por Luis Nassif
A revista Época fez uma entrevista com o juiz De Sanctis. Boa entrevista mas que saiu escondidinha na revista e no site. Os leitores descobriram. Em um dia, centenas e centenas de comentários, 99% contra Gilmar Mendes e a manipulação do grampo pela revista Veja.
Ontem meu colega Ricardo Noblat cobrou esclarecimentos não apenas sobre o tal grampo fantasma da Veja-Gilmar mas também sobre outras armações da revista em relação a grampos. Mais de cem comentários na sua quase totalidade reforçando a cobrança.
Esse episódio Veja-Gilmar representou a maior dissociação entre o trabalho da mídia e da opinião pública desde que me conheço por jornalista. Não se trata de desgaste apenas da Veja, mas de toda a mídia. Não se trata apenas de desgaste da mídia, mas de todas as instituições, se permanecerem caladas a essa chantagem.
Veja jogou com o álibi do anti-lulismo para montar o lobby pró-Daniel Dantas. Nesse episódio do grampo não há mais o álibi: investiu contra a Justiça, contra as investigações, atropelou a lei.
Será humilhante para o país, para suas instituições – incluindo a própria mídia – permitir essa manipulação ampla, meramente por receio da usina de calúnias e chantagens da revista.
A opinião pública tem o direito de saber quem montou esse grampo e quais os objetivos por trás disso.
Por João Vergílio
Na falta de palavras, costumo encostar meu ouvido no silêncio. Ouvem-se coisas interessantes, às vezes. O da grande imprensa, após as conclusões da Polícia Federal, expressavam, se não me engano, uma mensagem ambígua.
Havia os silentes encurralados, típico dos que são pegos com a boca na botija.
Mas havia também os silentes enraivecidos. Por oportunismo em relação a possíveis futuros empregadores, e também por espírito de corpo (ou de patota), engrossaram o cordão puxado pela revista Veja desde o primeiro momento, na esperança de que seus editores tivessem em mãos pelo menos um naco de verdade que lhes desse, na hora H, uma saída argumentativa qualquer. Esfarrapada que fosse, mas uma saída. É tudo o que pediam. Mas, não. Nem isso. Todos sabem, hoje, que aquilo foi mesmo uma fraude. E, aí, os que não tinham levado uns trocados ao longo da história, ficaram quietos, mas putos da vida. O silêncio desses oportunistas furibundos, se não me engano, tem um sentido bem preciso: "Desta vez, passa. Mas, da próxima vez, não contem conosco."
A revista pode ter saído incólume aos olhos de leitores mais toscos. Mas duvido que seus editores tenham saído incólumes aos olhos de seus próprios pares - aqui incluídos, muito particularmente, os que, na direção da revista, talvez tivessem feito exatamente a mesma coisa.
Fonte: Blog do Luis Nassif
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