segunda-feira, 30 de março de 2009

Outra tempestade a caminho

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da redação Carta Capital

Benjamin Netanyahu organiza um governo de ultradireita e o Partido Trabalhista derrete a olhos vistos.


Se os deuses primeiro enlouquecem aqueles que desejam destruir, como diziam os trágicos gregos, os sintomas do Estado israelense são mais do que preocupantes. O resultado da eleição de fevereiro consolida-se nesta semana em um governo Frankenstein, a ser formalmente anunciado até 3 de abril. Como esperado, a chefia pertencerá ao Likud de Benjamin Netanyahu. A chancelaria será do racista Avigdor Lieberman. O Ministério da Habitação – encarregado da ocupação de terras árabes e despejo de seus habitantes – será dos fundamentalistas judeus do Shas.

O mais surpreendente é que, embora o Kadima de Tzipi Livni tenha se recusado a apoiar a extrema-direita, o decadente Partido Trabalhista aceitou participar da coalizão e manter Ehud Barak na Defesa. Embora a decisão tenha sido aprovada pelos quadros do partido por 680 a 570 votos, sua divisão e desaparecimento é provável: sete dos treze deputados foram contrários.

É como se Rush Limbaugh, presidente, nomeasse um líder da Ku Klux Klan como secretário de Estado e o pastor Pat Robertson para a área social. E Hillary Clinton aceitasse o Pentágono, rachando o resto do Partido Democrata, enquanto os republicanos moderados ficassem de fora.

Que a direita lidere não é inédito, pois Netanyahu já foi primeiro-ministro de 1996 a 1999. Mas naqueles anos o Likud incluía os moderados de Sharon, Olmert e Livni, e os trabalhistas faziam oposição como grande partido, maior que o Kadima de hoje. Agora, não há freio aos excessos da direita. O novo governo não quer um Estado palestino e prometeu criar mais colônias judaicas junto à parte árabe de Jerusalém. Promete ser não apenas mais um governo instável, como o início de uma tempestade perfeita no Oriente Médio.

Fonte: Carta Capital

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