terça-feira, 12 de maio de 2009

CRIMINOSOS DE GUERRA

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por Eliakim Araújo

A guerra no Iraque não é feita somente de combates entre militares e insurgentes. Há dolorosas histórias paralelas que nem sempre chegam ao conhecimento do público. Histórias de crueldade e de covardia praticadas pelo exército invasor, ou através de ações oficiais ou por debilóides que se valem da farda e das armas para amedrontar, violentar e assassinar inocentes.

Uma dessas histórias envolve o soldado estadunidense Steven Green e uma menina iraquiana de 14 anos. Steven, hoje com 24 anos, estuprou e matou a menina e, de quebra, assassinou os pais dela e uma irmã menor. Os crimes foram praticados em 2006 e agora Steven está às voltas com a justiça, depois de ter sido expulso do Exército por comportamento inadequado.

Esta semana Steven foi considerado culpado por um juri federal dos EUA e sua sentença será lida na segunda-feira. Não está livre de pegar a pena de morte.

Quando não é praticado por algum desclassificado que deveria ter passado pelo crivo de uma junta médica, como no caso da menina iraquiana e sua família, há os crimes de guerra praticados com a chancela do Estado, igualmente nojentos e merecedores da repulsa dos países ditos civilizados. Infelizmente, pouca gente no mundo está preocupada com os massacres que ocorrem no interior de países como o Afeganistão, Paquistão e Iraque, sobretudo quando partem dos exércitos da chamada “maior potência militar do planeta”.

Esta semana, por exemplo, a aviação norte-americana errou o alvo e em vez de acertar guerrilheiros do Talibã bombardeou uma pequena aldeia no interior do Afeganistão e matou cerca de cem pessoas inocentes, a maioria mulheres e crianças. “Erros” desse tipo não podem acontecer e devem ser severamente punidos.

Coincidentemente, o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, se encontrava em Washington para encontro com o presidente Obama. A imprensa informa que Karzai lavrou seu protesto pelo ataque, Obama lamentou o episódio e Hillary, a Secretária de Estado, prometeu investigar. Nada mais que isso. Os encontros dos dois líderes continuaram em clima de cordialidade, enquanto as familias das vítimas enterravam seus mortos no Afeganistão.

A morte de inocentes virou uma trágica rotina nesses tempos de ocupação militar. O silêncio internacional soa como cumplicidade. Não se ouve um grito de revolta ou de reprimenda das demais nações contra essas monstruosidades. Obama pode estar cheio de boas intenções, mas precisa jogar duro com o poder militar, sob pena de virar um novo Bush.

E já que falamos em criminosos de guerra e massacre de inocentes, vou encerrar a coluna informando que, finalmente, a Suprema Corte dos EUA autorizou a deportação do criminoso de guerra John Demianiuk. Conhecido como Ivan, o Terrivel, Demianiuk é considerado culpado da morte de 29 mil judeus num campo de concentração na Polônia, em 1943.

Demianiuk emigrou para os EUA onde se estabeleceu em Ohio, Cleveland. Trabalhou numa fábrica de automóveis. Hoje, aposentado, aos 89 anos, Demianiuk tem sérios problemas de saúde. Só se locomove em cadeira de rodas. Em 14 de abril, policiais federais o levaram preso, mas um tribunal de apelações mandou libertá-lo por razões humanitárias.

Desta vez, a Suprema Corte desconheceu o apelo da família, que considera tortura deportá-lo nessas condições, e decidiu a favor do pedido do governo da Alemanha.

De fato, falar em razões humanitárias é uma incoerência em se tratando de alguém que as ignorou quando cometeu os crimes.

Fonte: Direto da Redação

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