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por Eliakim Araújo
Videla, Viola, Galtieri e Bignone.
Parece uma linha de zagueiros de alguma seleção argentina, não? Na verdade, são os sobrenomes dos quatro militares que governaram o país no período de 1976 a 1983, quando a América Latina conheceu uma das mais sangrentas ditaduras de que se tem notícia.
Depois de derrubar a presidente Maria Estela (Isabelita) Martinez de Perón, pela qual fora nomeado comandante em chefe do Exército, o General Jorge Videla implantou no país vizinho um regime de força, onde os direitos humanos viraram letra morta, na mais pura acepção da palavra. Videla foi o que governou mais tempo, de 76 a 81, e sem dúvida o mais cruel de todos. Tortura, assassinatos e desaparecimento de intelectuais e oposicionistas viraram rotina. No curto espaço de sete anos, trinta mil pessoas foram mortas ou desapareceram nos porões da ditadura argentina.
Dos quatro, apenas Videla e Bignone estão vivos. Ambos tiveram que acertar as contas com a justiça por crime de genocídio. Condenados, vivem hoje em prisão domiciliar (têm mais de 80 anos), depois de passarem uns poucos anos atrás das grades.
Com certeza, a condenação desses e de outros carrascos da repressão na Argentina não vai consolar os corações de mães, mulheres e filhos das vítimas. Na história do país, fica irremediavelmente uma dolorosa mancha.
Esse triste episódio da história da Argentina é agora relembrado todos os anos no dia 24 de março, quando se comemora o Dia Nacional da Memória pela Verdade e Justiça, um feriado instituído há três anos pelo ex-presidente Kirchner. Na última terça-feira, milhares de pessoas ocuparam as ruas de Buenos Aires e outras cidades do país para relembrar os mortos e pedir justiça. As mães de Plaza de Mayo, mulheres que durante décadas têm cobrado justiça e a entrega dos restos mortais de seus filhos, e que hoje já são avós, lideraram a passeata.
A dor e a luta das mães da Plaza de Mayo sempre me impressionaram. Tanto quanto elas, mães brasileiras choram até hoje a morte e o desaparecimento de seus filhos abatidos pela repressão da ditadura militar brasileira. Não tantas quanto as argentinas, mas igualmente sofridas e vítimas do mesmo terrorismo do estado.
Por isso mesmo, dá um certo asco lembrar do editorial da Folha de São Paulo que classificou as ditaduras em mais ou menos brandas, de acordo com o número de mortos. A expressão “ditabranda” entra para a galeria do pensamento estúpido da mídia brasileira, sobretudo porque partiu de um jornal sabidamente cúmplice editorial e material do golpe de 1964.
Mudando de assunto. O que dói nos adversários do presidente Lula é que suas frases matam a pau. Logo que o novo governo norte-americano tomou posse, ele definiu com precisão: “Obama está com um pepinaço nas mãos”.
Semana passada, diante de Gordon Brown, o primeiro-ministro inglês, ele usou uma expressão em sentido figurado para dizer quem são os responsáveis pelo aperto que o mundo está passando: “A crise foi causada por comportamentos irracionais de gente branca de olhos azuis, que antes pareciam saber de tudo e agora demonstram não saber de nada”.
Nada mais perfeito, sobretudo quando o FMI, não faz muito tempo, ditava a cartilha para os subdesenvolvidos. E as agências de risco, hoje completamente desmoralizadas, colocavam o Brasil entre os países mais perigosos para se investir.
Fonte: Direto da Redação
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