sábado, 25 de outubro de 2008

PRÊMIO DO EUROPARLAMENTO PARA CASAL DISSIDENTE CHINÊS.

::

por Wálter Fanganiello Maierovitch




foto: Hu Jia e Zeng Jinyan


MILÃO.Hu Jia e a mulher Zeng Jinyan, que já estiveram em cárcere por militância na defesa de direitos humanos e ambientais na China, e agora cumprem pena de 3 anos em prisão domiciliar, foram eleitos, pelo Parlamento europeu para receberem o prêmio Sakharov de Direitos Humanos.

Há pouco e por forte e aberta pressão da China, o casal, Hu e Zeng, deixou de ganhar o Nobel da Paz, que é concedido por decisão de uma comissão indicada pelo parlamento norueguês. Uma vergonha foi a submissão e Alfred Nobel, que deixou estabelecido o prêmio para paz em testamento no ano de 1895, deve ter se debatido na sepultura, com os tremores a se escutar em Oslo, local da entrega desse prêmio.

Ao saber da decisão de outorga do Parlamento Europeu, que representou um tapa de pelica no governo chineses e nos responsáveis pelo Nobel da Paz, o ministro das relações exteriores da China, Liu Jianchao, reagiu: “-Estamos descontentes. A decisão desrespeita a China ao premiar criminosos, condenados por decisão soberana do nosso país”.

A notícia da premiação chegou hoje à China, dia da abertura, em Pequim, da cúpula de países da Ásia e da Europa: o encontro terá a duração de dois dias. O vértice do chamado “Assem” reúne 27 países da Europa e 10 da Ásia. O encontro tem como título “Visões e Ações” e a premier Ângela Merkel vai tentar apagar o mal estar ocorrido no ano passado, quando, sob protesto do governo Chinês, recebeu em Berlim o Dalai Lama.

Hu é um ex-comunista. Na televisão estatal chinesa produzia documentários. A sua esposa Zeng é professora de inglês. O documentarista Hu começou a incomodar o governo quando deliberou apresentar o seu trabalho pela internet e os seus escritos críticos no seu blog. Com o passar do tempo, Hu começou a denunciar graves violações ambientais, a poluição acima dos limites toleráveis, e casos de pessoas oprimidas pelo partido comunista e impossibilitadas de externar suas idéias e posições. Não demorou para a polícia bater na sua porta e encarcerá-lo, sem direito de se defender. No cárcere, ele foi torturado.

Diante da situação, Zeng assumiu o posto do marido e, pelas ruas, saiu com um cartaz com a seguinte frase: “Envergonhem-se”. Na relação das 100 mulheres mais inteligentes do planeta, o Times relacionou Zeng.

Por instigação à subversão, o casal foi condenado com a pena principal de detenção de 3 anos e a acessória de se submeterem a um programa de reeducação.

Quando em prisão domiciliar e na véspera da abertura dos jogos Olímpicos de Pequim o casal fez circular pela internet, em chinês e inglês, a seguinte pergunta: “- Os modernos Jogos Olímpicos sempre voltaram-se a promover a dignidade humana. A China, sede dos jogos, tutela os direitos humanos ?”.

Fonte: Blog do Wálter Fanganiello Maierovitch

::
Share/Save/Bookmark

Nenhum comentário: