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Marina Silva
Editorial Correio da Cidadania
A notícia de que a senadora Marina Silva decidiu candidatar-se a presidente da República é como uma nesga de céu azul em dia escuro e chuvoso.
Caso ela venha realmente a disputar o cargo, a campanha eleitoral de 2010, que parecia estar se configurando como uma enfadonha disputa entre dois candidatos do mesmo partido – o Partido da Ordem Estabelecida –, pode dar origem a um debate que fuja dos ataques pessoais e sirva para elevar o nível de politização do povo.
Tudo, porém, vai depender da escolha que a senadora fizer a respeito da linha da sua campanha.
Se escolher a plataforma tradicional dos "verdes", que alinha as soluções para a defesa do meio ambiente dentro do regime capitalista, o debate não será muito promissor. No seu compreensível afã de não alargar o campo da disputa, a fim de conseguir aliados de todos os lados, os "verdes" ainda não perceberam a impossibilidade de defender o meio ambiente sem reduzir a rentabilidade do capital. Não perceberam que a questão ambiental não é simplesmente técnica, mas política, e que não ampliarão suas forças se não tocarem na essência do problema.
Ora, como todos sabemos, o regime econômico e político no qual vivemos repousa fundamentalmente na acumulação infinita do capital. O melhor exemplo disto é observar, na crise econômica atual, o esforço que os governos de todos os países estão fazendo para normalizar o mais depressa possível o processo de acumulação, sem qualquer consideração a respeito dos terríveis efeitos, tanto na população como no meio ambiente, das medidas que estão adotando.
A clara lição dos fatos é que as medidas de defesa do meio ambiente não serão aplicadas enquanto a acumulação do capital for o fundamento da vida social.
Iludir-se-á, portanto, a senadora se imaginar que, como presidenta da República poderá fazer o que não pôde fazer enquanto foi ministra do Meio Ambiente.
Contudo, mesmo se escolher esse discurso limitado, sua candidatura é melhor para o Brasil do que o repetitivo debate sobre as qualidades e defeitos dos dois candidatos do Partido da Ordem.
Acontece que a senadora tem tudo para escolher outro discurso: a exposição clara das verdadeiras causas da agressão à natureza. Nesta hipótese, sua candidatura constituirá, sem dúvida, um marco importante no processo de tomada de consciência das massas a respeito da ruptura do "status quo", sem a qual nenhum de seus problemas será resolvido.
Fonte: Correio da Cidadania
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Um comentário:
Alê,
Já começa o convite para o REAL combate, a questão essencial não periférica:
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/valter-pomar-a-direita-joga-verde/
E, outro sitio que acho legal para aprofundar a quetão está em
http://descurvo.blogspot.com/
em 15 de agosto há um trecho que destaco:
"Do desastre da educação pública agravado nos dias da suposta democracia em que vivemos até o desmonte da Igreja Católica por ela mesma - passando pela lumpenização desse proletariado urbano no Governo FHC "
Lá no meio tem um longo texto acadêmico -uma dissertação na verdade - sobre a lumpenização da Educação; é uma analise profunda do fenômeno que hoje vivenciamos.
AndreB
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