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Prefeitura cria centro-dia e fecha albergues
ONG critica mudança do foco do atendimento ao morador de rua e diz ser uma política ‘higienista’
por Diego Zanchetta e Vitor Hugo Brandalise, no Jornal da Tarde
O atendimento ao morador de rua mudou na capital. Albergues tradicionais do centro, onde transitavam todos os dias parte dos 10,7 mil desabrigados da cidade, foram fechados. O acolhimento ocorrerá agora principalmente em três “centros de convivência” diurnos. Esses locais - 1 em Santa Cecília e 2 no Parque D.Pedro II - são a maior aposta da secretária da Assistência Social e vice-prefeita, Alda Marco Antonio, 64 anos. “Estão ocorrendo mudanças e elas vão continuar. Se em seis meses esse novo modelo não tiver resultados, pensamos em outro”, afirma a secretária, criticada por entidades que classificam sua política de “higienista”.
As mudanças nesses primeiros quatro meses já causam polêmica entre entidades envolvidas há duas décadas na assistência à população de rua. Alda admitiu, por exemplo, que não gosta de ver moradores de rua “comendo em chãos duros”. Ela disse que as entidades que distribuem sopas e alimentos no centro serão convidadas a fazer o trabalho dentro dos centros de convivência. “O primeiro será inaugurado na Santa Cecília, logo após o prefeito voltar de viagem da Ásia (dia 21 de maio). Dentro dessas tendas, quero que a comida seja servida com os moradores sentados numa mesa, assistindo à televisão e conversando com nossos educadores, e não na calçada de uma rua escura.”
Nos centros, os moradores vão poder passar o dia recebendo atendimento psicológico, médico e social. “Queremos oferecer mais que o banho do albergue. A ideia é que o morador que se recusava a ir para o abrigo seja atraído para o centro”, disse Alda.
Esses locais, porém, não terão dormitório. Segundo o governo, os moradores de rua terão a opção de serem removidos para outros albergues, de bairros como Vila Alpina e São Miguel Paulista, na zona leste, ao fim do dia. “Se ele (morador) quiser encostar e dormir no centro de convivência, não terá problema”, afirma Alda.
A secretária também discorda do atendimento das Kombis, que transportavam os moradores de rua do centro para albergues. O serviço era realizado por 40 veículos, por meio de um convênio com a organização não-governamental (ONG) Santa Lúcia que não foi renovado. “Era comum o morador de rua chamá-los, em vez de andar cinco quarteirões até o albergue. Então, tenho dúvidas sobre a eficácia do atendimento que era feito por esses veículos.”
Para entidades, Alda quer afastar os desabrigados do centro. Em março, foi fechado o principal abrigo da região central, o São Francisco (no Glicério), com capacidade para 720 pessoas. Antes, o Centro de Acolhida Jacareí, na Bela Vista, já havia sido fechado, em julho. E as entidades também reclamam do atraso nos repasses do governo. “Não houve extinção de lugares”, argumenta a secretária.
Alda foi o elo da gestão Kassab para a aliança com o PMDB, principal partido de sustentação à reeleição do prefeito. A parte paulista da sigla, capitaneada pelo ex-governador Orestes Quércia, já adiantou que apoiará José Serra (PSDB) na eleição presidencial.
Fonte: Vi o Mundo
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