segunda-feira, 30 de março de 2009

COBERTURA DO CONGRESSO - O que os repórteres não viram

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por Alberto Dines

A mídia reagiu muito bem no fim de semana às revelações sobre os abusos administrativos nas duas casas do Congresso. Mas o que chama a atenção é o ar de espanto.

A mídia não deveria ser a penúltima a saber, deveria ser a primeira. Ela é quem deveria zelar pelos bons costumes parlamentares. O alarme deveria ter soado há mais tempo, em letra de forma.

Será que os repórteres que há anos freqüentam a Câmara nunca perceberam a fila diária de funcionários no início da noite para bater o ponto e receber as horas extras? Além do imponente Salão Verde, as equipes de TV não deveriam percorrer as demais dependências do Congresso para mostrar aos cidadãos como se comportam os seus representantes e aqueles que os servem? Ou jornalista só deve investigar aquilo que está na pauta?

O senador José Sarney (PMDB-AP) anda se lamuriando de que não pode ser responsabilizado pelos descalabros na Câmara Alta – afinal, só foi eleito no início de fevereiro. Mas ele era candidato desde o fim do ano passado; seu preposto e antecessor, Garibaldi Alves, ocupou a presidência por mais de um ano e outro parceiro, Renan Calheiros, presidiu o Senado durante grande parte do biênio anterior.

Pauta escondida

Onde estava a mídia que jamais se espantou com a tremenda farra parlamentar? E a multidão de assessores de imprensa com diploma de jornalista que trabalha no Congresso, a quem deve servir? Aos congressistas omissos que os empregam ou à sociedade que lhes paga os salários?

Este é um escândalo que deixa o caso da Daslu no chinelo. No supermercado do luxo de São Paulo existia uma organização criminosa para lesar o fisco. Em Brasília, no hipermercado de privilégios, graças à falta de curiosidade da imprensa, instalou-se uma rede de prevaricações jamais devassada.

Fonte: Observatório da Imprensa

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