quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Eles querem o fim da Abin

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Marcelo Itagiba (PMDB-RJ):ele quer o fim da Abin

Na CPI das Escutas Clandestinas, sobe o tom das críticas à Abin e o presidente da comissão chega a pedir a extinção da agência. Mas há quem lembre que Dantas deve estar 'rindo à toa'.


por Filipe Coutinho

A CPI das Escutas Telefônicas endureceu de vez o discurso contra a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nesta quarta-feira 10. Após o afastamento do diretor-geral Paulo Lacerda, o presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), agora sugeriu a extinção da Abin. “Tem que fechar as portas. E não por ter feito grampo, mas por ter sido incompetente de não saber o que os agentes estavam fazendo”, disse. “Ou é conflito interno ou falta de comando”, completou o presidente da CPI.

A irritação dos deputados começou após o diretor afastado de Contra-Inteligência da Abin, Paulo Maurício Pinto, dizer que o órgão não tinha controle das atividades realizadas por agentes durante a Operação Satiagraha. Em depoimento, Pinto afirmou que os detalhes das ações eram passados diretamente ao delegado Protógenes Queiroz, da Polícia Federal, a fim de preservar o sigilo da operação. “Confirmar endereços é uma atividade simples. Não tínhamos um plano de ação na Abin porque os agentes nem sabiam quem era o alvo”, justificou.

Segundo Pinto, a Abin ofereceu agentes a Protógenes por 56 vezes, durante quatro meses. O departamento de Contra-Inteligência foi o responsável institucional da Abin na Operação Satiagraha e, de acordo com Pinto, com a autorização da direção-geral. Segundo Pinto, as ações foram práticas e corriqueiras. “Muitos agentes inclusive já estavam no Rio de Janeiro e São Paulo participando de outras operações”, afirmou.

A voz baixa e gaguejada de Paulo Maurício Pinto foi seguida por exaltações e tapas na mesa por parte de alguns deputados. “É a ‘Agência Brasileira de Burrice”, disse o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). “É uma pouca vergonha”, completou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE). O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) foi mais longe. “São muitas contradições que infelizmente parecem que vão acabar no Ministério Público”, afirmou.

Até o deputado Laerte Bessa (PMDB-DF), outrora defensor da Abin, criticou a participação de agentes do órgão na Satiagraha. “Eu tenho certeza que a Abin não fez os grampos porque não tem equipamento para isso. Mas vocês têm que ajudar a CPI, porque eu tenho certeza que vocês sabem quem foi”, afirmou.

O único deputado a se lembrar dos objetivos da Operação Satiagraha foi Domingos Dutra (PT-MA). “A gente deveria pensar mais no esquema do Daniel Dantas e no que ele é capaz. Se a Abin teve que passar 56 agentes, ele deve ter isso só de advogado”, ironizou. “Ele agora deve estar em casa vendo a CPI pela tevê e rindo à toa”, completou.

Fonte: Carta Capital

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