segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Fidel Castro: Somos e devemos ser socialistas

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O líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, reiterou neste domingo (5) que a produção e a distribuição de alimentos e materiais de construção têm prioridade absoluta no atual momento pelo qual a Ilha passa. Em mais uma de suas reflexões, Fidel assinala que “não somos um país capitalista desenvolvido em crise, cujos líderes enlouquecem hoje buscando soluções entre a depressão, a inflação, a falta de mercados e o desemprego; somos e devemos ser socialistas”.

Leia abaixo a íntegra do artigo, reproduzido da Agência Prensa Latina:


Somos e devemos ser socialistas

Em 2 de outubro passado falamos do preço internacional dos combustíveis que estamos consumindo. Tenho a impressão de que por sua magnitude chamou a atenção de muitos dirigentes e quadros.

Fala-se no geral das porcentagens da população que têm acesso à eletricidade ou outros serviços da vida moderna. Esta pode variar de 40% ou menos até 60% ou um pouco mais; dependerá do acesso aos recursos hidroelétricos ou outros fatores.

Antes de 1º de janeiro de 1959, quase a metade da população de Cuba carecia de eletricidade. Na atualidade, com uma população ao redor de duas vezes maior e amplo acesso a essa energia, seu consumo multiplicou-se várias vezes.

Em nosso país, como em grande parte do mundo, exceto as nações super ricas, essa eletricidade chega por ar com emprego de torres, postes elétricos, transformadores e outros meios, muitos dos quais foram derrubados pelos fortes ventos dos furacões Ike e Gustav ao longo da Ilha.

Um artigo do Granma, assinado por María Julia Mayoral, aponta os destroços na rede elétrica causados por ambos os fenômenos; mas, também, acrescenta que durante a passagem dos furacões os geradores asseguraram a eletricidade a “966 padarias, 207 centros de elaboração de alimentos, 372 emissoras de rádio, 193 hospitais, 496 policlínicos, 635 estações de bombeio de água, 138 lares de idosos, entre outros centros fundamentais.”

“Essa garantia significa… que em muito breve tempo tiveram que desmontar centenas de equipamentos de emergência localizados em entidades produtivas e de serviços, para instalá-los de maneira emergente em lugares sem conexões com o SEN. Isto foi possível graças à ação coordenada de brigadas de montagem de vários organismos, empresas transportadoras e o apoio das autoridades locais. Os meios transladados provisoriamente voltarão aos seus centros de origem quando a situação fique normalizada.”

As palavras, que transcrevo de forma textual, demonstram o desvelo com que os quadros do Partido e do Governo, nacionais e locais, dedicaram-se a buscar soluções.

Considero oportuno recordar que os geradores foram instalados para os seguintes objetivos:

– Garantir serviços vitais como a saúde ou a conservação de alimentos em qualquer circunstância;

– Produções alimentícias industriais como pão, leite e outras similares.

– Assegurar fundições de aço, que não podem ser interrompidas porque causariam graves danos à indústria.

– Serviços de defesa e informações públicas que não podem faltar em nenhum momento. Basta assinalar os próprios centros de Meteorologia e seus radares, que seguem a trajetória dos furacões.

– Geração progressiva de eletricidade com mínimo de consumo, bem mais eficiente que as termoelétricas disponíveis.

Assinalados estes pontos, é necessário recordar que os geradores vão, desde pequenos motores com potência para produzir 40 ou menos quilowatts/hora, até equipamentos a mais de 1 000. Às vezes há que somar vários destes motores, por exemplo, num centro hospitalar com avançado equipamento tecnológico e um sistema de climatização indispensável, que costumam ser grandes consumidores de energia.

Tais motores funcionam com diesel e sua eficiência cresce na medida que aumenta sua capacidade de gerar eletricidade até um ponto determinado. Requerem óleos adequados, reservas de peças, manutenção, etc.

Um número crescente de geradores estão constituídos por motores que são de produção contínua e que consomem outro combustível.

O ideal é que cada centro de produção ou serviços assinalado receba eletricidade do Sistema Eletroenergético Nacional (SEN), com máquinas com mais eficiência que trabalham com fuel oil, de muito menor custo que o diesel, obtido da refinação do petróleo, combustível de crescente uso no transporte de cargas e passageiros, tratores e outros equipamentos agrícolas.

Quando por qualquer causa os geradores que trabalham com diesel se convertem em geradores de eletricidade para as moradias e são submetidos a um regime de trabalho durante 20 horas ou mais, as conseqüências são negativas. Seu destino principal são as emergências e, no desenvolvimento atual de Cuba, um número reduzido de horas/pico.

Dentro dos geradores que consomem hidrocarbonetos, nada pode se comparar com os geradores que trabalham com fuel oil ainda que o investimento seja mais custoso. Por seu peso e complexidade, não podem ser transladados de um lugar a outro em qualquer momento. Nesse sentido, unicamente superam as plantas de ciclo combinado a partir de gás, ao que se extraem previamente o enxofre e outros elementos contaminantes.

É conveniente recordar a necessidade de que nenhum quadro esqueça que não se deve perder um minuto em reintegrar todos os motores que consomem diesel suas funções em municípios e províncias vizinhas assim que cesse a emergência. Temos sérios déficits desse combustível, gasta-se demasiado no país e foi imprescindível reduzir as designações demandadas.

A produção e distribuição de alimentos e materiais de construção, reitero, têm prioridade absoluta nestes momentos. Não somos um país capitalista desenvolvido em crise, cujos líderes enlouquecem hoje buscando soluções entre a depressão, a inflação, a falta de mercados e o desemprego; somos e devemos ser socialistas.

Fidel Castro Ruz
4 de Outubro de 2008

Fonte: Vermelho

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