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Por Leandro Fortes | |
Li na Folha de S.Paulo uma admoestação do ombudsman, dirigida à redação, na qual ele manifesta estranheza pelo fato de os jornalistas de lá não terem se debruçado sobre a fala do ministro Joaquim Barbosa, do STF, aquela sobre os "capangas" do colega Gilmar Mendes, presidente do referido tribunal. De minha parte, estranheza nenhuma. A fonte do desabafo do juiz Joaquim é uma matéria da CartaCapital, de minha autoria, publicada em novembro de 2008. E a Folha, assim como os veículos co-irmãos da chamada "grande imprensa", não repercutem as reportagens da Carta, embora não meçam esforços para reproduzir – de forma acrítica e sem apuração própria – pautas publicadas em outras revistas, como se notícias fossem, ainda que claríssimos atentados ao bom e velho jornalismo de guerra. Bom esclarecer que na reportagem em questão não acuso Mendes de ter capangas, mas apenas faço um relato preciso – jornalístico, por assim dizer – da realidade política da escaldante Diamantino, no Mato Grosso, cidade natal do atual presidente do STF. Uma realidade marcada por um histórico nascido na ditadura militar e reforçado a partir da entronização de Gilmar Mendes, no governo Fernando Henrique Cardoso, na Advocacia Geral da União. A omertà em torno da CartaCapital tem várias razões, mas sustenta-se em um pretexto. Entre as razões, nenhuma minimamente jornalística, daí a necessidade do pretexto, este calcado na suposta irrelevância da tiragem da revista, quando não na sua identidade ideológica cafona, de esquerda. Eu, de minha parte, acho graça. Em mais de duas décadas de reportagem, com passagem por quase todos os grandes veículos de comunicação do país, nunca fui tão reverenciado como jornalista como nesses anos de Carta. Nas muitas palestras que faço Brasil afora, principalmente por conta de minha atividade como professor de jornalismo, percebo uma curiosidade enorme das audiências a respeito desse silêncio. "Por que os jornais não repercutem a Carta?", me perguntam em auditórios, em salas de aula, em particular. Respondo com outra pergunta, expediente, aliás, que não me agrada: "Repercutir para quê?". Assaltados por dúvidas Dentro da acepção canhestra e doutrinária do pensamento único, repercutir a Carta é dar vazão a uma voz jornalística subversiva, perigosamente empenhada em nadar contra a corrente, a colocar os cornos para fora e acima da manada, tal qual a vaca profana da canção de Caetano. Profaníssima, há de se ressaltar, no caso em questão, a ousar escrever sobre o ministro Gilmar Mendes, justo quando todo o resto se compraz em dar-lhe voz e espaço na luta contra um certo "Estado policial" muito parecido, em semântica e progressão epidêmica, com essa gripe suína que já matou, desgraçadamente, até última contagem dos urubus de plantão, 0,0000000000000000000001% da população mundial. E aí? Repercutir para quê? Depois da bronca do ombudsman, me veio uma resposta meio boba, por muito óbvia: ao menos, para evitar certos vexames frente ao leitor. Emblemático, pois, é o caso dos tais "capangas", fantasmas a assombrar a citação do ministro Joaquim Barbosa para uns tantos. Citação esta, no entanto, imediatamente decodificada pelos leitores da CartaCapital e por uns outros mais, informados que andam – alvíssaras! – pela blogosfera, essa corregedoria deliciosamente inconveniente da mídia nacional. Aqueles espremidos na linha de montagem da "grande mídia" ficaram com cara de paisagem, a discutir veleidades, não sem a ajuda de uma ciosa tropa de colunistas, sobre os graus de demência ou de ferocidade do juiz Joaquim. Aos poucos, contudo, vão descobrindo a origem da informação, um cochicho dando conta de uma penosa viagem a Diamantino, sussurros de uma apuração difícil, cheia de portas fechadas e documentos arrancados a fórceps ou repassados sob o manto do medo e da perseguição. Boatos de uma alegre aventura de repórter. E, talvez, assaltados por dúvidas, comecem a perguntar, uns aos outros, em mensagens a editores, em e-mails a ombudsmans e ouvidores de quilate semelhante: "Então, por que não repercutem a Carta?". Eu, daqui, repito, acho graça. Fonte: Brasília, eu vi :: |
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres
Em 2010, a Marcha Mundial das Mulheres vai organizar sua terceira ação internacional. Ela será concentrada em dois períodos, de 8 a 18 de março e de 7 a 17 de outubro, e contará com mobilizações de diferentes formatos em vários países do mundo. O primeiro período, que marcará o centenário do Dia Internacional das Mulheres, será de marchas. O segundo, de ações simultâneas, com um ponto de encontro em Sud Kivu, na República Democrática do Congo, expressará a solidariedade internacional entre as mulheres, enfatizando seu papel protagonista na solução de conflitos armados e na reconstrução das relações sociais em suas comunidades, em busca da paz.
O tema das mobilizações de 2010 é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e sua plataforma se baseia em quatro campos de atuação sobre os quais a Marcha Mundial das Mulheres tem se debruçado. Os pontos são: Bem comum e Serviços Públicos, Paz e desmilitarização, Autonomia econômica e Violência contra as mulheres. Cada um desses eixos se desdobra em reivindicações que apontam para a construção de outra realidade para as mulheres em nível mundial.
Estão previstas também atividades artísticas e culturais, caravanas, ações em frente a empresas fabricantes de armamentos e edifícios da ONU, manifestações de apoio às ações da MMM em outros países e campanhas de boicote a produtos de transnacionais associadas à exploração das mulheres e à guerra.
No Brasil
A ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil acontecerá entre os dias 8 e 18 de março e será estruturada no formato de uma marcha, que vai percorrer o trajeto entre as cidades de Campinas e São Paulo. Serão 3 mil mulheres, organizadas em delegações de todos os estados em que a MMM está presente, numa grande atividade de denúncia, reivindicação e formação, que pretende dar visibilidade à luta feminista contra o capitalismo e a favor da solidariedade internacional, além de buscar transformações reais para a vida das mulheres brasileiras.
Serão dez dias de caminhada, em que marcharemos pela manhã e realizaremos atividades de formação durante à tarde. A marcha será o resultado de um grande processo de mobilização dos comitês estaduais da Marcha Mundial das Mulheres, que contribuirá para sua organização e fortalecimento. Pretendemos também estabelecer um processo de diálogo com as mulheres das cidades pelas quais passaremos, promovendo atividades de sensibilização relacionadas à realidade de cada local.
Para participar
A mobilização e organização para a ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil já começou. Entre os dias 15 e 17 de maio, a Marcha realizou um seminário nacional, do qual participaram militantes de 19 estados (AM, AP, AL, BA, CE, DF, GO, MA, MS, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RO, RS e SP), além de mulheres representantes de movimentos parceiros como ANA, ASA, AACC, CONTAG, MOC, MST, CUT, UNE e Movimento das Donas de Casa). Este seminário debateu e definiu as diretrizes da ação de 2010.
Os comitês estaduais da MMM saíram deste encontro com tarefas como arrecadação financeira, seminários e atividades preparatórias de formação e mobilização, na perspectiva de fortalecimento dos próprios comitês e das alianças entre a Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos sociais. Neste momento, estão sendo realizadas plenárias estaduais para a formação das delegações e organização da atividade.
Para participar, entre em contato com a Marcha Mundial das Mulheres em seu estado (no item contatos) ou procure a Secretaria Nacional, no correio eletrônico marchamulheres@sof.org.br ou telefone (11) 3819-3876.
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