quarta-feira, 6 de maio de 2009

Novo filme do Spike Lee

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por Ana Paula Sousa


O Milagre em Santa Anna é daqueles filmes que, com o passar dos dias, melhora na lembrança de quem o viu. Algumas das qualidades do novo trabalho do diretor americano Spike Lee têm uma sutileza ideológica que nos escapa, enquanto desfrutamos do espetáculo da guerra promovido dentro do filme. Lee, urbano, ágil, militante, ocupa cenários estranhos à sua obra neste filme sobre os soldados negros que lutaram pelos Estados Unidos durante os conflitos transcorridos na Segunda Guerra Mundial.

Diretor hábil, Spike Lee sabe explorar a estética das batalhas e do horror. Faz seu espetáculo, mas sem esquecer pelo caminho a bandeira que há anos carrega. Se Milagre em Santa Anna melhora com os dias, é porque seus excessos diluem-se na nossa memória e resta do filme o essencial. Excessivas são as coincidências do roteiro e as histórias paralelas que o diretor Spike Lee se propõe a contar.

Essencial é o sentido do relato: os negros também lutaram na guerra e, mesmo no front, eram tratados
de maneira diferente pelos brancos, um fato que a história oficial seguidamente omite. Spike Lee há
anos luta para transmitir informações melhores. Os quatro personagens centrais são os sobreviventes de uma infantaria quase toda dizimada na Toscana em 1944. O filme parte de um assassinato cometido na década de 1980, em Nova York, para reviver a passagem daqueles homens por um vilarejo italiano em meio à insanidade e aos afetos à flor da pele. Apesar de irregular, Milagre em Santa Anna encaixa-se à perfeição
na carreira do diretor de Faça a Coisa Certa, Febre na Selva e Malcom X.

Fonte: Carta Capital

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