quinta-feira, 30 de outubro de 2008

JOSÉ SERRA É O “NOSSO GUIA”



Serra é o único “preparado” para
nos salvar de qualquer crise


JOSÉ SERRA É O “NOSSO GUIA”

por Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 2058

Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

.“ A tenacidade e o sangue frio de José Serra fizeram dele o maior vencedor da eleição de domingo. Aliou-se ao PMDB, elegeu seu poste, derrotou os adversários internos e, num lance de SORTE CRONOLÓGICA (sic), habilitou-se para UMA LIDERANÇA POLITICA QUALIFICADA PARA TRATAR COM OS EFEITOS DA CRISE INTERNACIONAL SOBRE A ECONOMIA BRASILEIRA (sic).”

. É assim que começa a colona (*) de Elio Gaspari, hoje, na Folha (da Tarde**) e no Globo, dois baluartes do PiG.

. Gaspari, como se sabe, preside, na sombra da madrugada, a bancada de jornalistas que trabalha à luz do Sol para José Serra.

. Ninguém tem mais ascendência sobre Serra do que Gaspari.

. Nem a filha, Veronica Allende Serra, que mereceu da Istoé Dinheiro (onde pontifica Leonardo Attuch), na Web, um perfil encomiástico.

. Veronica Serra, como se sabe, fez negócios com a irmã de Daniel Dantas na empresa Decidir.Com Inc.

. É “a mulher mais importante da internet brasileira”, diz a IstoÉ de Leonardo Attuch ...

. Nem ela, tão importante, tem sobre José Serra a ascendência que Gaspari tem.

. Serra não dá um passo sem consultar Gaspari.

. A recíproca não é verdadeira, porque Gaspari não leva Serra tão a sério quanto Serra leva Gaspari ...

. Nesta colona de hoje, como sempre, é muito difícil entender o que diz Gaspari.

. Mas, supõe-se que seja o seguinte:

. Serra deu uma sorte danada: ganhou a eleição na hora em que a economia mundial (e brasileira) foi para o saco.

. (Serra e Fernando Henrique co-presidem o movimento “Quanto Pior Melhor”.)

. É o que Gaspari chama de “sorte cronológica” ...

. E por que a “sorte cronológica” ?

. Porque Serra “habilitou-se para uma liderança política”.

. Se o amigo leitor prestar muita atenção e tiver acompanhado a carreira de Gaspari como ghost adviser de Serra, terá percebido que Gaspari quis dizer:

. Só Serra está preparado para resolver a crise.

. Serra, como se sabe, é muito “preparado”.

. “Preparado” para quê, não se sabe.

. Mas é o que seus bajuladores dizem.

. Serra está “preparado” para tudo.

. Essa conversa é velha.

. Serra se vende como o ÚNICO capaz de resolver qualquer crise, há muito tempo.

. Ele sempre teve “sorte cronológica”.

. Quando o Governo do Farol de Alexandria ia à breca – e foi três vezes - , Serra tinha “sorte cronológica” e se apresentava – em off, no PiG - como o que poderia salvar o Brasil, desde que Fernando Henrique o colocasse no lugar do Pedro Malan.

. Na sucessão de Fernando Henrique, quando Serra disse que o Brasil ia virar uma Argentina e a Regina Duarte morria de medo, Serra teve “sorte cronológica”, já que seria o ÚNICO capaz de resolver aquela crise, porque ele é “preparado”.

. Quando estourou a crise financeira corrente, Serra voltou aos colonistas do PiG para “explicar” como administrar o câmbio.

. E já se sabe como é que se resolve o câmbio, para Serra: o câmbio tem que ficar no ponto exato para ajudar as exportações paulistas e impedir a importação de produtos que venham a competir com os produtos paulistas.

. Essa é a “política cambial” de Serra, a “política cambial paulista” do Serra.

. Serra entende tanto de câmbio quanto de Polícia Civil ...

. Mas, ele é “preparado”.

. Na verdade, o Gaspari acaba de transformar o Serra no verdadeiro “Nosso Guia” !

(*) Se refere à “colônia”, dá a idéia de pessoa “colonizada”, submetida ao pensamento hegemônico que se originou na Metrópole e se fortaleceu nos epígonos coloniais. Epígonos esses que, na maioria dos casos, não têm a menor idéia de como a Metrópole funciona, mas a “copiam” como se a ela pertencessem.

(**) Já estava na hora de a Folha tirar os cães de guarda do armário e confessar que foi “Cão de Guarda” do regime militar. Instigado pelo Azenha – clique aqui para ir ao Viomundo – acabei de ler o excelente livro “Cães de Guarda – jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1989”, de Beatriz Kushnir, Boitempo Editorial, que trata das relações especiais da Folha (e a Folha da Tarde) com a repressão dos anos militares. Octavio Frias Filho, publisher da Folha (da Tarde), não quis dar entrevista a Kushnir.

Fonte: Conversa Afiada

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