por Filipe Coutinho
“O importante é saber quem fez, como fez, por que fez, para que fez e por ordem de quem”. Em vez de atender aos anseios dos deputados da CPI das Escutas Telefônicas nesta terça-feira 2, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix, levantou mais dúvidas e suspeitas em relação ao suposto grampo de autoridades dos poderes Legislativo e Judiciário.
Para o ministro, superior imediato da cúpula afastada da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o órgão não pode ser responsabilizado pelo vazamento de escutas, conforme denúncia pública pela revista Veja no domingo 31. “Reafirmo minha inteira confiança nos servidores afastados”, disse Félix.
De acordo com o general, somente a investigação a ser iniciada pela Polícia Federal poderá apontar os autores dos supostos grampos. “A simples afirmação de uma revista, sem a identificação do informante, não pode confirmar se houve escuta feita pela Abin”, afirmou o chefe do GSI.
Jorge Félix, entretanto, não descartou a possibilidade do grampo ter sido feito isoladamente por um agente. “Há precedentes de vazamentos de informações e de agentes fazendo atividades clandestinas”, disse. O ministro ainda afirmou que a política de cooperação informal entre agentes da Polícia Federal e Abin deverá ser revista, “desde que a formalidade não atrapalhe na preservação do sigilo”.
O depoimento do general Jorge Félix à CPI das Escutas desagradou a oposição. “Estou surpreso que o senhor não saiba esclarecer os fatos 72 horas depois da publicação da denúncia”, criticou o deputado José Anibal (PSDB-SP). No mesmo tom, o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) disse que a investigação da Polícia Federal não será suficiente. “Entraremos com representação no Ministério Público Federal”, anunciou.
O líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), criticou a posição de PSDB e DEM. “Isso é coisa de acusar sem provar. A tentativa de acusar a Abin de forma generalizada é um erro”, defendeu. O deputado disse ainda que a crise com o vazamento de grampos “pode ser de interesse de pessoas poderosas”, mas não citou nomes.
Fonte: Carta Capital
::

Nenhum comentário:
Postar um comentário