Ação chega em resposta às ocupações violentas de instituições públicas promovidas por setores opositores
por Igor Ojeda
Correspondente do Brasil de Fato em La Paz (Bolívia)
Os produtores de folha de coca da Coordenadora das Seis Federações do Trópico de Cochabamba iniciaram, nesta quarta-feira (10), um cerco à cidade de Santa Cruz de la Sierra, instalando um ponto de bloqueio na estrada que a liga ao ocidente do país.
A medida forma parte das decisões assumidas na terça-feira (9) pela Coordenadora Nacional para a Mudança (Conalcam, na sigla em espanhol) – entidade composta por organizações sociais bolivianas –, em respaldo ao governo Evo Morales e em resposta às ações violentas postas em marcha no mesmo dia por opositores no departamento de Santa Cruz.
Os movimentos afirmaram que o cerco se manterá até que o governador crucenho, Rubén Costas, renuncie. Costas, junto com o presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz, Branko Marinkovic, é o principal líder das mobilizações locais contra o Executivo.
Eusebio Romero, dirigente cocalero, afirmou que a medida de pressão tem o objetivo, também, fazer com que o Conselho Nacional Democrático (Conalde), organização formada por comitês cívicos e autoridades da meia-lua (Santa Cruz, Tarija, Beni, Pando) e Chuquisaca, suspenda os protestos e inicie um diálogo com o governo.
Romero convocou todas as organizações sindicais e indígenas a se somarem a eles na ação, para bloquear as estradas dos outros departamentos opositores. Além disso, a Federação de Colonizadores de Santa Cruz, que reúne movimentos camponeses, anunciou a ocupação de terras dos latifundiários da região.
Terça-feira foi o dia mais tenso desde o referendo revogatório de 10 de agosto, quando a oposição começou com os protestos, segundo eles, pela devolução aos departamentos de dos recursos petroleiros cortados em parte pelo Executivo para financiar uma bolsa aos idosos, e contra a nova Constituição do país, aprovada em dezembro de 2007.
Pelo menos 22 entidades estatais foram ocupadas e saqueadas em Santa Cruz, Tarija, Beni, Pando e Chuquisaca. Em Beni, três aeroportos foram tomados. Os cívicos locais afirmaram que as instituições em seu poder serão transferidas aos governos departamentais, para que as novas autoridades regionais sejam designadas.
O controle das instituições estatais nas regiões estaria nos marcos dos estatutos autonômicos aprovados pela meia lua por meio de referendos considerados ilegais pelo governo Evo. Em Pando, o governador Leopoldo Fernández já empossou um novo diretor para o escritório regional do Instituto Nacional de Reforma Agrária (INRA), ocupado por cívicos da região. O Executivo qualificou tais ações de “golpe civil”, mas descartou um estado de sítio.
Fonte: Agência Brasil de Fato
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