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por Gilvan Rocha*
No momento em que surgia a desigualdade social, nasceu o IMPÉRIO DA MENTIRA. Sem ele, não poderiam existir as desigualdades sociais. Elas não se sustentariam.
Nas minhas longas andanças, nunca ouvi falar que alguém foi preso porque mentiu. Pelo contrário, a história tem mostrado que muitos foram presos e até assassinados justamente por falar a verdade. Lembram-se de Galileu? Por pouco ele escapou da morte por ter falado uma verdade que não casava bem com a mentira dos doutos. Lembram-se de Darwin, que mergulhou na depressão pelo fato de sua verdade sobre a origem da vida ter sido rejeitada pelos "sábios", donos da mentira?
Muito forte é o IMPÉRIO DA MENTIRA. Ao lado dele, estão o Papa, os mulás, os cardeais, os generais e os festejados catedráticos. Ao seu lado está à grande mídia, assim como a família, que inocentemente a repete de geração em geração.
O IMPÉRIO DA MENTIRA, sustentação da desigualdade, reina livremente. Dá-se um fenômeno bastante intrigante, porém necessário. A mentira política é dita vastamente, por todos os meios, sem nenhuma censura, sem nenhuma restrição. Enquanto isso a verdade é dita por poucos, pouquíssimos. A verdade, portanto, é um segredo que serve para resguardar privilégios e esconder as causas das perversões sociais
Recentemente denunciei uma mentira deslavada, transmitida para milhões de brasileiros. Diziam eles, para agradar o povo, uma grossa mentira. Diziam que o pão, o leite, o hospital, a escola, estavam em falta para o povo por uma única razão: a prática da corrupção. Ora, a verdade é que a corrupção agrava os problemas sociais, é um cancro, filho legítimo do capitalismo, este, sim, a causa de todas as misérias sociais.
Este meu discurso foi reprovado por alguns poucos, sob o argumento de que, embora sendo verdadeiro, não deveria tê-lo feito publicamente e, sim, internamente nas instâncias do partido criticado. Veja-se: a mentira seria dita para milhões, enquanto a verdade deveria ser dita para uma restritíssima minoria, entre quatro paredes. Esse é o método exitoso stalinista de calar a verdade.
*Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP
Fonte: Correio da Cidadania
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