quarta-feira, 6 de maio de 2009

Fora Gilmar! Renuncia Já!

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Do G1

Por Controle de Qualidade

Xô Gilmar: dentro & fora do STF

Lá dentro, o lustroso Márcio Chaer falava e tentava fazer gracinhas, mas a platéia pouco se interessava. As paredes e o piso de mármore do Salão Branco do Supremo Tribunal Federal reverberam tudo, do tilintar dos copos às conversas no pé do ouvido. Tudo, menos as palavras de Márcio Chaer, abafadas pela reverberação maior dos que não tinham interesse no que estava sendo dito, apesar do transbordante de orgulho do “editor” pelo lançamento de mais uma edição do seu Anuário da Justiça.

Pouca gente, portanto, ouviu Chaer dizer que há juízes que gostam de aparecer e se tornam celebridades, mas não têm o respeito da comunidade jurídica – ou coisa parecida. Quem ouviu Chaer mas não ouve “as ruas”, ficou na dúvida se ele se referia a Fausto de Sanctis ou a Gilmar Mendes – de pé, ao fundo, como um dois de paus e a eterna cara de… bem, aquela cara que todo mundo conhece. Nem tão poucos, porém, perceberam a gafe do jornalista, que encerrou sua longa fala com um “Vamos ao coquetel!”, quando ainda faltava Gilmar falar. Felizmente, o não menos lustroso Gilmar falou pouco, protocolarmente, com sua indefectível voz de ovo na boca. O clima, a essa altura, já era irreversivelmente de “vamos ao coquetel”.

Lá fora, muitas velas acesas, muitas bandeiras (várias do PSOL), faixas de louvação a Joaquim Barbosa (que, naturalmente, não estava presente lá dentro), muito apito e muito barulho. Difícil precisar quantas pessoas participavam da manifestação – mas o barulho era alto. Claro que no Salão Branco ninguém ouvia nada (afinal, não se ouvia nem mesmo o que se falou lá dentro). Mas bastava pisar do lado de fora para que “a voz rouca das ruas” se fizesse ouvir. “Fora Gilmar” e “Renuncia, renuncia” eram as principais palavras de ordem.

Como lá dentro estava abafado e quente, muitos convidados preferiram ficar do lado de fora. Optaram pelo som das ruas, embora não tivessem descido a rampa e atravessado o isolamento. Sorrisos amarelos, risinhos irônicos, comentários à boca pequena.

Gilmar, mais uma vez, não foi às ruas. Renato Parente também não. Mas Dona Guiomar, primeira-dama, saiu para fumar com as amigas. Viu e ouviu, com ar blasé, o apitaço, até que alguém a chamou e ela se desculpou com o grupo porque “o Gilmar está me chamando”. Apagou o cigarro e voltou ao salão. Vários fotógrafos fizeram o caminho inverso: deixaram o salão e desceram para a rua. Os manifestantes reproduziram, no alto-falante, o bate-boca entre Gilmar e Joaquim (sim, este áudio existe!). Depois, deram-se as mãos e entoaram o Hino Nacional. Alguns discursaram, e logo recomeçava o “Fora Gilmar”.

Curiosamente, as paredes do STF não reverberam só por dentro. Os vidros e o mármore ecoam o que é gritado na praça, engrossando involuntariamente o coro. Quem estava descia um pouco a rampa, um pé lá outro cá, tinha a nítida sensação de que, também lá dentro, o que se gritava era “Renuncia! Renuncia!”.

Nota 1: Isto não é uma peça de ficção: meninos, eu vi.

Nota 2: A FAAP é patrocinadora do Anuário, merecedora das mais elogiosas palavras de Chaer.

Nota 3: A FAAP é parceira do IDP, e, juntos, promovem um ciclo de palestras chamado ” FAAP Humanité - Uma Teoria Sobre o Contemporâneo” , ao módico preço (ou “investimento”, como preferem alguns) de R$ 200 por palestra, ou R$ 4 X 495 pelo pacote. A palestra de hoje era sobre “As Angústias do Capitalismo”…

Fonte: Luis Nassif Online

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