quinta-feira, 7 de maio de 2009

E não sobrou nenhum...

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Suplicy: Fiz uso pessoal (das passagens) pois não havia restrição

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Suplicy afirma que não havia restrição com respeito ao uso pessoal da cota de passagens aéreas
Suplicy afirma que "não havia restrição com respeito ao uso pessoal" da cota de passagens aéreas

por Thais Bilenky

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) acredita não ter cometido "nenhuma ilegalidade" ao utilizar sua cota de passagens aéreas, no Senado, para pagar viagens de sua namorada. "Não havia restrição com respeito ao uso pessoal", justifica Suplicy.

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Revelado o gasto pessoal da verba, o senador afimou que devolverá o correspondente gasto - R$ 5.521,35 - aos cofres públicos. "Eu tomei a iniciativa, que não era obrigatória, porque não cometi nenhuma ilegalidade, de fazer a devolução de passagens que havia concedido a Mônica (Dallari), que era minha companheira nesses mais de seis anos. Achei por bem fazê-lo", justifica Suplicy.

O senador se diz contrário ao uso indiscriminado da cota de passagens aéreas e manifesta-se a favor do limite de cinco viagens/mês do congressista ao seu domicílio eleitoral.

Além da namorada, Suplicy cedeu parte de sua cota a assessores parlamentares e a uma "pessoa necessitada", que não tem parentesco com o senador. Esta pessoa, segundo o parlamentar, teria sofrido um derrame e voou de Brasília a São Paulo para tratamento médico.

- Não tem qualquer caráter de natureza eleitoral - afirma.

Terra Magazine entrevistou o senador Eduardo Suplicy no início da noite de quarta-feira (6). O congressista falou pausadamente e aparentou grande desgaste físico. "Se souber do ritmo de atividade que houve hoje, como tem havido, e as atribuições que tenho; se eu descrever o dia todo para você... é natural que a essa altura do dia possa estar cansado", diz Suplicy. No dia em que veio à público a denúncia, o senador paulista acordou às 6h43. Dormiu seis horas.

Terra Magazine - O senhor é a favor da manutenção da cota dos parlamentares para passagens aéreas?
Eduardo Suplicy -
Sou a favor da resolução fechada e tomada pela Mesa e daí pelo Plenário, no mês passado, que disciplina de maneira mais adequada. Agora os senadores só podem fazer cinco viagens de ida e volta para sua capital de Estado. Brasília-São Paulo-Brasília, no meu caso. E se for para algum assessor realizar uma viagem, por interesse do trabalho do Senado, então isso deverá ser reportado à Mesa Diretora e assinalado no site do Senado. Eu acho que isso disciplina de uma maneira mais clara porque... Eu estava conversando com o senador Pedro Simon (PMDB-RS) e ele me informou que nos 30 anos em que está na Casa, nunca houve qualquer restrição à maneira como o senador poderia utilizar as suas passagens.

A denúncia compromete sua imagem pública?
Eu tomei a iniciativa, que não era obrigatória, porque não cometi nenhuma ilegalidade, de fazer a devolução de passagens que havia concedido a Mônica (Dallari), que era minha companheira nesses mais de seis anos. Achei por bem fazê-lo, é uma decisão que não era obrigatória de eu ter feito.

Há algum desgaste?
(Pausa). Resolvi explicar abertamente o que eu fiz e a decisão que eu tomei para todos. Obviamente há uma preocupação da população com respeito à disciplina de gastos e todos estão aprovando esta maior transparência, eu acho positivo. Você acompanhou o meu pronunciamento hoje na tribuna do Senado?

Acompanhei. O senhor se emocionou.
Ali expressei o meu sentimento. Confirmando estas palavras que estou lhe dizendo.

Por que o senhor fez uso pessoal da verba?
(Pausa). Os senadores têm tido, até essa nova resolução, a liberdade de poder escolher a maneira de utilizar a cota de passagem. Não havia restrição com respeito a isso. Conforme o depoimento de diálogos dos mais diversos senadores, que inclusive disseram a mim que não houve qualquer ilegalidade no meu procedimento.

O senhor não pensou que era uso pessoal de uma verba pública?
No caso da viagem que realizei para a República Popular da China, a Mônica também havia sido convidada pelo embaixador da China. Nos trechos França para China e a volta, e dentro da China, as despesas foram inteiramente pagas pelo governo chinês. E ela inclusive colaborou e muito com a viagem, com meu trabalho, conforme inclusive está reportado no meu relatório de viagem.

Quem foi o beneficiário para tratamento hospitalar em São Paulo?
Uma pessoa que tinha tido um derrame e estava necessitada.

Qual sua relação com essa pessoa?
Não é parente.

É o quê?
Uma pessoa que conheço, acompanhei de perto o sofrimento da família, perguntei ao hospital Sarah Kubitschek, e eles me disseram que poderia haver o tratamento dessa pessoa e resolvi providenciá-lo. Uma coisa desse tipo, os senadores normalmente faziam.

Há, no Senado, uso eleitoral das cotas, bem como da verba indenizatória?
Não creio. O uso que fiz foi para uma (ênfase) pessoa, com razão de saúde. Não tem qualquer caráter de natureza eleitoral. Eventualmente outros créditos concedidos foram de natureza de trabalho, de interesse público.

Entre seus colegas, o senhor observa uso eleitoral das cotas?
Não tenho visto. Não sei. Não conheço como cada senador utiliza, não posso estar afirmando. Eu próprio tenho um crédito acumulado de R$ 239.900,00.

Fonte: Terra Magazine

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