Movimento negro organiza manifestação por conta do Caso Januário
Por Redação Afropress
Cinquenta entidades do Movimento Negro de S. Paulo se reúnem nesta terça-feira (25/08), às 18h, na sede do Coletivo de Empresários e Empreendedores Afro-Brasileiros (Ceabre)na Av. S. João, para marcar a data de um grande ato em protesto à violência racista que atingiu o funcionário da USP e técnico em eletrônica, Januário Alves de Santana, espancado barbaramente por seguranças, em um quartinho do Carrefour de Osasco, "suspeito" de roubar o próprio carro.
O ato deverá ser realizado em frente à sede do Carrefour, no bairro do Morumbi, zona sul de S. Paulo. Segundo Julião Vieira, coordenador de Educação e Formação Política da União de Negros pela Igualdade – entidade que reúne ativistas próximos ou ligados ao PC do B – a ideia é fazer uma grande manifestação unitária – independente de partidos - para expressar o repúdio, não apenas da população negra, mas da sociedade, aos repetidos atos de violência e desrespeito aos direitos humanos que vem sendo praticados por seguranças do hipermercado.
Um repúdio à violência
Para tentar amenizar o desgaste sofrido com o Caso Januário, a empresa anunciou na semana passada a exoneração da gerência de Osasco e o rompimento do contrato com a Empresa Nacional de Segurança Ltda.
Na reunião desta terça, também participarão representantes da Conen, Coordenação Nacional de Entidades Negras – composta por ativistas ligados ou próximos ao PT – do Círculo Palmarino, formado por ativistas do PSOL e lideranças independentes, não necessariamente ligadas a partidos.
Também deverão estar presentes representantes dos deputados Vicente Cândido, respectivamente, responsável pelo SOS Racismo da Assembléia Legislativa e coordenador da Frente Parlamentar pela Igualdade Racial de S. Paulo. No sábado, ativistas da Frente 3 de Fevereiro fizeram protesto em frente a loja do hipermercado, em Osasco.
Segundo Julião, a proposta é combinar a realização de um grande ato em São Paulo, com um dia de manifestações em todo o país. “Vamos propor as entidades nacionais que, em determinado dia a ser marcado, em todo o país, os negros convoquem a população para protestos em frente a lojas desse hipermercado”, afirmou.
Audiência Pública
Também na Câmara Municipal de S. Paulo, o vereador Jamil Murad, do PC do B, apresentará uma moção de repúdio na sessão desta terça-feira, pela violência praticada por seguranças contra Januário Alves de Santana.
Jamil deverá propor a Comissão de Direitos Humanos da Câmara a realização de uma Audiência Pública, em que deverão ser convidados, o presidente da Rede Carrefour no Brasil, o Grupo Especial de Inclusão Social, do Ministério Público de S. Paulo, o próprio Santana, a Comissão de Direitos Humanos da Cidade de S. Paulo.
Depoimento
Por outro lado, o depoimento inicialmente previsto para esta terça-feira, às 15h, no 9º DP de Osasco, foi adiado. Os advogados Dojival Vieira e Silvio Luiz de Almeida optaram por fazer a representação por escrito e anunciaram que, apesar de está bastante fragilizado e ainda com fortes dores no rosto, Santana está à disposição da delegada Rosângela Máximo da Silva, que preside o inquérito.
Eles o orientaram a buscar atendimento médico e psicológico por causa das dores no rosto - a parte mais atingida na sessão de espancamentos em que teve a prótese dentária arracanda a socos - e também porque não tem conseguido dormir. “Ele permanece em claro à noite e tem pesadelos”, contou a mulher Maria dos Remédios.
Numa entrevista ontem ao vivo, no Programa Manhã Maior, da Rede TV, Santana contou que, tem passado às noites em claro e perdeu peso.
Fonte: Afropress.
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O Dia Em Que o Morro Descer e Não For Carnavalsamba de Wilson das Neves
O dia em que o morro descer e não for carnaval
ninguém vai ficar pra assistir o desfile final
na entrada rajada de fogos pra quem nunca viu
vai ser de escopeta, metralha, granada e fuzil
(é a guerra civil)
No dia em que o morro descer e não for carnaval
não vai nem dar tempo de ter o ensaio geral
e cada uma ala da escola será uma quadrilha
a evolução já vai ser de guerrilha
e a alegoria um tremendo arsenal
o tema do enredo vai ser a cidade partida
no dia em que o couro comer na avenida
se o morro descer e não for carnaval
O povo virá de cortiço, alagado e favela
mostrando a miséria sobre a passarela
sem a fantasia que sai no jornal
vai ser uma única escola, uma só bateria
quem vai ser jurado? Ninguém gostaria
que desfile assim não vai ter nada igual
Não tem órgão oficial, nem governo, nem Liga
nem autoridade que compre essa briga
ninguém sabe a força desse pessoal
melhor é o Poder devolver à esse povo a alegria
senão todo mundo vai sambar no dia
em que o morro descer e não for carnaval.
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Um comentário:
Estamos juntos, Alê!
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