Por Redação Revista Fórum
Há apenas 18 dias no poder, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, denunciou nesta segunda-feira, 1, a existência de um plano que teria como objetivo destituí-lo. Os idealizadores do golpe, segundo ele, são Nicanor Duarte Frutos, seu antecessor, e o general reformado Lino Oviedo, líder da União Nacional de Cidadãos Éticos (Unace), pela qual se candidatou a presidente na mesma eleição vencida por Lugo.
Quando foi eleito, Lugo pôs fim a uma hegemonia de 61 anos do Partido Colorado, de Duarte Frutos, no poder.
Em um discurso realizado diante de autoridades militares do país, o ex-bispo disse que os detalhes do suposto plano teriam sido discutidos ontem à noite, em reunião realizada na casa do próprio Oviedo.
Além dele e de Duarte Frutos, também participaram do encontro, segundo o presidente paraguaio, o presidente do Congresso, Enrique González Quintana, ligado a Oviedo, o presidente do Superior Tribunal Eleitoral, Juan Morales, o Procurador-geral do país, Rubén Candia, e líderes da oposição.
As informações sobre o golpe foram passadas a Lugo pelo general Bernardino Soto Estigarribia, comandante das Forças Militares do país, que citou informações cedidas pelo general do exército Máximo Díaz, que participou do encontro. Apesar de ser amigo de Duarte Frutos, Estigarribia foi mantido no cargo pelo ex-bispo seu bom desempenho.
Em um discurso lido diante do comandante de Estigarribia e dos responsáveis pela três Forças Armadas, Lugo afirmou que Díaz "cumpriu seus deveres e denunciou a reunião a seus superiores".
De acordo com os relatórios passados a Lugo, em um dado momento da reunião, Díaz -- cuja função é ser um vínculo entre as Forças Armadas e o Congresso -- foi questionado por Oviedo, em uma conversa particular, sobre a posição dos militares a respeito da crise no Senado, atualmente dividido pela controvérsia da posse de Duarte Frutos como senador vitalício (com voz, mas sem direito a voto) ou ativo, como o ex-presidente pretende.
Segundo Lugo, Díaz teria respondido que as Forças Armadas têm um papel constitucional a cumprir. Depois disso, o general teria deixado a casa de Oviedo.
"Como presidente da república, ratifico meu juramento solene de cumprir e fazer cumprir a Constituição e as leis", disse Lugo. "Meu governo não permitirá que aqueles que querem levar adiante projetos conspirativos burlem a soberania do povo paraguaio."
Lugo também destacou a lealdade das Forças Armadas e a "subordinação" do presidente da república às instituições democráticas.
Em resposta à denúncia de Lugo, o presidente do Superior Tribunal Eleitoral, Juan Morales, e o presidente do Senado, González Quintana, negaram imediatamente qualquer envolvimento com um possível golpe.
Quintana disse ainda que a reunião na residência de Oviedo sequer existiu e afirmo que pedirá ao presidente Lugo esclarecimentos sobre a acusação.
Em 1996, o general Lino Oviedo foi acusado de idealizar um golpe contra o então presidente Juan Carlos Wasmosy. Além disso, pesa sobre ele a suspeita de ter ordenado o assassinato do ex-vice-presidente Luis María Argaña. Oviedo já esteve preso e chegou a se exilar no Brasil. Graças a uma autorização judicial, pôde disputar as eleições presidenciais deste ano.
Fonte: Revista Fórum
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