quarta-feira, 2 de abril de 2008

Terrorismo midiático é arma política contra a democracia

DECLARAÇÃO DE CARACAS

Encontro inédito realizado em Caracas denuncia prática do terrorismo midiático por parte das grandes empresas de comunicação, acusadas de falsificar informações e agredir permanentemente os povos e governos que lutam pela paz e pela justiça social. O encerramento do I Encontro Latino-Americano contra o Terrorismo Midiático, domingo (30), foi marcado pela debate "Agências contra a guerra midiática", com a participação dos diretores das agências de notícias estatais da Argentina (Télam), Venezuela (ABN), Bolívia (ABI) e Cuba (Prensa Latina). Ao final do encontro que reuniu intelectuais e profissionais da comunicação de 14 países, em Caracas, foi lida a "Declaração de Caracas contra o terrorismo midiático".

A Declaração de Caracas faz um chamado aos chefes de Estado da América Latina e Caribe para que incluam o tema do terrorismo midiático em todas as reuniões e fóruns internacionais. O documento denuncia a prática da falsificação de informações por parte das grandes empresas transnacionais de comunicação, qualificando-a como uma agressão massiva e permanente contra os povos e governos que lutam pela paz, pela justiça social e pela inclusão. “O terrorismo midiático é a primeira expressão e condição necessária do terrorismo militar e econômico que o Norte industrializado emprega para impor à Humanidade sua hegemonia imperial e seu domínio neocolonial”, diz o texto. Como tal, acrescenta, “é inimigo da liberdade, da democracia e da sociedade livre, devendo ser considerado como a peste da cultura contemporânea”.

Em nível regional, diz ainda a declaração, “o terrorismo midiático é utilizado como arma política para a derrubada de governos democráticos de países como Guatemala, Argentina, Chile, Brasil, Panamá, Granada, Haiti, Peru, Bolívia, República Dominicana, Equador, Uruguai e Venezuela, além de estar sendo empregado para sabotar qualquer acordo humanitário ou saída política para o conflito colombiano, regionalizando a guerra na zona andina”.

O evento foi realizado ao mesmo tempo que a reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que também ocorreu na capital venezuelana. O argentino Jorge Steinsleger defendeu que o terrorismo midiático, "é o conceito de liberdade de expressão que rege a SIP".

O fórum contra o terrorismo da mídia contou com a grande participação da população de Caracas e de diversas cidades da Venezuela. Foi necessário disponibilizar televisores no saguão do centro cultural onde ocorre o evento para que todos os interessados pudessem escutar as palestras, uma vez que a sala de exposições não contava com o espaço suficiente para acolher todos os assistentes.

Além dos debates, várias propostas foram apresentadas no encontro. No sábado, o brasileiro Beto Almeida propôs a criação de um fórum latino-americano de redes públicas de TV e um circuito latino-americano de cinema. Na sexta-feira, o jornalista venezuelano Earle Herrera abordou o tema das mídias alternativas e comunitárias, defendendo seu fortalecimento para realizar uma "guerra de guerrilhas das comunicações".

No sábado, foi realizada uma manifestação de rua que passou na frente do edifício onde estava ocorrendo a assembléia da SIP. Um grupo teatral de Caracas encenou a obra "Liberdade de Pressão", dedicada aos meios de comunicação latino-americanos controlados pela direita.

O evento também teve uma exposição do famoso caricaturista cubano Ares, denominada "Liberdade de impressão", na qual são expostas obras que retratam os abusos das grandes empresas informativas e suas conseqüências para os povos latino-americanos.

Tradução: Naila Freitas / Verso Tradutores

Fonte: Agência Carta Maior

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