sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Sobre popularidade e preconceito

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Por Glauco Faria

"Datafolha - Pela primeira vez, Lula é aprovado por todas as classes sociais"

Quem falou que a matemática é uma ciência exata? O título acima, que esteve presente durante boa parte do dia 12 no portal Uol, dá a impressão de que Lula antes era “reprovado” em algumas classes sociais. Engraçado, mas de onde eu venho, se a soma de ótimo/bom superar a de ruim/péssimo significa aprovação, já que o conceito de regular pode pender tanto para cima quanto para baixo.

Claro que o que a pesquisa de fato revela é que Lula alcançou mais de 50% de ótimo/bom no único segmento social em que ele não havia alcançado, o daqueles que ganham mais de dez salários mínimos. Também conseguiu o mesmo na região sudeste, onde, na pesquisa anterior, seu índice alcançava 47% e hoje chega a 57%. Ou seja, o título da notícia no portal é equivocado mesmo.

Considerando os dois mandatos do petista, seu pior momento foi registrado na pesquisa de 13 e 14 de dezembro de 2005, quando tinha 28% de ótimo/bom e 29% de ruim/péssimo. Curiosamente, seu pior momento se equivale ao melhor de FHC no segundo mandato, já que o máximo que o ex-presidente sociólogo atingiu nesse período foi 31% de ótimo/bom.

Talvez por conta disso e ainda sem condições de fazer uma oposição digna do nome, já que muitos de seus candidatos garganteiam ter apoio de Lula, os tucanos ontem apelaram para um tipo de tática que parecia enterrada em termos de debates políticos no Brasil. Um e-mail cujo remetente era psdbimprensa@psdb.org.br tinha como assunto: Lula é analfabeto em história do Brasil, diz deputado. No site do partido, está lá a “notícia”.

O parlamentar se referia ao fato de Lula ter dito no dia 10, em Manaus, que o último governo a investir em infra-estrutura no Brasil (fora o dele obviamente) foi o de Geisel, embora tenha atribuído ao mesmo a responsabilidade pelo endividamento que paralisou a economia do país na seqüência. Ofendido no que dizia respeito aos oito anos de FHC, o deputado Nilson Pinto (PA) reagiu com a pérola citada acima.

Não é porque um presidente ou qualquer ocupante de cargo público tem alta aprovação que se torna intocável. Aliás, nesse mesmo espaço Lula já recebeu muitas críticas. Mas contestar uma declaração com esse tipo de adjetivação remete ao preconceito usado desde sempre contra Lula (confira aqui episódio narrado por Ricardo Kotscho em 1989) , e é algo simplesmente repugnante. O PSDB não precisava disso...

Fonte: Blog do Rovai

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