quinta-feira, 26 de março de 2009

TV Câmara endossou acusações de revista a Protógenes. Mas não tentou ouví-lo

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por Luiz Carlos Azenha

Logo na abertura do programa Comitê de Imprensa que suscitou polêmica o delegado Protógenes Queiroz foi acusado de praticar chantagem e constrangimento através de "arapongagem", mas a TV Câmara, financiada com dinheiro público, nada fez para permitir que um agente público, igualmente pago com dinheiro do contribuinte, tivesse o direito de resposta.

O programa endossou o conteúdo de reportagem da revista Veja que fez as acusações sem notar que elas foram negadas pelo delegado. Protógenes foi indiciado pela Polícia Federal por quebra de sigilo funcional e violação da Lei de Interceptações. No entanto, como se sabe, ele ainda não foi condenado. As provas da arapongagem do delegado Protógenes, se de fato existem, ainda não foram divulgadas.

O programa da TV Câmara ouviu os jornalistas Leandro Fortes, de CartaCapital, e Jailton de Carvalho, de O Globo. O link do programa, que constava do site da TV Câmara, paga com dinheiro público, foi retirado depois que assessores do presidente do STF, Gilmar Mendes, reclamaram do conteúdo.

O diretor da TV Câmara, Manuel Rodrigo Seabra, informou ao site Comunique-se que, diante de reclamações, tentou ouvir o ministro Gilmar e um representante da CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas para incluir no próprio programa um "direito de resposta". E criticou os jornalistas: “Só com jornalista acontece isso. Parece que a gente não obedece o que a gente ensina. O episódio chegou a nos envergonhar por não termos o outro lado, mas essa não é a proposta do programa. Não é um programa para acusar ninguém, é para debater a mídia”.

É verdade: o Manuel não obedece o que ele "ensina". A TV Câmara não tentou ouvir o delegado Protógenes Queiroz, apesar do texto de abertura do programa dizer: "No tempo da ditadura era comum grampo telefônico usado para intimidar e constranger. Pra driblar os arapongas marcavam-se reuniões por telefone. E aí não se comparecia aos encontros. Com a divulgação da arapongagem do delegado Protógenes Queiroz numa reportagem assinada por Alexandre Oltramari e Diego Escotesguy, a gente percebe que o tempo passa, o tempo voa, mas os métodos de constrangimento e chantagem continuam os mesmos, só que cada vez mais sofisticados".

Eu diria que a gente não só percebe que o tempo passa e voa, a gente percebe também que a TV Câmara indicia, processa e condena -- sem dar direito de resposta.

Fonte: Vi o Mundo

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