quarta-feira, 25 de março de 2009

Uma vitória da internet

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da redação Carta Capital

Após ter sucumbido às pressões do presidente do Supremo Federal, Gilmar Mendes, para retirar de seu site a íntegra de uma edição do programa Comitê de Imprensa, que contou com a participação de Leandro Fortes, repórter desta CartaCapital, o canal veiculado à casa parlamentar comandada pelo deputado Michel Temer (PMDB-SP) voltou atrás e colocou novamente na internet o conteúdo então censurado.

Esta edição do programa comandado pelo jornalista Paulo José Cunha, gravada em 11 de março, contou com Jailton de Carvalho, da sucursal de Brasília de O Globo, além de Fortes. O tema do programa, naquele dia, era a reportagem da revista Veja, do fim de semana anterior à gravação, com as revelações contidas no notebook apreendido pela Polícia Federal na casa do delegado Protógenes Queiroz, referentes à Operação Satiagraha.

Em carta aberta endereçada aos jornalistas do País postada no site de CartaCapital na quinta-feira 19, Fortes explica aquele que provavelmente foi o motivo para determinar a censura do conteúdo na web: “Em particular, discordei da tese de contaminação da Satiagraha por conta da participação de agentes da Abin e citei o fato de estar sendo processado por Gilmar Mendes por ter denunciado, nas páginas da revista CartaCapital, os muitos negócios nebulosos que envolvem o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), de propriedade do ministro, farto de contratos sem licitação firmados com órgãos públicos e construído com recursos do Banco do Brasil sobre um terreno comprado ao governo do Distrito Federal, à época do governador Joaquim Roriz, com 80% de desconto.”

Apesar de a censura provocar nenhuma reação ou manifestação dos grandes veículos da mídia nativa, a manifestação de Fortes a partir da página de CartaCapital na internet desencadeou uma pressão que vinha de sites noticiosos independentes, como o de Paulo Henrique Amorim, blogs de jornalistas como Luiz Carlos Azenha e Luis Nassif, e as sedes online de instituições como a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), que chegou a encaminhar à Câmara dos Deputados, mantenedora da TV Câmara, um pedido de esclarecimentos sobre a censura que o programa havia sofrido.

Esta vitória, ainda que pareça pequena, é mais uma amostra de como a internet pode cumprir um papel fundamental na fiscalização das ações do poder onde quer que ele se manifeste, ainda mais em tempos em que a defesa da liberdade de expressão é cada vez mais uma idéia distante do que uma profissão de fé da grande imprensa.

Fonte: Carta Capital

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