Os EUA devem fechar o ano fiscal de 2008 (que termina em 30 de setembro) com déficit fiscal de US$ 407 bilhões. A estimativa foi apresentada ontem pelo Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês), que prevê para 2009 um buraco ainda maior, chegando a US$ 438 bilhões, um recorde nominal. Mas o próprio CBO admite que, como premissas mais realistas, o déficit em 2009 deve superar US$ 500 bilhões.
Os números para o ano fiscal deste ano são ligeiramente piores que as previsões feitas em julho pela Casa Branca. Naquele mês, a previsão era de um déficit de US$ 389 bilhões para 2008. Para 2009, a Casa Branca já previa um déficit nas alturas: US$ 482 bilhões.
As estimativas de déficit representam algo próximo a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) americano. É bem menos, em relação ao PIB, que os déficits dos anos 80 e do começo dos 90. Mesmo assim, os novos números são tão significativos em termos de dólares que deverão forçar o próximo presidente americano - que assume em 20 de janeiro - a conter seus planos de gastos ou repensar programas de redução da carga tributária.
A pressão poderá recair sobre as reduções de impostos adotadas em 2001 e em 2003 que, conforme previsto, deixam de valer até o fim de 2010. O Congresso precisaria aprovar uma prorrogação dessas reduções, mas os parlamentares já têm sido pressionados a deter o aumento dos gastos. Com o aumento do déficit, as pressões aumentarão.
O déficit de 2007 ficou em US$ em 161,5 bilhões. Foi o menor desde o déficit de US$ 159 bilhões registrado em 2002. O resultado de 2002 marcou o primeiro déficit orçamentário americano depois de quatro anos consecutivos de superávits.
"As estimativas de hoje (ontem) são a última evidência do legado das políticas republicanas: déficits recordes e economia frágil", disse o presidente da Comissão de Orçamento da Câmara, o democrata John Spratt Jr. O déficit se deve quase igualmente a queda nas receitas, devido à desaceleração da economia, e a aumento dos gastos públicos.
A já precária situação fiscal americana pode se deteriorar ainda mais com os custos decorrentes da intervenção e estatização das financeiras Fannie Mae e Freddie Mac. O governo Bush colocou à disposição das duas US$ 200 bilhões, que não entraram no cálculo de déficit divulgado ontem.
Alguns economistas temem que o déficit crescente limite a capacidade do governo de intervir em caso de necessidade. Autoridades do Fed já preferem que o governo evite novos pacotes de estímulo à economia e reserve os recursos disponíveis para uma nova emergência no sistema financeiro.
Caso o déficit fique entre 3% e 4% do PIB por uma década, a dívida americana saltaria para US$ 7 trilhões, prevê o CBO. Essa dívida, porém, pode subir logo, assim que o governo tiver de incorporar o passivo das duas financeiras estatizadas, que supera US$ 5 trilhões.
Fonte: Valor Econômico
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