que todos os jornalistas que foram comandados pela 'comunicação' da Casa Branca sejam denunciados e demitidos".

Seria uma boa campanha pra fazer aqui, dirigida à 'comunicação' do governo Serra-erra-erra e à 'comunicação' do governo Aécio. Mas, p'ra isto, teríamos de depender menos, na blogosfera, de outros jornalistas.

No Brasil, em matéria de combater os DES-jornalões, os DES-jornalistas e o DES-jornalismos, estamos em posição semelhante à que estaríamos se, para exigir mais vacinas, dependêssemos da solidariedade do micróbio.

O exemplo mais espantoso de o quanto o jornalismo de democratização é sitiado, no Brasil, pelo 'jornalismo' padrão-Globo, padrão-Veja, padrão-Estadão, padrão-FSP, é que temos um ministério da comunicação social que nada comunica a nenhuma sociedade (porque é ministério JORNALÍSTICO à moda padrão-Globo e, em matéria de jornalismo, só conhece o jornalismo padrão-Globo).

Fonte: Blog do Bourdoukan

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VENDA DA NOSSA CAIXA VAI ACABAR COM O ENGARRAFAMENTO

Edson Lobão, Ministro das Minas: que acordo é esse que ninguém ficou sabendo?

por Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 1145

Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
“Ele (Serra) é sem escrúpulo, passa por cima da mãe”.
De Ciro Gomes, numa sabatina na Folha

. O Estadão de hoje, 28 de maio, publica, de Brasília, “reportagem” que o Presidente eleito José Serra subscreveria com entusiasmo. (clique aqui para ler )

. A “reportagem”, de Brasília, demonstra que a venda da Nossa Caixa interessa ao Governo Federal, sobretudo, e, subsidiariamente, ao presidente eleito. Claro, porque o presidente eleito pensa, antes de tudo, no Governo Federal.

. Até aí, nada de novo.

. A grande novidade é que a “reportagem”, de Brasília, revela que houve um acordo escuso entre o presidente eleito e o presidente provisoriamente em exercício, Luiz Inácio Lula da Silva.

. A negociata significaria que o Governo de São Paulo pede a Nossa Caixa ao Governo Federal e o Governo Federal, constrangidamente, na calada da noite, em desrespeito à legislação vigente, reafirmada há pouco tempo, renova as concessões das usinas da Cesp.

. E, com isso, o presidente eleito, depois de vender a Nossa Caixa, vende a Cesp.

. Quer dizer, então, que o Ministério das Minas e Energia só não renovou as concessões das usinas da Cesp porque o Governo de São Paulo não ofereceu uma “vantagenzinha”, como essa, de o Banco do Brasil passar a mão na Nossa Caixa.

. Quer dizer, então, que o presidente eleito, José Serra, segundo a “reportagem”, de Brasília, se livra do pejorativo “privatizante” porque vai vender a Nossa Caixa ao Banco do Brasil, mas ninguém ousará chamá-lo de “privatizante” quando privatizar a Cesp.

. Só acredita nisso quem quiser.

. A “reportagem”, de Brasília”, pode ter sido outro exercício do presidente eleito de valer-se do PiG para escapar da pergunta fatal feita pelo presidente do Bradesco, Marcio Cypriano: “Se o Serra quer o melhor preço, por que ele não faz um leilão ?”

. A pergunta, porém, contém um equívoco: Serra não quer o melhor preço. Serra quer o melhor preço mais rápido.

. Chega-se a conclusão de que a venda da Nossa Caixa vai acabar com o engarrafamento em São Paulo, com a corrupção na Polícia, com a corrupção no Metrô, vai revelar quem matou o Coronel José Hermínio e fazer com que todos os alunos das escolas públicas de São Paulo passem com nota 10.

Leia também:

Serra precisa da Nossa Caixa para tomar posse em 2010

Fonte: Conversa Afiada
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ROUBALHEIRA NO RIO GRANDE DO SUL É DOS TUCANOS


por Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 1146


Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

O Conversa Afiada já demonstrou que a conta da corrupção dos tucanos começa a chegar. (clique aqui para ler).

O Ministério Público Federal, no Rio Grande do Sul, pediu indiciamento dos acusados de fraudar o sistema de concessão de carteira de habilitação no Rio Grande do Sul. (clique aqui para ler na Folha (*)

. A pequena nota da Folha ignora dois fatos importantes: o esquema estava indissoluvelmente ligado à caixa do PSDB no Rio Grande do Sul.

. Era uma ligação tão íntima quanto a de Ricardo Sérgio de Oliveira com as campanhas de Fernando Henrique Cardoso e José Serra.

. A segunda circunstância que a Folha ignora é que há uma acusação grave de que a Governadora Yeda Crusius não tomou as providências que deveria tomar, quando soube que herdara de Germano Rigotto aquela “usina de roubalheira”.

. Se o escândalo tivesse estourado no colo do Governador Olívio Dutra, a fúria do PiG e da Folha teria tido de intensidade diferente.

(*) Instigado pelo Azenha – clique aqui para ir ao Viomundo – acabei de ler o excelente livro “Cães de Guarda – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1989”, de Beatriz Kushnir, Boitempo Editorial, que trata das relações especiais da Folha (e a Folha da Tarde) com a repressão dos anos militares. Octavio Frias Filho, publisher da Folha (da Tarde), não quis dar entrevista a Kushnir.

Fonte: Conversa Afiada
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CÉLULAS-TRONCO: ANATOMIA DO VOTO DE MENDES

Voto de Mendes foi para confundir e não para esclarecer.

por Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 1147

. O Presidente Gilmar Mendes (provisoriamente no exercício da Presidência do Supremo Tribunal Federal) voltou sobre a constitucionalidade das pesquisas com células-tronco embrionárias de forma que merece análise.

. O Presidente (do Supremo) não precisava votar.

. A maioria de 6 votos já garantia a constitucionalidade da Lei de Biossegurança.


. Por que votar o Presidente?

. O que revela o seu voto?

. É o que o Conversa Afiada tenta responder.

. O Presidente votou, primeiro, para prestigiar a sua tese de que o Supremo – ou ele, o Presidente – é o Legislativo.

. O Presidente fez uma longa peroração inicial para explicar que, por ele, fecha-se o Legislativo e ele – o Presidente – legisla.

. O Supremo é “a casa do povo” – disse o Presidente.

. (Pensava que era o Congresso...)

. O Supremo é um “espaço democrático”.

. O Supremo é mais “idealista” que o Legislativo – disse o Presidente.

. Porque o Legislativo é escravo das “emoções” – e o Supremo é a instância da “racionalidade”.

. O Legislativo – disse o Presidente – se submete às relações de poder – o Supremo, não!

. (O Supremo se submete ao PiG, disse o Ministro Lewandowski)

. O Supremo – diz o Presidente – é a instância de “reflexão”.

. O Supremo, portanto, segundo seu Presidente, é sede da “República” de Platão.

. Desde Atenas que filósofos e idealistas tentam construir a “República” de Platão – sem sucesso.

. O próprio Platão, quando se transformou em marqueteiro e tentou vender sua “República” a um rei, saiu fugido, antes que sua cabeça fosse separada do pescoço.

. O Presidente (do Supremo) transformou os onze ministros do Supremo em reis filósofos – ele, é claro, no papel de Péricles.

. Estabelecido que ele, Mendes, é o Legislativo, ele, o Presidente, passou a examinar a questão em pauta; a Lei de Biossegurança é constitucional ou não.

. Aí, o voto desnecessário do Presidente – que, antes de ser lido já estava em minoria – se prestou a tentar provocar uma reviravolta, no tapetão.

. Mendes, é claro, achou a lei proveniente do Legislativo uma irremediável porcaria.

. Por que não uma Central Única – uma CUT – para garantir que os cientistas brasileiros – um conjunto de néscios e /ou de Franksteins – respeitassem padrões éticos?

. “A manipulação genética existe exige nova ética.” – disse o Conselheiro Acácio, que ocupa a Presidência do Supremo.

. “A Lei brasileira é insuficiente.” – bradou.

. “Precisamos de um Comitê Central de Ética.” – exigiu o Presidente.

. Temos que copiar a Alemanha! E a Espanha!

. Tratava-se de irremediável tolice.

. Foi o que provou o Ministro Cezar Peluso, que tomou a palavra em seguida.

. A Legislação brasileira – exemplar, orgulho dos brasileiros que não são candidatos a Presidente da República – confere a duas respeitáveis instituições a tarefa de zelas pela “nova ética”.

. Lembrou o Ministro Peluso que o Conselho Nacional de Saúde e o Comitê Nacional de Ética têm exatamente essa função.

. A função de autorizar, dar normas, proibir e interromper pesquisas e, até, aprovar o nome dos pesquisadores que trabalhem em pesquisas de células-tronco embrionárias.

. O Conselho é o “órgão último do sistema” – disse o Ministro Peluso.

. O Brasil não precisa de uma CUT genética.

. O que entender, então, do voto do Presidente Mendes ?

. Hipótese 1: ele deu um voto inepto, porque de novo ignorou a lei brasileira sobre a matéria.

. Ele entende muito de Alemanha, mas nada de Brasil – é o que se entende da declaração do Ministro Peluso!

. Ou, hipótese 2: o Ministro- Presidente (do Supremo) quis ganhar no tapetão.

. Os votos da minoria – minoria de 5 contra 6, é bom lembrar, sempre – eram ambíguos.

. Falavam que a Lei da Biossegurança é constitucional, MAS, MAS, falta isso, falta aquilo.

. E já no noticiário da véspera, o PiG – que não costuma entender nenhuma questão um pouco mais complexa – ficou em dúvida: a lei é constitucional, mas só pode ser aplicada se atender às solicitações dos Ministros que compõem a minoria?

. Dúvida cruel.

. Dúvida que só aumentou com o voto do Presidente (do Supremo): quer dizer que a lei só vale se houver a Central Única – a do Ministro e, não, a que já existe?

. Como é que fica?

. O Presidente Mendes instaurou o caos – porque é o Presidente e porque foi o último a votar.

. Até que se ouviu a voz da luz e da razão.

. Do Ministro Celso de Mello.

. A MAIORIA de 6 votos decidiu que a lei é constitucional e basta – disse Mello.

. Não tem mais nem meio mais.

. O Supremo NÃO é Legislativo nem o Executivo – disse Mello.

. Se o Legislativo e o Executivo quiserem ler e dar atenção às sugestões dos Ministros da MINORIA, isso é decisão deles – disse Mello.

. O papel do Supremo era julgar a constitucionalidade da lei e a MAIORIA decidiu que a lei é constitucional.

. O Presidente Mendes recolheu o tapetão e proclamou a vontade da MAIORIA.

. Em tempo 1: o voto do Ministro Carlos Alberto Direito – responsável pelo atraso na votação – é uma obra prima de obscurantismo. Como diz a cientista Lygia Pereira (clique aqui para ler ), as opções “científicas” que ele ofereceu significariam, na verdade, o fim das pesquisas, mais ortodoxo que o católico autor da Adin – o ex-procurador Cláudio Fonteles –, Direito deu uma no cravo e outra na ferradura – ficava bem na foto, porque se disse a favor da pesquisa – e ao mesmo tempo a tornava inviável. O Ministro Direito tem a “Opus Dei” nas suas células-tronco.

. Em tempo 2: Ministros do Supremo agora pensam que são renomados cientistas, teólogos ou filósofos. Ministro do Supremo julga a constitucionalidade de leis. Quem discute a origem e o fim da vida é teólogo e filósofo.

. Em tempo 3: O Jornal da Globo, como sempre, esteve tão perto do que aconteceu na sessão do Supremo quanto William Waack está de Marte. O repórter Heraldo Pereira informou que o momento “Fiat Lux” da sessão foi o voto do Ministro (?) Marco Aurélio Mello. E reproduziu um truísmo enfadado do Ministro (?) Mello. É assim que se faz uma fonte. E se dá notoriedade a quem não merece.

. Em tempo 4: A TV Justiça é um câncer. Os “repórteres” não sabem do que falam. As “reportagens” são inúteis. A TV Justiça só serve para transformar Ministros da Corte Suprema em estrelas de tevê. Alguém já viu uma câmera aberta na Corte Suprema da Inglaterra ou dos Estados Unidos? A TV Justiça é outra contribuição brasileira à civilização ocidental.

Fonte: Conversa Afiada
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Pobreza: Mal que cresce em abudância

PARADOXO GLOBAL

Pobreza: Mal que cresce em abudância

A produção mundial nunca foi tão extraordinária: no ano passado chegou à marca dos US$ 50 bilhões. Paradoxalmente, a pobreza mundial está aumentando. Quase um bilhão de pessoas vivem com menos de um dólar por dia, e 800 milhões vão para a cama todas as noites com fome.

HIROXIMA – A pobreza mundial aumenta, paradoxalmente, em um dos momentos mais prósperos da história da humanidade. Kul Chandra Gautam, ex-assistente do secretário-geral da Organização das Nações Unidas e vice-diretor-executivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) disse que a produção mundial nunca foi tão extraordinária: no ano passado chegou à marca dos US$ 50 bilhões. Neste tempo de prosperidade global sem precedentes, na qual alguém se converte em milionário a cada dois dias, “temos uma situação contrastante em que quase um bilhão de pessoas vivem com menos de um dólar por dia, e 800 milhões vão para a cama todas as noites com fome”, acrescentou.

Segundo a revista de negócios norte-americana Forbes, o número de multimilionários no mundo chegou a 1.125 este ano, um espetacular salto em relação a 2007, quando havia 179. Estes não vivem apenas em países ricos como Alemanha, Estados Unidos e Japão, mas também em nações do Sul em desenvolvimento, como Brasil, Belize, China, Egito, Índia, Indonésia, Malásia, México, Nigéria e Venezuela.

Ao falar no terceiro fórum da Rede Global de Religiões a Favor da Infância (GNRC), que terminou ontem na cidade japonesa de Hiroxima, Gautam disse que por culpa da pobreza quase 10 milhões de meninos e meninas morrem por ano de causas que podem ser prevenidas. “É a pobreza que impede 93 milhões de menores irem à escola primaria, na maioria meninas, e é a pobreza que arrasta milhões de crianças ao trabalho infantil, no geral em circunstâncias perigosas, quando deveriam estar estudando”, acrescentou. O drástico aumento nos preços dos alimentos e do petróleo agravou a situação dos pobres e, “como é comum, as crianças são as principais vitimas”, disse à IPS.

A Fundação Arigatou, do Japão, organizadora do Fórum de Hiroxima, está convencida de que é a hora de as instituições religiosas e todos os que professam uma fé se unirem na luta mundial contra o sofrimento das crianças. Desde sua criação, em maio de 2000, a GNRC emergiu como uma importante aliança de organizações e pessoas comprometidas com o diálogo e a ação inter-religiosa destinada a melhorar a situação da infância. Um dos temas do Fórum de Hiroxima foi “o imperativo ético de garantir que nenhuma criança viva na pobreza”. A ONU estima que mais de 600 milhões de meninas e meninos vivem em absoluta pobreza.

A redução em 50% da extrema pobreza até 2015, em relação aos índices de 1990, é um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Mas, A. T. Ariyaratne, fundador e presidente do Movimento Sarvodaya, um dos grupos de base do Sri Lanka de maior êxito, duvida que se possa alcançar essa meta. “A pobreza e a impotência seguem de mãos dadas, tanto no nível político quanto no econômico”, afirmou. Na maioria dos países em desenvolvimento, a brecha entre ricos e pobres continua aumentando dia a dia.

Ariyaratne qualificou de mentiras estatísticas divulgadas por alguns governos que fortalecem o argumento de que a pobreza está diminuindo em determinadas nações. “Conheci líderes políticos, inclusive em nível de gabinete, que nem mesmo sabem quais são os Objetivos do Milênio”, disse à IPS. Kojun Handa, sacerdote-supremo da escola tendai do budismo, condenou as “profundas disparidades econômicas”, pelas quais muitas crianças são privadas de suas necessidades básicas, incluindo comida e educação. “Ao mesmo tempo, se olharmos as consideradas nações avançadas, incluindo o Japão, vemos uma ênfase constante na riqueza material excessiva”, ressaltou.

Entretanto, Gautam citou Jim Grant, ex-diretor-executivo do Unicef, segundo o qual houve mais progressos para a infância nos últimos 50 anos do que, talvez, nos últimos 500. Apenas na Ásia, mais de um bilhão de pessoas foram tiradas da pobreza na última metade de século, das quais 400 milhões estão na China. A Índia está seguindo rapidamente uma tendência semelhante. A Coréia do Sul teve um aumento de sua renda anual por habitante de US$ 100 para US$ 17 mil. No final do ano passado, o Unicef informou que pela primeira vez desde que começaram os registros, o número anual de mortes infantis caiu para menos de 10 milhões. Isto representa uma redução de 60% da taxa de mortalidade entre crianças desde 1960.

“Este é um testemunho extraordinário do contínuo progresso na sobrevivência infantil e o êxito de muitas intervenções de saúde”, disse Gautam. A varíola, que costumava matar cinco milhões de pessoas por ano na década de 50, foi erradicada. A poliomielite também está prestes a ser derrotada. O número de vítimas de sarampo, uma das principais causas de morte infantil, diminuiu 90% na África nos últimos sete anos. Por outro lado, “há mais meninos e meninas hoje na escola do que nunca, e a disparidade de gênero está diminuindo rapidamente em nível de educação primaria”, acrescentou.

Fonte: Agência Carta Maior
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Nasce a Unasur

por Elaine Tavares

É largo o tempo que separa estes dias da atribulada época das guerras de libertação. Mas, num certo sentido, como se fosse possível viver um desses “buracos de minhoca”, que cria um túnel no tempo e espaço, eis que nossa geração se aproxima da de Bolívar, San Martin, Miranda, Sucre, Manuela Saenz e tantas outras figuras que sonharam e caminharam na direção de uma Pátria Grande. Nasce, enfim, depois de longas tratativas feitas a partir do venezuelano Hugo Chávez, a Unasur. É um passo a mais no rumo daquela idéia grandiosa de uma federação de nações, tal como propôs Bolívar no Congresso Anfictiônico do Panamá em 1826.

A idéia de uma União das Nações Sul-americanas começou a se desenhar no ano de 2006, na Cúpula de Cochabamba, a partir da proposta de Chávez de se fazer uma integração energética. Depois, nos sucessivos encontros que envolveram os presidentes dos diversos países da América do Sul, a proposta foi tomando corpo até culminar, na última semana, na assinatura do acordo. Agora, os 12 países da América do Sul formam um único bloco e assim deverão discutir e negociar com os Estados Unidos, com a União Européia, e outros países do mundo.

Chegar a esse ponto não foi coisa fácil, principalmente em tempos em que o governo da Colômbia tem fomentado vários atritos com Venezuela e Equador. Mas, ainda que todos esses conflitos não tenham sido totalmente superados, a proposta vai se solidificando. Resta saber se a idéia de integração vai ultrapassar a lógica redutora do comércio. É bom lembrar que, para isso, o presidente Chávez também já anunciou propostas como a Alternativa Bolivariana para as Américas, que busca uma cooperação em todos os campos. Coisas para serem alcançadas.

Além disso, o presidente do Brasil, Lula, jogou a idéia de um Conselho de Defesa, fora dos domínios dos Estados Unidos, no que já foi imediatamente retrucado pelo presidente Álvaro Uribe, da Colômbia, conhecido gerente dos interesses estadunidenses na América do Sul. Ter uma América do Sul integrada no campo militar vai além de qualquer possibilidade para estes que só sabem pensar com a cabeça alheia. Ainda assim, Lula acredita que pode convencê-lo num curto prazo. Resta esperar para ver.

Na avaliação da professora Guadelupe Bertussi, da Universidade Pedagógica Nacional, do México, a proposta da Unasur é um passo bem diferente de tudo o que já foi pensado até agora, desde o Pacto Andino ou do Mercosul. “É um avanço e uma boa novidade ainda que traga com ela também uma debilidade. Ou seja, sendo uma iniciativa desta envergadura, em que a América do Sul aparece como um bloco com voz própria, está também muito exposta ao ataque depredador das políticas dos Estados Unidos que sempre nos consideraram o pátio traseiro da casa branca. Sem dúvida, eles farão de tudo para debilitar e impedir a pronta e eficiente ação da Unasur”.

O certo é que muita água ainda vai rolar por baixo deste moinho e muito longe ainda se está do sonho de Tupac Amaru e Tupac Catari, que, muito mais do que uma liga de nações, queriam um território verdadeiramente livre e soberano. Por isso morreram. Mas, quem duvida que outro “buraco de minhoca” não possa acontecer e desde os vacilantes passos de uma Unasur, não se possa chegar à mítica Abya Yala, a terra do esplendor. Nada que a luta renhida dos povos desta parte do continente não possa lograr.

Elaine Tavares é jornalista no IELA.

Fonte: Caros Amigos
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Como nascem as notícias - o dia-a-dia de um "gerenciador de crises".

Em 2005, veio a público o escândalo do chamado mensalão. A avalanche de denúncias criou um clima de indiganação e pessimismo na população. O oba-oba da mídia grande fez pipocar diariamente o tema corrupção nas manchetes dos jornais. A opinião pública, levada por esse jogo mídiatico, criticou as atitudes do presidente Lula, um dos principais alvos. A redação de Caros Amigos decidiu, então, lançar uma edição especial Corrupção – Somos todos desonestos? (setembro de 2005). A repórter Marina Amaral acompanhou a rotina de um “gerenciador de crises” e revelou o submundo do nascimento de notícias na grande mídia. Uma reportagem que arrancou elogios da filósofa Marilena Chauí, pela descrição desse universo, que existe e o leitor não vê.

Bairro de elite de uma grande cidade brasileira. Convite para almoço. O apartamento, decorado com obras de arte verdadeiras, é sofisticado e aconchegante, como a mesa farta a cargo da cozinheira com muitos anos de casa. A conversa não fica atrás: o assunto é política, temperada com sexo, dinheiro, negócios escusos, traição. Basta lançar o nome de um rico ou poderoso no ar e a ficha vem no ato: “Fulano? Esse começou a vida em tal lugar etc. e tal”.

Nosso homem respira e transpira informação. “Tudo em off”, ele avisa no começo da conversa, condição de sobrevivência para o tipo de trabalho que faz. Sua especialidade: “Gerenciador de crises, assessor de imprensa, lobista”, diz, o que na prática significa produzir notícias do interesse de seus clientes, políticos e empresários (às vezes representados por escritórios de advocacia ou agências de publicidade) que buscam projeção ou reversão de prejuízos causados por denúncias na mídia.

Ele explica que a função do lobista que atua na imprensa é influenciar jornalistas à imagem e semelhança dos lobistas contratados para trabalhar no Congresso, esses com a missão de “sensibilizar” parlamentares. Também há pontos comuns entre seu trabalho e o do assessor de imprensa convencional, a principal diferença está no modo como atua: em vez de mandar releases e disparar telefonemas burocráticos, o lobista da comunicação se converte em “fonte” dos jornalistas, oferecendo notícias, dando a “ficha” de personalidades emergentes na imprensa, repassando as últimas sobre o assunto em voga. A reputação de homem bem-informado que sempre tem algo a oferecer aos jornalistas é a alma do negócio.

Gerenciador de crises, assessor de imprensa, lobista”, diz, o que na prática significa produzir notícias do interesse de seus clientes, políticos e empresários.

“Toda fonte é lobista e todo lobby envolve dinheiro”, afirma, referindo-se aos que, como ele, são consultados diariamente pelos jornalistas e colunistas em busca de novidade. “A fonte passa informações porque é a melhor maneira de interferir nas notícias, esteja ela a serviço dos interesses de seus clientes ou de seus próprios negócios. Os maiores lobistas são os políticos. Os senadores Jorge Bornhausen e Antônio Carlos Magalhães, por exemplo, que estão entre as grandes fontes dos jornalistas políticos brasileiros, têm interesses empresariais, não apenas políticos. O Bornhausen é lobista da Febraban, o ACM defende suas empreiteiras, suas construtoras.”

“E os jornalistas confiam no que eles dizem?” Ele dá sua explicação: “A informação é a moeda de troca com o jornalista. A fonte não pode mentir nem passar notícias não comprovadas sem deixar claro que não tem certeza do que está dizendo, e o jornalista jamais pode revelar a fonte. É uma relação de confiança mútua. Há coisas que não há como checar, uma pista falsa pode atrasar muito uma matéria, têm de confiar e pronto. E eles conhecem os interesses das fontes, publicam também os assuntos que sugerimos. Mas não há nada de errado nisso, porque as fontes com credibilidade passam informações verdadeiras e que realmente são notícia. O lobista, como o jornalista, tem a vertigem da notícia”. “Sempre é assim?”, insisto. Ele responde: “Todo jornalista um dia vai ouvir da fonte: ‘Eu preciso que você me faça um favor’. Isso significa que a fonte precisa “plantar” uma nota, que pode ser uma meia-verdade ou quase uma inverdade, e aí cabe ao jornalista decidir o que faz”.

A maioria dos lobistas trabalha em parceria com as colunas de política de Brasília, de gente como o ex-secretário de Comunicação de Collor, o jornalista Cláudio Humberto, ou ex-publicitários como Ucho Haddad e Giba Um. Aqueles que têm maior “sintonia” com a fonte recebem de presente as notas mais quentes, aquelas que antecipam escândalos e dão peso às colunas, que atuam na fronteira entre o boato e a informação. Algumas são escritas em linguagem cifrada com o objetivo de “avisar” políticos e empresários de que tem gente na “cola” deles, o que quase sempre significa emprego para mais um lobista, encarregado de “desaparecer” com a informação antes que ela ganhe as colunas políticas e sociais dos jornais, de maior credibilidade.

“Eu leio jornal e sei direitinho quem está trabalhando pra quem, quem está ‘plantando’ contra quem. Um dos piores erros do PT foi a plantação de notícias de um dirigente contra outro, abriram o flanco para a mídia, acreditaram que tinham na mão gente que eles não controlam de fato”, diz nosso homem, que incluiu também a Internet entre suas ferramentas de trabalho. Todos os dias, ele envia e-mails com informações que favorecem seus clientes a 90.000 endereços usando remetentes frios e provedores de fora do Brasil. “E isso funciona?” “Faz um barulho danado”, ele responde, explicando que compensa a falta de credibilidade do anonimato postando apenas “as matérias que já consegui publicar em veículos respeitados”.

Em vez de mandar releases e disparar telefonemas burocráticos, o lobista da comunicação se converte em “fonte” dos jornalistas.

Enquanto conversamos, o celular toca sem parar. Colunistas políticos, repórteres da grande imprensa, clientes ou amigos interessados no desenrolar do escândalo do “mensalão” são recebidos com a piada sobre os três ternos que o vice Alencar mandou fazer (um preto, para o caso de suicídio do presidente, um azul-marinho, para posse, e um cinza, para o primeiro dia de trabalho). Aos colunistas, ele passa notas quase prontas; aos repórteres dos jornais e das semanais indica fontes dispostas a botar lenha na fogueira – a amante de fulano, a secretária de sicrano, a ex-mulher de beltrano. Também dá dicas de histórias que, garante, valem uma checagem: a sugestão do dia é investigar uma empresa de informática que o filho do presidente abriu no Brás, assunto que apareceria na mídia três semanas depois. Aos clientes, alguns de capitais distantes, reserva a análise de conjuntura antecipada pela piada dos ternos de Alencar: “Sim, o presidente Lula vai cair”. Seguido da explicação: “CPI é que nem suruba, depois que começa, ninguém controla”.

Se depender dele, a suruba continua. Para quem vive de informação, como bem sabem os donos das empresas de comunicação, escândalos e campanhas eleitorais são os grandes momentos de ganhar dinheiro tanto pelo que se divulga como pelo que se deixa de divulgar. Também é um ambiente favorável para abafar outros escândalos e relevar pecadilhos como sonegação de impostos, concorrência desleal, e outros tormentos jurídicos. “E como o lobista se informa?”, pergunto, perplexa com a quantidade de notícias que ele tira da cartola a cada telefonema.

“Depende do meio que ele circula”, explica. “Eu trabalho principalmente com o meu círculo de amigos. Entrei na política aos 18 anos, fui assessor parlamentar, secretário de prefeito, fiz muitas campanhas eleitorais. Você tem idéia de quantos dossiês circulam em uma campanha eleitoral? Então, as eleições passam e os dossiês ficam, a gente acaba sabendo de tudo. Também fui assessor de imprensa e lobista de grandes empresas, venho acumulando informação há décadas. Conheço todo mundo que interessa, circulo nos lugares certos, levanto a ficha de qualquer um na hora em que quiser. Sei exatamente para quem ligar conforme o caso”, diz, sem esconder o orgulho profissional.

E nesse caso? Ele acredita na corrupção do PT? “Todo governo é corrupto, não há como ganhar eleição sem caixa dois e quem está no governo faz o caixa no governo, com o dinheiro público que escoa por três ralos: obras públicas, propaganda e informática. As empreiteiras tiveram seu auge no governo militar, perderam com as privatizações e a redução de obras nos últimos anos, e entraram no ramo dos serviços públicos, daí os escândalos nos contratos de lixo, por exemplo, de tantas prefeituras. Mas agora o grosso do caixa dois dos partidos vem dos contratos de publicidade – esse Marcos Valério, por exemplo, operava para os tucanos mineiros desde 1997. A informática é o filão mais recente de grandes contratos públicos e está se tornando um grande formador de caixa. O PT aderiu ao esquema dos contratos de publicidade superfaturados, das propinas nas estatais, de conseguir dinheiro nos bancos investindo naqueles que colaboram com o partido a bolada dos fundos de pensão”, opina.

Há coisas que não há como checar, uma pista falsa
pode atrasar muito uma matéria, têm de confiar e pronto.
E eles conhecem os interesses das fontes, publicam
também os assuntos que sugerimos.

Mais uma ligação, mas dessa vez nosso homem não passa informação, recebe. A fonte é o repórter de uma revista semanal envolvido com uma polêmica entrevista com aquela que seria apresentada como testemunha-chave da CPI dos Correios. No próximo telefonema, a informação recebida segue seu caminho, repassada a outro jornalista: “Sim, a ‘testemunha’ vai confirmar, não tem outro jeito, as três fitas gravadas com a entrevista estão no cofre da editora há nove meses, se o repórter for convocado a depor, as fitas serão entregues aos membros da CPI”.

O que pode parecer um vazamento de informação é na verdade prestação de serviço para dois amigos: o que fez a entrevista – cuja autenticidade vinha sendo questionada pelo longo tempo em que ficou “na gaveta” e por ter sido desmentida anteriormente pela entrevistada – e o que recebeu a notícia, aparentemente em primeira mão. Pergunto quanto do seu trabalho é pago, já que perde tanto tempo fazendo favores aos amigos. “Noventa por cento”, revela para em seguida corrigir, com humor: “Agora, o percentual caiu, porque não estou ganhando nada para ajudar a derrubar o governo, é trabalho voluntário”.

Foi na segunda visita que fiz a seu apartamento, já com a CPI dos Correios a pleno vapor, que ele me mostrou até onde ia seu empenho como “voluntário”. Com a televisão ligada no depoimento de um dos acusados de operar o “esquema do mensalão”, ele se comunicava com alguém que estava na CPI através de um de seus três celulares. “Os arapongas estão assanhados, a Polícia Federal também, um dos meus telefones está grampeado”, explica.

Antes de testemunhar mais uma tarde de seu trabalho, peço autorização para escrever sobre o que presenciei em minha outra visita e perguntar mais sobre a sua profissão. Explico que, mais do que as informações sobre o escândalo, o que me interessa é mostrar de que modo circulam as informações, como os escândalos que caem nas graças da imprensa são alimentados com tanta rapidez. Ele concorda, desde que sua identidade seja preservada. Vai até o computador, abre o correio eletrônico e me chama para ver uma mensagem recém-enviada a um assessor parlamentar de um deputado da oposição, com quem falava no celular quando cheguei.

Para minha surpresa, é um e-mail enorme, contendo dez perguntas dirigidas ao sujeito que depõe nesse mesmo momento na CPI, acompanhadas de detalhes sobre a vida do “alvo” sustentando o questionário. O patrimônio, os contatos, as viagens de avião (acompanhadas dos prefixos dos jatos), os nomes que teriam sido indicados pelo acusado para ocupar cargos públicos, as empresas que teriam contribuído com o caixa dois, está tudo ali, de bandeja. “Dinamite pura, hein? Esse governo cai”, comemora.

Aos colunistas, ele passa notas quase prontas;
aos repórteres dos jornais e das semanais indica
fontes dispostas a botar lenha na fogueira.

“E por que derrubar o governo?”, pergunto, começando a duvidar que tanto empenho seja realmente “voluntário”, como ele diz. A resposta não poderia ser mais surpreendente vinda de um homem que se declara de direita e que ganha dinheiro como lobista profissional: “Porque o Lula foi uma decepção, não fez nada pelos pobres, se vendeu ao FMI”.

Ele acha graça ao perceber minha expressão de descrença. “Você pode não acreditar, mas, mesmo sendo de direita, defendo a necessidade de existir um partido de esquerda, um partido que esteja fora do esquema, como era o PT antes de assumir o governo. Claro, o PT roubou muito menos do que os outros governos. Em uma única jogada, o governo Fernando Henrique ganhou três vezes mais, comprando ações lá fora da Petrobras, por exemplo, dias antes de comunicar ao mercado a exploração de mais um campo de petróleo, vendendo os papéis logo depois de fazer o anúncio oficial da descoberta, o que triplicou o valor das ações. Cada notícia de que uma estatal seria privatizada era precedida da mesma operação: o Sérgio Motta anunciava que a empresa seria leiloada, as ações subiam vertiginosamente, e eles vendiam no primeiro dia da alta. Nada de tentar ganhar mais e se arriscar ao flagrante. Os caras sabiam o que faziam. O PT, não, o PT não sabe nem pode roubar. A esquerda tem de ser franciscana, não pode se corromper, tem que fazer como os partidos comunistas europeus, administrar as prefeituras e ser oposição em âmbito federal. Quem quer ser governo tem de conhecer o esquema, ter aliados reais, cúmplice de muitos negócios. O PT não sabe nem como operar: imagine esse Delúbio, que é um caipirão goiano, um sindicalista militante do PT, e esse outro Silvinho, que não consegue nem falar português decentemente, operando esquema! Isso aí é coisa pra quem sabe, pra Sarney, ACM, Sérgio Motta. Estava na cara que eles iam ser apanhados.”

Comento que a imprensa parece escolher sempre a hora de um escândalo eclodir. Afinal, em setembro do ano passado, o Jornal do Brasil já havia publicado a história do “mensalão” e a Veja uma matéria falando das divergências financeiras entre PT e PTB. Por que, a exemplo da entrevista com a testemunha feita por seu amigo repórter, o escândalo levou nove meses para explodir? Por que as mesmas informações não provocaram aquele frenético fluxo de notícias do qual ele faz parte, como tantas outras “fontes”, lobistas, aquilo que ele chama de “mercado” da informação?

“Porque o escândalo ainda não estava maduro”, ele diz, um tanto enigmaticamente. “Veja, no caso Collor foi a mesma coisa, um jornalista de uma revista semanal já havia seguido o PC, antecipado tudo que se diria depois, publicado a matéria, e mesmo assim o caso só ganhou força com a entrevista do Pedro Collor, seis meses depois. Era o momento de o Collor cair, já não interessava mais mantê-lo ali.”

“Não interessava a quem?”, insisto, mesmo sabendo a resposta. “Não interessava a quem dá as cartas de fato, aos donos do poder, do dinheiro, do esquema. O governo do PT estava se tornando uma ditadura pior que a dos milicos, tentou enquadrar a imprensa com aquele conselho de ética, usa a Polícia Federal para fazer terrorismo, invadindo escritórios de advocacia, prendendo empresários trabalhadores por sonegação, por caixa dois, coisa que todo mundo faz neste país, até porque a carga tributária impede o trabalho cem por cento honesto”, justifica. “Eles não merecem confiança, são bolcheviques, roubam para a causa. Claro, tem gente ganhando pra si também, mas não é essa a cabeça deles, pensam que estão acima do bem e do mal, que têm o monopólio da ética. São arrogantes, tratam todo mundo como se fossem melhores do que os outros, só podia acontecer isso mesmo”, comenta.

“Todo governo é corrupto, não há como ganhar eleição sem caixa dois e quem está no governo faz o caixa no governo”.

Antes de me despedir, uma pergunta: “Você disse que lobby sempre envolve dinheiro. E no caso dos jornalistas isso não rola?”

Ele defende os companheiros de trabalho: “Hoje em dia é muito raro, os jornalistas são sérios, o que querem é informação. Claro, um colunista que tem o patrocínio de determinada empresa não vai escrever contra ela, assim como os donos de jornais e revistas têm suas preferências políticas. Não são movidos a propina, mas têm seus aliados. No governo FHC houve uma quantidade enorme de escândalos abafados”.

Vai até uma gaveta, tira uns papéis e empilha na mesa. “Olha, tudo isso aqui me foi entregue na última campanha por um político do PFL”, conta. Dou uma olhada nos papéis. Há denúncias contra o filho de FHC que teria ganhado dinheiro como lobista durante os governos do pai, um dossiê contra um ex-ministro que seria sócio oculto de empresas que atuavam no setor que fiscalizava, documentações de transações suspeitas envolvendo membros de governos anteriores e empresas privadas, notícias de desvio de dinheiro que teria sido feito por familiares e assessores de governantes.

“Isso ficou parado porque o político para quem eu trabalhava não quis usar, e eu sabia que não interessava à grande imprensa, claramente a favor dos tucanos”, explica.

Cito o nome de um repórter, apontado como “contratado” de um grande grupo privado para plantar matérias do interesse do cliente na revista em que trabalha, cujo dono também é acusado de vender matérias de capa a empresários em dificuldades. Acrescento que há conversas gravadas e e-mails por trás das denúncias publicadas por outra revista semanal, essa fora de seu círculo de relações. Ele afirma ser amigo de ambos os denunciados e acrescenta, irônico: “Foi nessa revista que saiu? Então não faz mal. Essa ninguém lê”. Ele sentencia isso, embora a tiragem de ambas as revistas – denunciada e denunciante – seja praticamente a mesma.

O telefone toca mais uma vez. Ele pede um momento ao interlocutor, e me acompanha até a porta. Mas não resiste a antecipar a novidade com que brindará mais esse jornalista: “Vão pegar a filha do presidente agora, um contrato dela com uma empresa sustentada por um banco estadual federalizado. Pode anotar, o Lula já era”.

Marina Amaral é jornalista.

Fonte: Caros Amigos


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Eleições Americanas

por Luiz Carlos Azenha



Como vender caro uma derrota





A disputa entre os dois candidatos do Partido Democrata pelo direito de concorrer à Casa Branca vive amanhã, sábado, mais um capítulo no que caminha para se tornar a derrota de Hillary Clinton – mas não sem antes de extrair do vencedor todas as concessões possíveis.

Barack Obama lidera em praticamente todas as contagens, mas ainda não obteve o triunfo matemático sobre a adversária no número de delegados necessários para consagrá-lo candidato na convenção nacional.

Além disso, partidários de Hillary Clinton argumentam, com razão, que ela venceu as prévias nos grandes estados – Califórnia e Nova York, por exemplo – e em estados essenciais para levar um candidato à Casa Branca – caso de Ohio e Pensilvânia.

Obama ganhou entre os democratas jovens, de maior renda e educação. Entre os negros venceu de forma esmagadora. Hillary ganhou na classe média baixa, base tradicional do partido, os chamados “democratas de colarinho azul”.

Se o senador de Illinois herdará ou não os votos de Hillary nas eleições gerais não é certo. Isso dá à senadora poder de barganha tanto na definição da chapa democrata quanto em futuras políticas e cargos em um eventual governo Obama. As especulações de que ela busca a vice-presidência, por enquanto, não passam disso.

Amanhã um comitê do partido analisa os casos da Flórida e de Michigan. Nos dois estados os democratas locais decidiram antecipar as prévias contrariando a direção nacional do partido. Qual é a graça de promover uma prévia se o candidato já foi escolhido? A luta para escapar da irrelevância explica as tentativas de alterar o calendário eleitoral.

Para punir os desobedientes o Partido Democrata resolveu desconsiderar os resultados da Flórida e de Michigan. Agora, advogando em causa própria, a campanha de Hillary quer que os resultados sejam contados.

Ao ignorar a Flórida e retirar o nome da cédula em Michigan o senador Obama estava apenas cumprindo determinações do próprio partido. Deixou o campo livre para “vitórias” de Hillary por ampla margem.

Agoara, Hillary quer que a punição seja revista e que os resultados sejam levados em conta. Obama, por sua vez, não pode simplesmente desconhecer os democratas dos dois estados. Ele precisa deles para vencer um eventual confronto com o republicano John McCain em novembro.

Tudo indica, assim, que haverá algum tipo de acordo. E que esse acordo seja mais vantajoso para Hillary. Não será suficiente para virar o jogo, mas reforçará a mão da ex-primeira dama para extrair concessões de Obama.

Siga o dinheiro





A tática adotada para o esclarecimento de crimes pode servir também para explicar a solidez da candidatura do senador Barack Obama.

Nos momentos finais da campanha, que termina em 3 de junho, a senadora Hillary Clinton continua a argumentar que é a melhor candidata para derrotar John McCain e devolver a Casa Branca ao controle dos democratas em novembro.

Assessores de Hillary fazem todo tipo de cálculo com o objetivo de justificar a permanência dela na disputa. Por exemplo, acrescentam às contas os votos obtidos pela ex-primeira dama na Flórida e em Michigan – estados em que os democratas locais anteciparam a data das primárias e foram punidos pela direção nacional do partido com a desconsideração dos resultados.

Hillary venceu em ambos. Em Michigan Obama mandou tirar o nome da cédula; na Flórida, não fez campanha.

No que conta, no entanto, Hillary perdeu de goleada. Desde que iniciou sua campanha o senador Obama, apesar de novato, já conseguiu arrecadar mais de 260 milhões de dólares – contra cerca de 200 milhões do casal Clinton. Nada mal, considerando que Bill Clinton cumpriu dois mandatos na presidência e controla a maior parte da máquina partidária. Por comparação, a arrecadação do republicano John McCain é de “apenas” 100 milhões de dólares até agora.

Isso ajuda a explicar o apoio que Obama vem recebendo de um grande número de superdelegados, aqueles que têm direito automático a voto na convenção do partido por ocuparem cargos eletivos ou por serem integrantes da burocracia democrata.

Já foram convencidos do poder da máquina de arrecadação de Obama.

A grande vantagem do senador é que ele conseguiu fazer com que milhares de americanos doassem pequenas quantias à campanha. De todas as doações que recebeu, 47% foram de 200 dólares ou menos. A maior parte dessas doações foi feita através da internet.

Além de absolutamente inédito, esse fato é revelador do potencial futuro da máquina de arrecadação de Obama. Os pequenos doadores são justamente aqueles mais inclinados a fazer uma segunda doação ao longo da campanha. E o candidato ainda ganha o direito de dizer que suas contas não estão sendo pagas pelos grandes lobistas, mas pelo “povo”.

Fonte: Blog das Américas

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Ajude a manter o Fazendo Media

por Marcelo Salles

Amigos, boa noite. Escrevo a essa hora da madrugada pois geralmente é quando consigo tempo para me dedicar a esta atividade de crítica de mídia. Escrevo e não reclamo, pois cada hora de sono roubada é muito bem recompensada quando percebo que tenho conseguido passar a mensagem que quero passar. Mas o propósito deste comentário é outro. O fato é que em março deste ano alugamos uma salinha no centro do Rio, em parceria com a revista Consciência.Net. O endereço, para quem quiser nos visitar, é: Rua do Ouvidor 50, 5o andar. É quase esquina com a Av. Primeiro de Março. A conquista desse espaço é uma vitória para o Fazendo Media, que conseguiu alugar sua primeira sede após cinco anos de trabalho. Entretanto, corremos sério risco de perdê-la. Em nossa última reunião mensal, realizada sexta-feira passada, dia 16 de maio, chegamos à conclusão de que nosso "caixinha" seria suficiente apenas para o pagamento de mais dois meses de aluguel. A receita projetada com a venda de assinaturas não se confirmou e, como não temos anúncio (a não ser os do Google, que até hoje não conseguimos sacar), a triste solução será entregar as chaves. Entretanto, como este fazendomedia.com possui 2 mil visitantes únicos por dia e circula por um número incalculável de pessoas via correio eletrônico, antes de desistir da sala vou fazer um apelo a cada um de vocês que me lê: faça uma assinatura do Fazendo Media impresso ou uma doação de qualquer valor. Sua contribuição pode ser decisiva para a continuidade do nosso trabalho, cujo objetivo final é a democratização dos meios de comunicação no Brasil.

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Campanha de ajuda ao Fazendo Media continua

Uma semana após o início da campanha, apresento aqui os resultados: duas doações e três assinaturas. Além disso, recebi um telefonema da revista Caros Amigos, que vai publicar um anúncio em sua edição impressa de julho, e a solidariedade de blogs amigos, como o do Eduardo Guimarães, presidente do Movimento dos Sem-Mídia, e do Blog do Mello. A Carta Maior publicou ontem, com chamada na capa, uma matéria solidária, conclamando seus leitores a contribuírem com nossa luta para manter a sede do jornal (Rua do Ouvidor 50, 5o andar - centro do Rio de Janeiro). Além disso, uma pequeno empresário de São Paulo entrou em contato comigo e estamos negociando a veiculação de anúncio aqui no www.fazendomedia.com, embora não tenhamos acertado nada por enquanto.

Para ser muito sincero, o resultado dessa primeira semana me surpreendeu. Positivamente. Quando todos dizem pra você desistir dos projetos utópicos e tocar a vida, surgem pessoas de diversos cantos do país dispostas a ajudar. Aliás, isso me faz lembrar da faculdade. Houve uma época em que professores e certos pais de integrantes do Fazendo Media diziam, repetidamente: "Não há espaço para esse tipo de divagação no mercado", "Vocês escrevem esse tipo de coisa porque estão no primeiro ano, depois vão parar e se adequar". A partir deste ponto de vista, fico feliz de nunca ter me adequado. Nem quando arrancavam nossos cartazes de divulgação, ou tentavam, como os inquisidores da Idade Média, censurar a veiculção do nosso impresso, simplesmente jogando tudo no lixo. Também havia professores que concediam 2 pontos a mais na média final dos coleguinhas que já estagiavam em algum veículo das corporações de mídia.

Nada disso nos fez esmorecer. Muito pelo contrário. De 2003 até hoje, publicamos 65 edições impressas e seguramente mais de mil textos em nossa página. Nunca abrimos mão de criticar as corporações de mídia e o sistema capitalista desumano que elas sustentam. Fomos até homenageados pela Assembléia Legislativa do Rio em virtude de nosso trabalho no campo dos Direitos Humanos. Mas o reconhecimento maior, aquele que me emociona e me alimenta, que me faz continuar nessa empreitada, vem daqueles leitores que nos escrevem do Pará, interior de São Paulo, Bahia, Amazonas, Minas e etc. com a seguinte mensagem: "Obrigado, a partir de agora vou receber as notícias da mídia com outro olhar".

É por esse motivo que volto a pedir a ajuda dos leitores já conscientizados sobre a importância de mostrar como essa mídia opera. Pra que possamos continuar chegando - e cada vez mais longe - até aqueles leitores que ainda não foram despertados. Esses podem ser decisivos na transformação, ou não, da sociedade em que vivemos. Faça sua assinatura ou doação!

Fonte: Fazendo Media


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A crise não é dos alimentos

por Marcelo Salles

A crise mundial de alimentos não é somente um desajuste entre a oferta e a demanda, mas uma crise do modelo de sistema agroalimentar. A opinião é de Renato S. Maluf, presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), em entrevista concedida na tarde desta quarta-feira (28) à Agência Brasil. "Essa crise, na nossa avaliação, não é uma crise apenas conjuntural de desajuste entre oferta e demanda momentânea. Essa elevação de preços é a expressão de uma crise mais profunda do próprio modelo do sistema agroalimentar".

Se de acordo com a ONU a produção de alimentos no mundo permitiria alimentar 14 bilhões de habitantes e apenas 7 bilhões de seres humanos vivem no planeta, então qual é o problema? Dado curioso esse, não? Mas nunca o vi estampado na capa de um jornal de grande circulação.

O que escondem do povo é a verdadeira causa da fome, que atinge 72 milhões de pessoas só no Brasil (IBGE/2006): o monopólio crescente na produção de alimentos. Empresas privadas como Bungee, Cargill, Monsanto e Nestlé controlam a quase totalidade da produção agroindustrial, enquanto outro monopólio - ligado ao primeiro - controla a distruição dos generos alimentícios, como Wall Mart.

Recomendo vivamente a leitura de reportagem publicada no jornal A Nova Democracia.

Fonte: Fazendo Media


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Imprensa Bandida

por Marcelo Salles


Imprensa bandida

O comentário abaixo (sobretudo as palavras da deputada Cidinha Campos) nos leva a mais uma questão: por que nem todos os presos são classificados pela imprensa como "bandidos". Quando alguém é detido portando ecstase, geralmente o título é "Estudante universitário é preso com drogas". No caso do Álvaro Lins, em nenhum momento foi usada a palavra "bandido". E o mesmo se deu quando foi preso o executivo do banco Suíço UBS, em SP, no ano passado: "Executivo é preso". Mas, quando alguém é preso levando maconha de uma favela para outra, a imprensa logo rotula: "Bandido é preso com X gramas de maconha". Será que algum ombudsman consegue responder a essa questão?

Onde está o PMDB?

Veja se não é curioso, caro amigo. Quinta-feira, 29 de maio. O ex-governador do Rio, Antonhy Garotinho, é denunciado pelo Ministério Público e o ex-chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, é preso pela Polícia Federal. São acusados de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha armada. Garotinho é presidente do PMDB no estado e Lins é deputado estadual pelo mesmo partido. O Globo dedicou 6 páginas ao tema e destacou 25 repórteres para a cobertura. Entretanto...

Em nenhum dos 11 títulos nas seis páginas aparece a sigla PMDB. E em apenas um dos 14 subtítulos, o da última página da série de matérias, vemos a legenda.

A construção da mensagem é clara: Garotinho e Álvaro Lins são descolados do PMDB, como se os crimes de que são acusados tivessem sido cometidos sem o conhecimento das lideranças partidárias – o que nos remete a uma situação esquizofrênica, visto que o próprio Garotinho é uma dessas lideranças. Aqui os petistas têm toda a razão de reclamar: “Ué, será que Sérgio Cabral, do PMDB, não sabia?”. Se o mesmo ocorresse com o PT, seguramente a sigla iria para as manchetes.

No Jornal Nacional desta sexta-feira (30/5) foi pior ainda. Na matéria sobre o caso, de 3 minutos e 12 segundos (tempo considerado alto para telejornal), em nenhum momento aparece a sigla PMDB. Parece que Garotinho e Álvaro Lins nunca tiveram partido. Clique aqui para ver o vídeo. Só pra deixar claro: pela legislação eleitoral brasileira, nenhum cidadão pode ser eleito sem ser filiado a partido político. E, uma vez filiado, é preciso que a direção do partido conceda uma legenda para que o cidadão concorra a cargos eletivos. É assim que funciona. Portanto, a omissão da sigla PMDB constitui erro jornalístico grave. Mas politicamente compreensível...

A prisão de Álvaro Lins mobilizou a Assembléia Legislativa. Fato incomum para uma sexta-feira, 55 deputados compareceram e debateram a respeito da legalidade da prisão do ex-chefe da Polícia Civil. Foram 40 votos por sua liberação contra 15 pela manutenção da prisão.

Vamos observar a cobertura do fim de semana. Luiz Paulo Correia da Rocha, líder do PSDB na Assembléia Legislativa e vice na chapa do Gabeira, não apenas votou a favor da liberação de Álvaro Lins, como discursou em seu favor. Paulo Melo (PMDB), líder do governo Cabral, idem. A resistência ficou por conta dos deputados Marcelo Freixo (PSOL), Paulo Ramos (PDT) e Cidinha Campos (PDT), que chegou a dizer, com todas as palavras: "Álvaro Lins é um "bandido".

Fonte: Fazendo Media


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Como fabricar uma crise global

LIBERALIZAÇÃO COMERCIAL

Como fabricar uma crise global - por Walden Bello

Como foi que os mexicanos, que vivem na terra onde o milho foi domesticado, chegaram a depender do grão produzido nos EUA? Como foi que as Filipinas, que exportavam arroz, passaram a ser o maior importador mundial deste produto? Como no México, os agricultores filipinos perderam o apoio do Estado e descobriram os "encantos" da liberalização comercial. A análise é de Walden Bello.

Quando centenas de milhares de pessoas se manifestaram no México, no ano passado, contra o aumento no preço da tortilla, muitos analistas culparam os biocombustíveis. Devido aos subsídios do governo norte-americano, os agricultores desse país estavam destinando mais hectares ao milho para etanol do que para alimentos, fazendo com que os preços disparassem. Esse desvio do uso do milho foi, sem dúvida, uma das causas do aumento dos preços, embora provavelmente a especulação dos atravessadores, com a demanda por biocombustíveis, teve uma influência maior. Contudo, muitos deixaram passar uma pergunta interessante: como foi que os mexicanos, que vivem na terra onde o milho foi domesticado, chegaram a depender do grão norte-americano?

A erosão da agricultura mexicana
Não é possível entender a crise alimentar mexicana sem considerar que nos anos anteriores à "crise da tortilla" a pátria do milho foi transformada em uma economia importadora desse grão pelas políticas de “livre mercado” promovidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pelo Banco Mundial (BM) e por Washington. O processo começou com a crise da dívida, no início da década de 1980. O México, um dos maiores devedores do mundo em vias de desenvolvimento, foi obrigado a implorar dinheiro do BM e do FMI para pagar o serviço de sua dívida com bancos comerciais internacionais. O preço do resgate foi aquilo que um membro do conselho executivo do BM descreveu como um “intervencionismo sem precedentes”, projetado para eliminar tarifas, regulamentações estatais e instituições governamentais de apoio, que a doutrina neoliberal identificava como barreiras para a eficiência econômica.

O pagamento de juros aumentou de 19% do gasto federal total, em 1982, para 57%, em 1988, enquanto o gasto de capital desmoronou, caindo de 19,3% para 4,4%. A redução do gasto governamental significou acabar com o crédito estatal, com os insumos agrícolas subsidiados pelo governo, com os apoios aos preços, com os conselhos estatais de comercialização e com os serviços de extensão.

Este golpe contra a agricultura camponesa foi seguido por outro ainda maior, em 1994, quando entrou em vigor o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (TLCAN). Apesar de que esse tratado considerava uma prorrogação de 15 anos para a proteção de produtos agrícolas, entre eles o milho, em pouco tempo começou chegar milho norte-americano altamente subsidiado, fazendo com que os preços caíssem pela metade e afundando o setor do milho em uma crise crônica. Em grande parte por causa desse acordo, o México acabou consolidando-se como importador de alimentos.

Com o fechamento da entidade governamental encarregada da comercialização de milho, a distribuição das importações desse grão vindas dos Estados Unidos, assim como a do milho nacional, foi monopolizada por umas poucas empresas transnacionais de comércio, como a Cargill. Isso deu-lhes um tal poder para especular com as tendências do mercado que podem manipular e magnificar, muitas vezes, os movimentos da demanda por biocombustíveis. Ao mesmo tempo, o controle monopólico do comércio doméstico garantiu que um aumento nos preços internacionais do milho não se traduza em preços significativamente mais altos para os pequenos produtores.

Cada vez é mais difícil para os produtores mexicanos de milho furtar-se do destino de muitos outros pequenos produtores em setores como arroz, carne de gado, frango e suíno, os quais faliram devido às vantagens concedidas pelo TLCAN aos produtos subsidiados norte-americanos. Segundo um relatório do Fundo Carnegie, de 2003, as importações agrícolas dos EUA deixaram sem trabalho 1,3 milhão de camponeses, muitos dos quais migraram para o país do norte.

As perspectivas não são boas, porque o governo mexicano continua nas mãos de neoliberais que desmantelam sistematicamente o sistema de apoio ao campo.

Fabricação da crise do arroz nas Filipinas
Que a crise global de alimentos tem sua origem na restruturação da agricultura feita pelo livre mercado fica ainda mais claro no caso do arroz. Diferentemente do milho, menos de 10% da produção mundial de arroz é comercializada. Além disso, no caso do arroz não houve desvio do consumo para os biocombustíveis. Contudo, apenas neste ano os preços já triplicaram, passando de 380 dólares por tonelada, em janeiro, para mais de mil dólares, em abril. Não há dúvida de que uma boa parte dessa inflação é conseqüência da especulação dos cartéis atacadistas em uma época em que a oferta é escassa. Contudo, o maior mistério é saber por que vários países consumidores de arroz que antes eram auto-suficientes tornaram-se severamente dependentes das importações.

As Filipinas constituem um triste exemplo de como a restruturação econômica neoliberal transforma um país exportador em importador de alimentos. Esse país é o maior importador mundial de arroz. O esforço de Manila para garantir o abastecimento a qualquer preço tem se tornado manchete de capa e as fotografias de soldados que dão proteção à distribuição desse cereal nas comunidades pobres passaram a ser emblemáticas da crise global.

Os aspectos gerais da história das Filipinas são semelhantes aos do México. O ditador Ferdinando Marcos foi culpado de muitos crimes e de erros de gestão, entre os quais não ter promovido a reforma agrária, mas não pode ser acusado de privar o setor agrícola de verbas governamentais. Para amenizar o descontentamento dos camponeses, o regime entregou fertilizantes e sementes subsidiados, promoveu mecanismos de crédito e construiu infra-estrutura rural. Durante os 14 anos da sua ditadura, em apenas um, 1973, foi necessário importar arroz, devido aos extensos prejuízos causados por furacões. Quando Marcos fugiu do país, em 1986, havia 900 mil toneladas métricas de arroz estocadas nos armazéns do governo.

Paradoxalmente, os anos seguintes, com um governo democrático, viram encolher a capacidade de investimento governamental. O BM e o FMI, atuando em representação de credores internacionais, pressionaram o governo de Corazón Aquino para que desse prioridade ao pagamento da dívida externa, que chegava a 26 bilhões de dólares. Aquino concordou, apesar de ter sido advertida pelos economistas de seu país de que seria “inútil procurar por um plano de recuperação que seja consistente com o pagamento da dívida estabelecido pelos nossos credores”.

Entre 1986 e 1993, entre 8 e 10% do PIB saiu das Filipinas cada ano para pagar o serviço da dívida. A proporção dos gastos governamentais com o pagamento de juros, aumentou de 7%, em 1980, para 28%, em 1994; os gastos de capital caíram de 26% para 16%. Em resumo, o serviço da dívida tornou-se prioridade do orçamento nacional.

O gasto com agricultura caiu para menos da metade. O BM e seus acólitos locais não estavam preocupados, porque um dos propósitos de estar apertando o cinto era deixar que o setor privado fizesse investimentos no campo. Mas a capacidade agrícola ruiu rapidamente, o regadio cessou e por volta do fim da década de 1990 apenas 19% da rede viária do país estava pavimentada, contra 82% na Tailândia e 75% na Malásia. As colheitas eram, em geral, anêmicas; o rendimento médio do arroz era de 2,8 toneladas por hectare, muito abaixo do conseguido na China, Vietnã e Tailândia, onde os governos promoviam ativamente a produção rural. A reforma agrária definhou na era posterior a Marcos, privada de recursos para serviços de apoio, que tinham sido a chave para as bem-sucedidas reformas de Taiwan e da Coréia do Sul.

Como no México, os camponeses filipinos enfrentaram a retirada em grande escala do Estado como fonte de apoio. E o corte em programas agrícolas foi seguido pela liberalização comercial; a entrada das Filipinas na Organização Mundial do Comércio (OMC) teve o mesmo efeito que o TLCAN para o México. Ser membro da OMC requeria eliminar quotas de importações agrícolas, exceto para o arroz, e permitir que uma certa quantidade de cada produto entrasse com taxas reduzidas. Apesar de que foi permitido ao país manter uma quota nas importações de arroz, teve que admitir uma quantidade equivalente a entre um e 4% do consumo doméstico nos 10 anos seguintes. De fato, como conseqüência da queda na produção derivada da falta de apoio oficial, o governo importou muito mais do que isso para compensar uma possível escassez. Essas importações, que aumentaram de 263 mil toneladas, em 1995 para 2,1 milhões em 1998, fizeram cair o preço do cereal, desalentando os produtores, e manteve a produção em um nível muito inferior ao dos principais provedores do país, Tailândia e Vietnã.

As conseqüências da entrada das Filipinas na OMC varreram o resto da agricultura como um furacão. Diante da invasão de importações baratas de milho, os camponeses reduziram a terra dedicada a essa cultura de 3,1 milhões de hectares, em 1993, para 2,5 milhões no ano 2000. A importação massiva de cortes de frango praticamente acabou com essa indústria e foi também o aumento de importações que afetou a produção de aves, suínos e vegetais.

Os economistas do governo prometeram que as perdas em milho e outras culturas tradicionais seriam mais do que compensadas pela nova indústria exportadora de cultivos “de alto valor agregado”, como flores, aspargos e brócolis. Pouco de tudo isso aconteceu. O emprego agrícola caiu de 11,2 milhões, em 1994, para 10,8 milhões, em 2001.

O duplo golpe do ajuste imposto pelo FMI e a liberalização comercial imposta pela OMC fez com que uma economia agrícola em grande medida auto-suficiente passasse a ser dependente das importações e marginalizou constantemente os agricultores. Tratou-se de um processo cujo sofrimento foi descrito por um negociador do governo filipino durante uma sessão da OMC em Genebra: “Nossos pequenos produtores agrícolas são massacrados pela brutal injustiça do entorno do comércio internacional”.

A grande transformação
A experiência do México e das Filipinas repetiu-se em um país após outro, todos sujeitos aos manejos do FMI e da OMC. Um estudo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) em 14 países descobriu que os níveis de importações agrícolas em 1995-98 excederam os de 1990-94. Não foi surpresa, visto que um dos principais objetivos do acordo agrícola da OMC era abrir mercados em países em vias de desenvolvimento, para que eles absorvessem a produção excedente do norte.

Os apóstolos do livre mercado e os defensores do dumping parecem estar em extremos opostos do espectro, mas as políticas que defendem produzem o mesmo resultado: uma agricultura capitalista industrial globalizada. Os países em desenvolvimento entram em um sistema em que a produção de carne e grãos para exportação está dominada por grandes fazendas industrializadas, como as administradas pela transnacional tailandesa CP, nas quais a tecnologia é melhorada continuamente por avanços em engenharia genética de companhias como a Monsanto. E a eliminação de barreiras tarifárias e não tarifárias facilita que surja um supermercado agrícola global de consumidores de elite e de classe média, atendidos por corporações de comércio de grãos, como Cargill e Archer Daniels Midland, e por varejistas transnacionais de alimentos, como a britânica Tesco e a francesa Carrefour.

Não se trata somente da perda progressiva da auto-suficiência alimentar nacional ou da segurança alimentar, mas daquilo que a africanista Deborah Bryceson, de Oxford, denomina “descamponesização”, ou seja, da supressão de um modo de produção para fazer do campo um lugar mais apropriado para a acumulação intensiva de capital. Esta transformação é traumática para centenas de milhões de pessoas, porque a produção camponesa não é somente uma atividade econômica: é um modo de vida milenar, uma cultura, o que é uma das razões de que na Índia os camponeses deslocados ou marginalizados tenham optado pelo suicídio. Calcula-se que uns 15 mil camponeses indianos acabaram com suas vidas.

A queda de preços, resultado da liberalização comercial, e a perda do controle sobre as sementes, agora em mãos das empresas de biotecnologia, fazem parte de um problema integral, assinala Vandana Shiva, ativista pela justiça global: “Na globalização, o camponês ou camponesa perde sua identidade social, cultural e econômica de produtor. Agora, um camponês é ‘consumidor’ das sementes e químicos caros vendidos pelas poderosas corporações transnacionais através de poderosos latifundiários e agiotas locais”.

* Versão reduzida do artigo que será publicado na edição do The Nation (Nova York) no dia 2 de junho. Reproduzido com autorização do autor.

** Walden Bello é analista e ex-diretor executivo do instituto de pesquisa e ativismo Enfoque no Sul Global, com sede em Bangkok.

Tradução: Naila Freitas / Verso Tradutores

Fonte: Agência Carta Maior

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Nossa Justiça Vergonhosa

Bateau Mouche, Varig, Rede Manchete, RedeTV!, Jornal do Brasil, Proer, Sérgio Naya, Pimenta Neves e outras vergonhas do Judiciário

por Antônio Mello

Saiu ainda outro dia em O Globo a notícia de que dois jovens vão receber agora R$ 850 mil, cada, como indenização pela morte de seus pais no fatídico reveillon de 1989, a bordo de uma porcaria que navegava às custas de falta de fiscalização, irresponsabilidade, ganância e suborno, chamada Bateau Mouche IV. Antes desses irmãos, apenas a família de um porteiro recebeu uma indenização pífia de R$ 30 mil, porque aceitou acordo com os proprietários da arapuca marítima.

Note que o fato ocorreu na passagem de 31 de dezembro de 1988 para 1 de janeiro de 1989. De lá pra cá, tivemos a primeira eleição direta para presidente da República. A vitória e a posterior renúncia de Collor, os governos Itamar, os dois de FHC e já estamos no segundo do presidente Lula. E só agora os irmãos conseguiram receber a indenização. E morreram 55 pessoas naquele naufrágio. Ou seja, 52 famílias ainda não receberam nada.

Essa postagem é sobre isso: a Justiça no Brasil. Ou melhor, a falta de Justiça. Por onde andam os juízes que se deixam levar por advogados cheios de conversa mole e que recebem malas de dinheiro para esticar o processo, protelar, procrastinar, enrolar, usar das brechas da lei para impedir que se faça justiça no Brasil?

O Bateau Mouche é um caso. Há também o daquele deputado Sérgio Naya, que construiu prédios de areia na Barra da Tijuca. Há o criminoso confesso, que foi editor-chefe do Estadão, jornalista Pimenta Neves, que matou covarde e premeditadamente a jornalista Sandra Gomide, destruiu física e psicologicamente a vida dos pais dela e passeia sua impunidade à espera da última firula da lei que o leve ao último recurso.

Não é possível que os juízes se contentem com o papel que lhes impõem advogados que, menos que sábios, são é muito sabidos. O caso do Pimenta Neves é emblemático. Por que não está preso? Por que não aguarda atrás das grades a decisão sobre se deve ficar ali por oito, quinze, dezoito ou trinta anos? Garanto que se assim fosse seus advogados tratariam de apressar o fim do processo e a sentença definitiva. Enquanto ele está solto, fazem exatamente o contrário, e, assim, como ele já tem quase (ou mais de) setenta anos, pode morrer tranqüilamente tomando um último chope num balneário qualquer, sem que a justiça tenha sido feita.

Há ainda o caso indecente do Proer, quando dinheiro meu, seu, nosso serviu para livrar a cara de bancos, sem que os banqueiros responsáveis tenham perdido, antes dos nossos, todos os seus bens.

Há o caso da compra da TV Manchete pela chamada RedeTV!, que até hoje não indenizou a imensa maioria dos funcionários da antiga Manchete. Como a justiça permitiu a venda, sem que o pagamento dos funcionários fosse um compromisso assumido junto com a transação? Processos em fase de execução, e a RedeTV! (TV Ômega) afirma não ter dinheiro, e protela, protela, protela, pros tolos que pensam que somos... E olha que a CUT ainda alugou (ou aluga) espaço na emissora, num verdadeiro tapa na cara que uma central dita de trabalhadores deu em todos os que ficaram sem receber seus direitos com a negociata.

Há ainda o caso do Jornal do Brasil, que o empresário Tanure comprou sem pagar nada aos funcionários, porque a justiça permitiu que ele adquirisse apenas a marca Jornal do Brasil e não a empresa, quando a única coisa que valia ali era a marca, e esta deveria ter sido usada para pagar as dívidas trabalhistas da empresa, que estava quebrada.

O mesmo agora acontece com a Varig, a companhia aérea que foi orgulho do Brasil e deixou os funcionários a ver navios....

Como a justiça pode permitir isso? Como os juízes não se envergonham do triste papel de dizer ao distinto público que apenas fizeram cumprir a lei? Eles não são burocratas, carimbadores, mas seres humanos que estão ali para interpretar o chamado espírito da lei, que deve existir para proteger o mais fraco do mais forte e assim equilibrar a balança que simboliza a Justiça.

Antes de vender qualquer empresa, o proprietário deveria pagar a todos os seus funcionários, ou o comprador deveria assumir o compromisso de fazê-lo prontamente.

Crimes julgados, o condenado tem que esperar na cadeia (se essa foi a pena) a apelação que porventura faça.

Antes de aceitar trabalhar para um Fernandinho Beira-mar, por exemplo, os advogados deveriam perguntar de onde o traficante vai conseguir o dinheiro de seus honorários. Ou o dinheiro do tráfico só não é sujo quando usado para pagá-los?

O que você acha? Lembre mais casos. Conte o seu.

Fonte: Blog do Mello


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