quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Belluzzo: Economia nacional sofrerá desaceleração

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por Daniel Milazzo

Dado divulgado esta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que o PIB (produto interno bruto) nacional no segundo semestre de 2008 cresceu 1,6% em relação aos primeiros três meses do ano. Em relação ao primeiro semestre de 2007, o PIB brasileiro aumentou em 6% de janeiro a junho deste ano.

Segundo dados do IBGE, este aumento do PIB - que alcançou R$ 716,9 bilhões - foi impulsionado principalmente pelo aquecimento da atividade agropecuária, que cresceu 3,8% no segundo semestre deste ano se comparado aos três meses anteriores.

O anúncio veio em meio a uma crise financeira internacional que influencia também o mercado brasileiro. Após seguidas quedas acentuadas, a Bovespa acumula perdas de quase 13% apenas em setembro, e de 24,2% no ano.

O economista e professor titular aposentado da Unicamp, Luiz Gonzaga Belluzzo, explica este aparente descolamento do desempenho da economia nacional em relação à crise que afeta mercados do mundo inteiro:

- Os links financeiros da economia brasileira são mais tênues com a economia internacional. O Brasil não sofreu esse impacto. Nenhum banco, nenhuma instituição financeira brasileira entrou neste jogo da aquisição desses papéis de baixa qualidade.

Sem acreditar na escalada de uma crise aqui n Brasil, Belluzzo expõe alguns reflexos do contexto na economia nacional.

- O que temos aqui é um ciclo de crédito clássico com o aumento da intermediação financeira. Os mercados de capitais já sofreram um pouco, mas os bancos cumpriram o papel de prosseguir no ciclo de crédito. No entanto, como este ciclo já estar um pouco prolongado, há um aperto de liquidez dos bancos, que estão tendo que se financiar a taxas um pouco mais elevadas. Mas nada que vá provocar uma crise como a que vemos no mercado internacional. Teremos provavelmente uma desaceleração - explica.

Ainda nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central define a taxa básica de juros anuais ¿ taxa Selic, hoje fixada em 13%. A expectativa do mercado é que novamente a Selic seja elevada, política posta em prática pelo BC a fim de conter a inflação; o teto da meta inflacionária para 2008 é de 6,5%.

- A decisão do Banco Central de aumentar a taxa de juros não está produzindo efeitos agora, mas vai produzir lá na frente. Por outro lado, os IPO (empresas que passam a negociar ações próprias na bolsa de valores) e a colocação de papéis diretamente no mercado diminuíram bastante, a tomada de recursos fora pelo risco cambial começou a diminuir, de modo que a economia vai sofrer certamente os efeitos desses problemas e do aperto monetário. Ela vai desacelerar.

Contudo, Belluzzo afirma que apesar da crise internacional, o Brasil "ainda tem um comportamento muito favorável do investimento". Segundo o IBGE, a taxa de investimentos no país atingiu 18,7% do PIB, o melhor resultado para o segundo trimestre desde 2000.

Fonte: Terra Magazine

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