:: Grampos são feitos para vazar Por Alberto Dines | |
Os "grampos da Abin" – ou que nome o caso venha a tomar nos próximos dias – fazem parte da edição mais recente do velho, surrado e suspeito "Jornalismo Fiteiro". Mais uma vez a imprensa, no caso o semanário Veja, serviu como veiculadora de uma denúncia que recebeu pronta, no colo, talvez até entregue na redação por um motoboy. Desta vez não foi uma fita, vídeo ou dossiê, mas a transcrição de uma rápida e aparentemente inofensiva conversa do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes com o senador oposicionista Demóstenes Torres (DEM-GO). O gentil doador do documento que, segundo a Veja, era funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), não estava interessado em divulgar alguma conversa comprometedora do chefe do Poder Judiciário. Nunca se saberá se é efetivamente funcionário, se procurou os repórteres da revista movido por um dever cívico-moral ou se está a serviço de alguém – dentro ou fora da Abin – interessado em atingir a sua direção ou mesmo as esferas superiores. O presidente do STF, Gilmar Mendes, já reclamou várias vezes – inclusive por via judicial – contra gravações clandestinas nos seus telefones. Em maio deste ano, este Observatório publicou um voto de Mendes que foi acompanhado por decisão da Segunda Turma do STF em favor da concessão de habeas corpus a um deputado distrital envolvido nas investigações da Operação Navalha, da Polícia Federal, que investigava fraudes em licitações públicas comandadas pela Construtora Gautama. Em seu voto, Mendes protestou contra o vazamento de fatos sigilosos da operação para a imprensa, contra o monitoramento de conversas telefônicas suas com o procurador-geral da República, e queixou-se do envolvimento indevido do seu nome entre os beneficiários de "mimos e brindes" distribuídos pela construtora [ver "Ministro do STF reclama de vazamentos"]. Ninguém deu atenção ao caso, apesar de surpreendente e inédito. Armas solertes Os arapongas que realizaram o grampo e liberaram o seu conteúdo determinaram o timing e a repercussão da denúncia. Pretendiam fazer barulho e obrigar o governo a agir em determinada direção. A "crise institucional" armada no último fim de semana – e aparentemente desarmada pelo governo na tarde da segunda-feira (1/9) – não pode ser atribuída à rivalidade entre o ministro Tarso Genro e o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. Transcende aos meandros da Operação Satiagraha, mas não pode ser desligada do grampo que vazou para a imprensa com a complicada conversa do ex-deputado Luiz Eduardo Greenlagh, advogado de Daniel Dantas, e o chefe-de-gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho. A Abin fez parte desta conversa. É importante verificar que o atual surto de grampos atingiu a Suprema Corte no exato momento em que ela se impõe como a referência visível do Estado brasileiro. Com o chefe do Executivo praticando o seu esporte preferido nos palanques eleitorais e o chefe do Legislativo evaporado porque simplesmente não temos algo que se pareça com um Legislativo, a atuação competente, soberana e, sobretudo, confiável da instância máxima do Judiciário faz dela um alvo preferencial para os interessados em desmontar a sua credibilidade. O STF examina neste momento dois casos com alto teor explosivo. A demarcação da reserva indígena Raposa/Serra do Sol – e a possibilidade concreta de mantê-la como área contínua junto à fronteira – preocupa importantes setores militares. No campo oposto, petistas e aliados estão excitados com o desenrolar do julgamento da organização criminosa que operou o "mensalão". Convém lembrar que no mesmo fim de semana em que se revelava a escuta clandestina nos telefones do ministro Gilmar Mendes, o presidente Lula, em comícios com candidatos a prefeitos do PT na Grande São Paulo, investia furiosamente contra aqueles que "crucificaram nossos companheiros" – que, por coincidência, são réus no gigantesco processo que corre no STF. Vazamentos são armas traiçoeiras, solertes. Raramente consegue-se detectar seus reais objetivos porque os verdadeiros beneficiários ficarão sempre protegidos pelo anonimato. No dia em que a imprensa perceber que os grampos são feitos para serem vazados vai nos livrar de duas pragas: um e outro. Fonte: Observatório da Imprensa :: |
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres
Em 2010, a Marcha Mundial das Mulheres vai organizar sua terceira ação internacional. Ela será concentrada em dois períodos, de 8 a 18 de março e de 7 a 17 de outubro, e contará com mobilizações de diferentes formatos em vários países do mundo. O primeiro período, que marcará o centenário do Dia Internacional das Mulheres, será de marchas. O segundo, de ações simultâneas, com um ponto de encontro em Sud Kivu, na República Democrática do Congo, expressará a solidariedade internacional entre as mulheres, enfatizando seu papel protagonista na solução de conflitos armados e na reconstrução das relações sociais em suas comunidades, em busca da paz.
O tema das mobilizações de 2010 é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e sua plataforma se baseia em quatro campos de atuação sobre os quais a Marcha Mundial das Mulheres tem se debruçado. Os pontos são: Bem comum e Serviços Públicos, Paz e desmilitarização, Autonomia econômica e Violência contra as mulheres. Cada um desses eixos se desdobra em reivindicações que apontam para a construção de outra realidade para as mulheres em nível mundial.
Estão previstas também atividades artísticas e culturais, caravanas, ações em frente a empresas fabricantes de armamentos e edifícios da ONU, manifestações de apoio às ações da MMM em outros países e campanhas de boicote a produtos de transnacionais associadas à exploração das mulheres e à guerra.
No Brasil
A ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil acontecerá entre os dias 8 e 18 de março e será estruturada no formato de uma marcha, que vai percorrer o trajeto entre as cidades de Campinas e São Paulo. Serão 3 mil mulheres, organizadas em delegações de todos os estados em que a MMM está presente, numa grande atividade de denúncia, reivindicação e formação, que pretende dar visibilidade à luta feminista contra o capitalismo e a favor da solidariedade internacional, além de buscar transformações reais para a vida das mulheres brasileiras.
Serão dez dias de caminhada, em que marcharemos pela manhã e realizaremos atividades de formação durante à tarde. A marcha será o resultado de um grande processo de mobilização dos comitês estaduais da Marcha Mundial das Mulheres, que contribuirá para sua organização e fortalecimento. Pretendemos também estabelecer um processo de diálogo com as mulheres das cidades pelas quais passaremos, promovendo atividades de sensibilização relacionadas à realidade de cada local.
Para participar
A mobilização e organização para a ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil já começou. Entre os dias 15 e 17 de maio, a Marcha realizou um seminário nacional, do qual participaram militantes de 19 estados (AM, AP, AL, BA, CE, DF, GO, MA, MS, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RO, RS e SP), além de mulheres representantes de movimentos parceiros como ANA, ASA, AACC, CONTAG, MOC, MST, CUT, UNE e Movimento das Donas de Casa). Este seminário debateu e definiu as diretrizes da ação de 2010.
Os comitês estaduais da MMM saíram deste encontro com tarefas como arrecadação financeira, seminários e atividades preparatórias de formação e mobilização, na perspectiva de fortalecimento dos próprios comitês e das alianças entre a Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos sociais. Neste momento, estão sendo realizadas plenárias estaduais para a formação das delegações e organização da atividade.
Para participar, entre em contato com a Marcha Mundial das Mulheres em seu estado (no item contatos) ou procure a Secretaria Nacional, no correio eletrônico marchamulheres@sof.org.br ou telefone (11) 3819-3876.
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