Em 2005,     veio a público o escândalo do chamado mensalão. A avalanche     de denúncias   criou um clima de indiganação e pessimismo na população.   O oba-oba da mídia grande fez pipocar diariamente o tema corrupção   nas manchetes dos jornais. A opinião pública, levada por esse   jogo mídiatico, criticou as atitudes do presidente Lula, um dos principais   alvos. A redação de Caros Amigos decidiu, então,   lançar uma edição especial Corrupção – Somos   todos desonestos? (setembro de 2005). A repórter Marina Amaral   acompanhou a rotina de um “gerenciador de crises” e revelou o submundo   do nascimento de notícias na grande mídia. Uma reportagem que arrancou elogios da filósofa Marilena Chauí, pela descrição desse universo, que existe e o leitor não vê. 
       
 
    Bairro     de elite de uma grande cidade brasileira. Convite para almoço. O apartamento,     decorado com obras de arte verdadeiras, é sofisticado e aconchegante,     como a mesa farta a cargo da cozinheira com muitos anos de casa. A conversa     não fica atrás: o assunto é política, temperada     com sexo, dinheiro, negócios escusos, traição. Basta     lançar o nome de um rico ou poderoso no ar e a ficha vem no ato: “Fulano? Esse começou a vida em tal lugar etc. e tal”.
 Nosso homem     respira e transpira informação. “Tudo em off”,   ele avisa no começo da conversa, condição de sobrevivência   para o tipo de trabalho que faz. Sua especialidade: “Gerenciador de crises,   assessor de imprensa, lobista”, diz, o que na prática significa   produzir notícias do interesse de seus clientes, políticos e   empresários (às vezes representados por escritórios de   advocacia ou agências de publicidade) que buscam projeção   ou reversão de prejuízos causados por denúncias na mídia. 
 Ele explica     que a função do lobista que atua na imprensa é influenciar   jornalistas à imagem e semelhança dos lobistas contratados para   trabalhar no Congresso, esses com a missão de “sensibilizar” parlamentares.   Também há pontos comuns entre seu trabalho e o do assessor de   imprensa convencional, a principal diferença está no modo como   atua: em vez de mandar releases e disparar telefonemas burocráticos,   o lobista da comunicação se converte em “fonte” dos   jornalistas, oferecendo notícias, dando a “ficha” de personalidades   emergentes na imprensa, repassando as últimas sobre o assunto em voga.   A reputação de homem bem-informado que sempre tem algo a oferecer   aos jornalistas é a alma do negócio.
   Gerenciador             de crises, assessor de imprensa, lobista”, diz, o que         na prática significa produzir notícias do interesse de seus     clientes, políticos e empresários.
  “Toda fonte é lobista e todo lobby envolve dinheiro”, afirma,   referindo-se aos que, como ele, são consultados diariamente pelos jornalistas   e colunistas em busca de novidade. “A fonte passa informações   porque é a melhor maneira de interferir nas notícias, esteja   ela a serviço dos interesses de seus clientes ou de seus próprios   negócios. Os maiores lobistas são os políticos. Os senadores   Jorge Bornhausen e Antônio Carlos Magalhães, por exemplo, que   estão entre as grandes fontes dos jornalistas políticos brasileiros,   têm interesses empresariais, não apenas políticos. O Bornhausen é lobista da Febraban, o ACM defende suas empreiteiras, suas construtoras.”
        
“E os jornalistas confiam no que eles dizem?” Ele dá sua explicação: “A  informação é a moeda de troca com o jornalista. A fonte         não pode mentir nem passar notícias não comprovadas sem         deixar claro que não tem certeza do que está dizendo, e o jornalista         jamais pode revelar a fonte. É uma relação de confiança         mútua. Há coisas que não há como checar, uma pista         falsa pode atrasar muito uma matéria, têm de confiar e pronto. E         eles conhecem os interesses das fontes, publicam também os assuntos que         sugerimos. Mas não há nada de errado nisso, porque as fontes com         credibilidade passam informações verdadeiras e que realmente são         notícia. O lobista, como o jornalista, tem a vertigem da notícia”. “Sempre é assim?”,         insisto. Ele responde: “Todo jornalista um dia vai ouvir da fonte: ‘Eu         preciso que você me faça um favor’. Isso significa que a fonte         precisa “plantar” uma nota, que pode ser uma meia-verdade ou quase         uma inverdade, e aí cabe ao jornalista decidir o que faz”.
       A maioria         dos lobistas trabalha em parceria com as colunas de política de         Brasília, de gente como o ex-secretário de Comunicação         de Collor, o jornalista Cláudio Humberto, ou ex-publicitários         como Ucho Haddad e Giba Um. Aqueles que têm maior “sintonia” com         a fonte recebem de presente as notas mais quentes, aquelas que antecipam         escândalos e dão peso às colunas, que atuam na fronteira         entre o boato e a informação. Algumas são escritas         em linguagem cifrada com o objetivo de “avisar” políticos         e empresários de que tem gente na “cola” deles, o         que quase sempre significa emprego para mais um lobista, encarregado         de “desaparecer” com a informação antes que         ela ganhe as colunas políticas e sociais dos jornais, de maior         credibilidade.
    “Eu leio jornal e sei direitinho quem está trabalhando pra quem,   quem está ‘plantando’ contra quem. Um dos piores erros do   PT foi a plantação de notícias de um dirigente contra   outro, abriram o flanco para a mídia, acreditaram que tinham na mão   gente que eles não controlam de fato”, diz nosso homem, que incluiu   também a Internet entre suas ferramentas de trabalho. Todos os dias,   ele envia e-mails com informações que favorecem seus clientes   a 90.000 endereços usando remetentes frios e provedores de fora do Brasil. “E   isso funciona?” “Faz um barulho danado”, ele responde, explicando   que compensa a falta de credibilidade do anonimato postando apenas “as matérias que já consegui publicar em veículos respeitados”.
     Em vez de mandar releases e disparar telefonemas burocráticos, o lobista da comunicação se converte em “fonte” dos  jornalistas.
   Enquanto conversamos, o celular toca sem parar. Colunistas políticos,   repórteres da grande imprensa, clientes ou amigos interessados no desenrolar   do escândalo do “mensalão” são recebidos com   a piada sobre os três ternos que o vice Alencar mandou fazer (um preto,   para o caso de suicídio do presidente, um azul-marinho, para posse,   e um cinza, para o primeiro dia de trabalho). Aos colunistas, ele passa notas   quase prontas; aos repórteres dos jornais e das semanais indica fontes   dispostas a botar lenha na fogueira – a amante de fulano, a secretária   de sicrano, a ex-mulher de beltrano. Também dá dicas de histórias   que, garante, valem uma checagem: a sugestão do dia é investigar   uma empresa de informática que o filho do presidente abriu no Brás,   assunto que apareceria na mídia três semanas depois. Aos clientes,   alguns de capitais distantes, reserva a análise de conjuntura antecipada   pela piada dos ternos de Alencar: “Sim, o presidente Lula vai cair”.   Seguido da explicação: “CPI é que nem suruba, depois que começa, ninguém controla”. 
 Se depender     dele, a suruba continua. Para quem vive de informação,   como bem sabem os donos das empresas de comunicação, escândalos   e campanhas eleitorais são os grandes momentos de ganhar dinheiro tanto   pelo que se divulga como pelo que se deixa de divulgar. Também é um   ambiente favorável para abafar outros escândalos e relevar pecadilhos   como sonegação de impostos, concorrência desleal, e outros   tormentos jurídicos. “E como o lobista se informa?”, pergunto,   perplexa com a quantidade de notícias que ele tira da cartola a cada   telefonema. 
 “Depende do meio que ele circula”, explica. “Eu trabalho   principalmente com o meu círculo de amigos. Entrei na política   aos 18 anos, fui assessor parlamentar, secretário de prefeito, fiz muitas   campanhas eleitorais. Você tem idéia de quantos dossiês   circulam em uma campanha eleitoral? Então, as eleições   passam e os dossiês ficam, a gente acaba sabendo de tudo. Também   fui assessor de imprensa e lobista de grandes empresas, venho acumulando informação   há décadas. Conheço todo mundo que interessa, circulo   nos lugares certos, levanto a ficha de qualquer um na hora em que quiser. Sei   exatamente para quem ligar conforme o caso”, diz, sem esconder o orgulho   profissional.
 E nesse     caso? Ele acredita na corrupção do PT? “Todo governo é corrupto,   não há como ganhar eleição sem caixa dois e quem   está no governo faz o caixa no governo, com o dinheiro público   que escoa por três ralos: obras públicas, propaganda e informática.   As empreiteiras tiveram seu auge no governo militar, perderam com as privatizações   e a redução de obras nos últimos anos, e entraram no ramo   dos serviços públicos, daí os escândalos nos contratos   de lixo, por exemplo, de tantas prefeituras. Mas agora o grosso do caixa dois   dos partidos vem dos contratos de publicidade – esse Marcos Valério,   por exemplo, operava para os tucanos mineiros desde 1997. A informática é o   filão mais recente de grandes contratos públicos e está se   tornando um grande formador de caixa. O PT aderiu ao esquema dos contratos   de publicidade superfaturados, das propinas nas estatais, de conseguir dinheiro   nos bancos investindo naqueles que colaboram com o partido a bolada dos fundos de pensão”, opina. 
   Há coisas que não há como checar, uma pista falsa        
        pode atrasar muito uma matéria, têm de confiar e pronto.
        E         eles conhecem os interesses das fontes, publicam
        também os assuntos     que sugerimos.
   Mais uma     ligação, mas dessa vez nosso homem não passa   informação, recebe. A fonte é o repórter de uma   revista semanal envolvido com uma polêmica entrevista com aquela que   seria apresentada como testemunha-chave da CPI dos Correios. No próximo   telefonema, a informação recebida segue seu caminho, repassada   a outro jornalista: “Sim, a ‘testemunha’ vai confirmar, não   tem outro jeito, as três fitas gravadas com a entrevista estão   no cofre da editora há nove meses, se o repórter for convocado a depor, as fitas serão entregues aos membros da CPI”.
 O que pode     parecer um vazamento de informação é na verdade   prestação de serviço para dois amigos: o que fez a entrevista – cuja   autenticidade vinha sendo questionada pelo longo tempo em que ficou “na   gaveta” e por ter sido desmentida anteriormente pela entrevistada – e   o que recebeu a notícia, aparentemente em primeira mão. Pergunto   quanto do seu trabalho é pago, já que perde tanto tempo fazendo   favores aos amigos. “Noventa por cento”, revela para em seguida   corrigir, com humor: “Agora, o percentual caiu, porque não estou   ganhando nada para ajudar a derrubar o governo, é trabalho voluntário”. 
          
Foi           na segunda visita que fiz a seu apartamento, já com a CPI dos Correios           a pleno vapor, que ele me mostrou até onde ia seu empenho como “voluntário”.           Com a televisão ligada no depoimento de um dos acusados de operar           o “esquema do mensalão”, ele se comunicava com alguém           que estava na CPI através de um de seus três celulares. “Os           arapongas estão assanhados, a Polícia Federal também,           um dos meus   telefones está grampeado”, explica. 
       Antes de testemunhar mais uma tarde de seu trabalho, peço autorização         para escrever sobre o que presenciei em minha outra visita e perguntar mais sobre         a sua profissão. Explico que, mais do que as informações         sobre o escândalo, o que me interessa é mostrar de que modo circulam         as informações, como os escândalos que caem nas graças         da imprensa são alimentados com tanta rapidez. Ele concorda, desde que         sua identidade seja preservada. Vai até o computador, abre o correio eletrônico         e me chama para ver uma mensagem recém-enviada a um assessor parlamentar         de um deputado da oposição, com quem falava no celular quando         cheguei. 
    Para minha     surpresa, é um e-mail enorme, contendo dez perguntas dirigidas   ao sujeito que depõe nesse mesmo momento na CPI, acompanhadas de detalhes   sobre a vida do “alvo” sustentando o questionário. O patrimônio,   os contatos, as viagens de avião (acompanhadas dos prefixos dos jatos),   os nomes que teriam sido indicados pelo acusado para ocupar cargos públicos,   as empresas que teriam contribuído com o caixa dois, está tudo ali, de bandeja. “Dinamite pura, hein? Esse governo cai”, comemora.
   Aos             colunistas, ele passa notas quase prontas;
          aos repórteres     dos jornais e das semanais indica
    fontes dispostas a botar lenha na fogueira.
   “E por que derrubar o governo?”, pergunto, começando a   duvidar que tanto empenho seja realmente “voluntário”, como   ele diz. A resposta não poderia ser mais surpreendente vinda de um homem   que se declara de direita e que ganha dinheiro como lobista profissional: “Porque   o Lula foi uma decepção, não fez nada pelos pobres, se vendeu ao FMI”. 
 Ele acha     graça ao perceber minha expressão de descrença. “Você pode   não acreditar, mas, mesmo sendo de direita, defendo a necessidade de   existir um partido de esquerda, um partido que esteja fora do esquema, como   era o PT antes de assumir o governo. Claro, o PT roubou muito menos do que   os outros governos. Em uma única jogada, o governo Fernando Henrique   ganhou três vezes mais, comprando ações lá fora   da Petrobras, por exemplo, dias antes de comunicar ao mercado a exploração   de mais um campo de petróleo, vendendo os papéis logo depois   de fazer o anúncio oficial da descoberta, o que triplicou o valor das   ações. Cada notícia de que uma estatal seria privatizada   era precedida da mesma operação: o Sérgio Motta anunciava   que a empresa seria leiloada, as ações subiam vertiginosamente,   e eles vendiam no primeiro dia da alta. Nada de tentar ganhar mais e se arriscar   ao flagrante. Os caras sabiam o que faziam. O PT, não, o PT não   sabe nem pode roubar. A esquerda tem de ser franciscana, não pode se   corromper, tem que fazer como os partidos comunistas europeus, administrar   as prefeituras e ser oposição em âmbito federal. Quem quer   ser governo tem de conhecer o esquema, ter aliados reais, cúmplice de   muitos negócios. O PT não sabe nem como operar: imagine esse   Delúbio, que é um caipirão goiano, um sindicalista militante   do PT, e esse outro Silvinho, que não consegue nem falar português   decentemente, operando esquema! Isso aí é coisa pra quem sabe,   pra Sarney, ACM, Sérgio Motta. Estava na cara que eles iam ser apanhados.”
 Comento     que a imprensa parece escolher sempre a hora de um escândalo   eclodir. Afinal, em setembro do ano passado, o Jornal do Brasil já havia   publicado a história do “mensalão” e a Veja uma matéria   falando das divergências financeiras entre PT e PTB. Por que, a exemplo   da entrevista com a testemunha feita por seu amigo repórter, o escândalo   levou nove meses para explodir? Por que as mesmas informações   não provocaram aquele frenético fluxo de notícias do qual   ele faz parte, como tantas outras “fontes”, lobistas, aquilo que   ele chama de “mercado” da informação?
 “Porque o escândalo ainda não estava maduro”, ele   diz, um tanto enigmaticamente. “Veja, no caso Collor foi a mesma coisa,   um jornalista de uma revista semanal já havia seguido o PC, antecipado   tudo que se diria depois, publicado a matéria, e mesmo assim o caso   só ganhou força com a entrevista do Pedro Collor, seis meses   depois. Era o momento de o Collor cair, já não interessava mais   mantê-lo ali.”
 “Não interessava a quem?”, insisto, mesmo sabendo a resposta. “Não   interessava a quem dá as cartas de fato, aos donos do poder, do dinheiro,   do esquema. O governo do PT estava se tornando uma ditadura pior que a dos   milicos, tentou enquadrar a imprensa com aquele conselho de ética, usa   a Polícia Federal para fazer terrorismo, invadindo escritórios   de advocacia, prendendo empresários trabalhadores por sonegação,   por caixa dois, coisa que todo mundo faz neste país, até porque   a carga tributária impede o trabalho cem por cento honesto”, justifica. “Eles   não merecem confiança, são bolcheviques, roubam para a   causa. Claro, tem gente ganhando pra si também, mas não é essa   a cabeça deles, pensam que estão acima do bem e do mal, que têm   o monopólio da ética. São arrogantes, tratam todo mundo   como se fossem melhores do que os outros, só podia acontecer isso mesmo”,   comenta.
   “Todo             governo é corrupto, não há como ganhar eleição             sem caixa dois e quem está no governo faz o caixa no governo”.
  Antes de     me despedir, uma pergunta: “Você disse que lobby sempre envolve dinheiro. E no caso dos jornalistas isso não rola?”
 Ele defende     os companheiros de trabalho: “Hoje em dia é muito   raro, os jornalistas são sérios, o que querem é informação.   Claro, um colunista que tem o patrocínio de determinada empresa não   vai escrever contra ela, assim como os donos de jornais e revistas têm   suas preferências políticas. Não são movidos a propina,   mas têm seus aliados. No governo FHC houve uma quantidade enorme de escândalos   abafados”. 
 Vai até uma gaveta, tira uns papéis e empilha na mesa. “Olha,   tudo isso aqui me foi entregue na última campanha por um político   do PFL”, conta. Dou uma olhada nos papéis. Há denúncias   contra o filho de FHC que teria ganhado dinheiro como lobista durante os governos   do pai, um dossiê contra um ex-ministro que seria sócio oculto   de empresas que atuavam no setor que fiscalizava, documentações   de transações suspeitas envolvendo membros de governos anteriores   e empresas privadas, notícias de desvio de dinheiro que teria sido feito por familiares e assessores de governantes. 
 “Isso ficou parado porque o político para quem eu trabalhava   não quis usar, e eu sabia que não interessava à grande   imprensa, claramente a favor dos tucanos”, explica.
 Cito o     nome de um repórter, apontado como “contratado” de   um grande grupo privado para plantar matérias do interesse do cliente   na revista em que trabalha, cujo dono também é acusado de vender   matérias de capa a empresários em dificuldades. Acrescento que   há conversas gravadas e e-mails por trás das denúncias   publicadas por outra revista semanal, essa fora de seu círculo de relações.   Ele afirma ser amigo de ambos os denunciados e acrescenta, irônico: “Foi   nessa revista que saiu? Então não faz mal. Essa ninguém   lê”. Ele sentencia isso, embora a tiragem de ambas as revistas – denunciada   e denunciante – seja praticamente a mesma. 
 O telefone toca mais uma vez. Ele pede um momento ao interlocutor, e me acompanha até a porta. Mas não resiste a antecipar a novidade com que brindará mais esse jornalista: “Vão pegar a filha do presidente agora, um contrato dela com uma empresa sustentada por um banco estadual federalizado. Pode anotar, o Lula já era”.
 
  Marina Amaral é jornalista.
Fonte: Caros Amigos

Como nascem as notícias - o dia-a-dia de um "gerenciador de crises".