por Wálter Fanganiello Maierovitch
Amanhã, quinta feira, serão realizadas as eleições para presidente da República Islâmica do Afeganistão e para os cargos de conselheiros provinciais, como já destacado em matéria deste blog Sem Fronteiras de Terra Magazine.
Poderá embolsar cinquenta dólares (US$50) aquele que quiser vender o voto para Hamid Karzai, que concorre à reeleição e está no poder desde 05 de dezembro de 2001.
O candidato a vice-presidente na chapa de Karzai, o militar Fahim, é quem comanda a compra de votos, conforme matéria levantada pela BBC de Londres.
Não bastasse, cédulas oficiais em branco podem ser compradas por até hum mil dólares. E o preço deverá subir até amanhã, dia do pleito. Para o Conselho Provincial concorrem 7 mil candidatos. Apenas 41 afegãos, sendo duas mulheres, disputam a presidência.
No mercado, é grande a demanda pela compra ou locação de um título eleitoral. Comenta-se que o eleitor intimidado pelos ataques e ameaças dos talebans pode ficar “tentado” a vender ou alugar o título.
Muita grana, para compra de votos, foi colocada no mercado pelos traficantes de drogas. Segundo levantamento das agências norte-americanas, o mercado do ópio no Afeganistão movimentou cerca de 80 milhões de dólares.
O jornal alemão Ster, a propósito, deu a informação sobre a apreensão de toneladas de ópio em Kandahar (terceira maior cidade do Afeganistão), numa fazenda do irmão do presidente Karzai, de nome Ahmad Wali.
Numa pesquisa sobre tendências eleitorais, o candidato mais cotado para vencer foi Karzai. No entanto, não há certeza de que vencerá no primeiro turno.
Na última pesquisa, Karzai apareceu com 45% dos votos. Como nesta semana retornou do exílio o anistiado general Rashid Dostum, antigo opositor e um dos que bombardeavam a capital Cabul, o presidente Karzai terá os votos dos seus seguidores.
Mais ainda, com o sinal verde para a aprovação do “ projeto de lei sobre dever da esposa xiita de se submeter ao coito e direito do marido de deixá-la sem comida em caso de negativa” (confira post abaixo publicada por este blog Sem Fronteiras), o presidente sunita Karzai espera chegar à vitória no primeiro turno: os islâmicos xiitas representam 15% da população, ao passo que os sunitas 84%.
Karzai, da etnia pastum (pasthun), tem como principal adversário o tajique Abdullah Abdulah. A etnia pastum representa 38% de uma população calculada em 15 milhões de afegãos. Os tajique ficam com 25%. As demais etnias com presença marcante no Afeganistão são as seguintes: hazari (19%) uzbeques (6%), turcomanos (2%).
Abdullah, ex-ministro das relações exteriores, é o sucessor do imortal comandante Massud, da Liga Norte, que se destacou na expulsão dos soviéticos e no combate aos fundamentalistas talebans. Massud foi assassinado em setembro de 2001, dias antes do ataque alqaedista às torres Gêmeas e ao Pentágono.
Ontem, os talebans mostraram que o aviso por meio de volantes espalhados é para valer. Nos volantes, o comando central dos talebans avisou que irá bombardear os locais de votação (700 postos programados) e o eleitor será considerado infiel. Para os radicais talebans e os afegãos ligados a Al Qaeda, existem apenas os ungidos por Alá e não os eleitos pelo homem.
Para se ter idéia do perigo dos talebans, ontem dois morteiros explodiram no centro de Cabul. Um deles atingiu o palácio presidencial. O segundo acertou o muro do edifício sede da polícia afegã.
Fora isso, um kamicaze taleban explodiu bem próximo a um comboio da NATO-Isaf, na avenida Jalalabad. Resultado: 10 mortos e 50 feridos graves.
Para os analistas internacionais, a população está amedrontada e muitos deixarão de votar.
Pano Rápido. Não será apenas o medo que afastará das urnas os afegãos.
Até pipas e burkas sabem que haverá fraude eleitoral e a compra de votos ficou escancarada.
Dos 7000 postos de coleta de votos, já se sabe que 440 estarão fechados, pois localizados em territórios sob influência dos talebans. E nos territórios controlados pelos talebans ninguém votará.
O descrédito nos políticos é alto, dada a grande corrupção, caracterizada pelo desvio de ajuda financeira fornecida pelo governo do ex-presidente George W. Bush.
Não foi sem causa que o presidente Barack Obama resolveu dar prioridade ao Afeganistão, na luta contra o terror.
Fonte: Blog Sem Fronteirs do Wálter Fanganiello Maierovitch - Terra Magazine
::
Nenhum comentário:
Postar um comentário