terça-feira, 30 de setembro de 2008

A Indústria do Holocausto

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A Indústria do Holocausto

“Antes de la 2ª guerra mundial el New York Times concedía un gran valor a Hitler, lean lo que los judíos-sionistas decían en su periódico de semejante asesino: “ éste hombre extraordinario … (por)… haber unificado a los alemanes, haber destruido el comunismo, haber adiestrado a la juventud, haber creado un Estado espartano animado por el patriotismo, haber puesto freno al Gobierno parlamentario, muy poco adecuado para el carácter alemán, y haber protegido el derecho a la propiedad privada”. The New York Times Book Review, 15 de octubre de 1933.
Buenos amigos los judíos-sionistas y Hitler, ¿de quién cree, si no, que han aprendido lo que hacen a los palestinos”?.

Clique AQUI para ler a resenha completa, sobre o livro A Indústria do Holocausto, de Norman G.Finkelstein, no site Rebelión.

Fonte: Blog do Bourdoukan

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O livro explodiu como uma bomba de hidrogênio nos meios cultos dos Estados Unidos, publicado que foi em fins do ano passado. Seu autor, o judeu Norman G. Finkelstein (Record), faz uma afirmação de inaudita coragem e cria o livro mais polêmico, talvez, deste ano. Pois ele ousa, em A Indústria do Holocau$to, colocar uma tese jamais sequer pensada e ousadíssima: “A indústria do Holocausto (dos campos de extermínio nazistas) consiste em transformar o sofrimento de milhões de judeus em moeda sonante, a dor, a tortura, a barbárie trazendo dividendos: uma grande negociata a ser compensada por cheques, lucros, material sonante”. Seu ponto de partida – o livro é fartamente documentado e tem, talvez, algumas dezenas de citações de outros autores – se baseia nas reparações que o governo alemão de pós-guerra paga às vítimas indefesas da matança geral e na avareza dos bancos suíços, que, cúmplices das forças hitleristas durante a Segunda Guerra Mundial, agora relutam em pagar somas sempre cautelosas e pequenas aos sobreviventes dessa matança inacreditável.
Mas, pensarão logo alguns: trata-se de um louco? Ou Finkelstein é um neonazista como os que povoam certas regiões da ex-Alemanha comunista (a República Democrática da Alemanha)? Ele não esconde tampouco sua simpatia pelos palestinos, mais indefesos, em sua opinião, do que os israelenses de vasto poderio militar, apoiados pelos Estados Unidos e pelos ricos lobbies da elite judaica naquele país. Ou seria daqueles historiadores que tentaram apequenar os crimes hediondos cometidos em Dachau, Treblinka, Auschwitz, a maior tragédia do século 20? Não, ele é um intelectual irado que se propõe a desfazer um embuste tabu, segundo sua opinião. Para tanto, ele alega desde as primeiras páginas de seu J’Accuse! que tanto seu pai como sua mãe são sobreviventes dos campos de concentração e não participam daquilo que ele considera sensacionalista, um circo que enxovalha os prisioneiros, que, ao abrir o chuveiro, dele saíram não gotas, mas apenas o mortífero gás Zykloton. Sua revolta colérica é contra alguns judeus de grande prestígio, entre os quais cita Elie Wiesel e Simon Wiesenthal, a seu ver partícipes dessa lavagem suja, indecente de transmutar, como ele afirma, dor, desespero, fome e frio em cheques e notas de marcos alemães e de francos suíços.
Sua ira dirige-se também clara e destemidamente contra a verdadeira história dos Estados Unidos, ao martírio dos negros, primeiro por meio da escravidão e depois açoitados diariamente pelo racismo virulento. Ele não se esquece dos vietnamitas que o poderio bélico dos EUA massacrou impiedosamente, fala da incursão dos norte-americanos na guerra da Guatemala, armando até os dentes uma milícia que ele chama de “açougueiros” que dizimaram quase metade da população indígena. É estranho que ele – se é que me lembro bem – não aluda ao Holocausto nas Américas, inumeráveis milhões de povos indígenas ou autóctones privados de seus direitos mais elementares e colocados em minúsculas “reservas” onde vegetam, suas tribos e rituais sagrados pisados pela força superior do militarismo colonial branco. Não se esquece, porém, de colocar, lado a lado, as cifras. No ex-Congo belga, 1 milhão de crianças foram mortas: valeriam menos – ele indaga – do que as crianças judaicas tragadas pela ideologia nazista? Evoca os 2 milhões de civis cambojanos assassinados por Pol Pot numa população de 6 milhões de pessoas, e cita Madeleine Albright – que é chefe do Departamento de Estado do presidente Bill Clinton – ao dar de ombros quando lhe sugeriram que Timor Leste e a Indonésia, fracionada em dezenas de línguas e ilhotas, “não são nações importantes”!
Ele insiste tenazmente em sua tese fundamental: quando os sérvios matam a sangue frio os kosovares e albaneses muçul-manos e depois os enterram apressadamente em valas comuns, não se trata também de uma matança digna de ser chamada de holocausto? Por que – pergunta – só os 6 milhões de judeus exigiram seu martírio no único Holocausto com letras maiúsculas e digno desse nome? Insistente, ele sublinha novamente: na realidade, um número imenso de comunistas precedeu a morte infligida aos judeus. Mais longe, pergunta: e por que os ciganos, os rom, nunca são mencionados, submetidos que foram a operações cirúrgicas, injeções de substâncias azuis em suas pupilas para torná-los mais próximos dos “arianos” da “super-raça”? E, é claro, nem Finkelstein se lembra dos homossexuais submetidos a lancinantes “experiências científicas para determinar até que ponto o ser humano pode resistir à dor”. Mas qual, ele compara: meio milhão de ciganos não contam como um povo, só conta o sofrimento infligido aos prisioneiros judeus.
Erudito, paciente, Finkelstein mer-gulha mais fundo em busca das raízes do nacional-socialismo hitlerista. Causa espanto ao leitor saber que Hitler baseou sua famosa teoria de que os alemães puros precisavam de Lebensraum (espaço vital) e não viverem em territórios que o Fuehrer considerara exíguos para a única aristocracia do gênero humano: os arianos, os Uebermenschen, os seres humanos superiores a todas as etnias existentes na Terra. Quando o governo norte-americano arrebatou, a fogo e violência, o oeste do país em formação, de lá desajolando os índios, essa, segundo Finkelstein, foi a “inspiração” de Hitler para sua teoria do “espaço vital”. Por outro lado, se os judeus na Alemanha nazista estavam por lei inviolável proibidos de e casar com não-judeus, ora, argumenta Finkelstein, essas leis já havia muito constavam das constituições de um sem-número de Estados sulistas e de outros dos Estados Unidos.
Nem o poder monetário vultoso das elites judaicas naquele país onde obtiveram maior sucesso escapa ao autor. Ele, ao cabo de exaustivas pesquisas (página 43), diz que a elite riquíssima dos judeus nos EUA detém o dobro da renda dos não-judeus. E acrescenta que dezesseis dos maiores milionários norte-americanos são judeus, dentre os 40 milionários de outras crenças (predominantemente cristã, conclui-se). Com lances empolgantes de seu atrevimento em lançar um dos mais espinhosos debates polêmicos na era atual, Finkelstein prossegue: esse vultoso sucesso material serve de confirmação não só ao dogma de que a raça ou o povo judaico são realmente “o povo eleito” por Deus e, indo mais longe, leva à convicção inabalável de que os judeus são, intrinseca-mente, superiores. Como afirma o autor Charles Silberman em outra obra citada também no livro. Silberman, que pertence com orgulho ao clã judaico, se assim se pode dizer, escreveu: “Os judeus seriam inferiores dentre os demais agrupamentos humanos se tivessem aberto mão de qualquer noção de sua essencial superioridade”. A conclusão é inevitável: “Os judeus são os melhores”.
O livro de Finkelstein cresce de importância quando alude ao “destino manifesto” da raça branca de carregar o fardo das raças inferiores, teoria vastamente disseminada por Kilping, Gobineau e outros.
Finkelstein não detém suas pesquisas por aqui. Para ele, o nazismo faz, há milhares de anos, parte integrante da própria filosofia ocidental desde os seus primórdios. Hitler decidiu que os deficientes físicos e mentais deveriam morrer, pois levavam “uma vida indigna de ser vivida” (em alemão: lebensunwertes Leben), o que constitui o primeiro elo da “solução final”. É ponto de honra dos neonazistas da Alemanha de hoje atirar do alto de edifícios tetraplégicos em suas cadeiras de rodas, assim como têm horror aos que não têm casa para morar. Platão, em Górgias, condena também os aleijados: “Não acho que a vida valha a pena se o corpo de uma pessoa está em um estado terrível”. Conceito que reforça em A República, ao advogar claramente o assassinato de crianças nascidas defeituosas. O controle da natalidade, recusado por Hitler por interferir com a seleção natural, consta já do Discurso sobre as Origens da Desigualdade, de Jean-Jacques Rousseau.
A humanidade – raciocina Finkelstein – em todos os tempos se distinguiu por atrocidades inomináveis: “A ‘Santa’ Inquisição da Igreja Católica, o extermínio dos indígenas, do Canadá à Terra do Fogo, na Argentina, a ferocíssima colonização dos europeus levada a cabo nos países hoje chamados de países do Terceiro Mundo, na América Latina, na África e em partes da Ásia, como a Índia – a história do mal não tem fim, século após século. Para ele, o que distingue o genocídio alemão é o “caráter industrial” que seus dirigentes lhe imprimiram pela primeira vez na história da hu-manidade. Por acaso – é a vez de o leitor perguntar – a morte pela ausência de remédios contra a malária, a Aids, a monstruosa estrutura de castas na Índia hindu e a passagem forçada do campo para as cidades poluídas da Revolução Industrial na Inglaterra, em fins de 1700, não foram todas formas teratológicas da escravidão e da coisificação ou reificação de seres humanos esmagados pelas camadas dominantes?

Fonte: Caros Amigos

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do Fazendo Media

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por Marcelo Salles


Onde a liberdade de imprensa?

O governo dos EUA proibiu, nesta segunda-feira (29/9), a entrada no país de dois correspondentes cubanos da Prensa Latina, agência de notícias criada por Che Guevara. Ilsa Rodriguez Santana e Tomás Granados Gimenez tentavam cobrir a Assembléia Geral da ONU, realizada em Nova York. A informação é da Telesul e pode ser lida aqui, em espanhol.

Pergunta-se: onde estão os habituais defensores da liberdade de imprensa?

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Jornalismo e$verdeado

Ontem o Jornal da Globo divulgou a lista dos maiores desmatadores da Amazônia. Seis assentamentos do Incra e 83 fazendas. Seis da administração pública, 83 da privada. Adivinha para onde foi a reportagem? Caíram de pau em cima do Incra e simplesmente esqueceram as fazendas.

Fonte: Fazendo Media

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No Rio, armações ilimitadas

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por Marcelo Salles

Nesta segunda-feira (29/9), há seis dias das eleições municipais, o jornal O Globo dedicou largo espaço para que Fernando Gabeira (PSDB-PV-PPS) questionasse a veracidade da pesquisa Ibope, porque o instituto "tem contratos com o PMDB". A preocupação das Organizações Globo se explica: um segundo turno entre Eduardo Paes (PMDB) e Gabeira seria melhor para os negócios do que qualquer outra configuração, incluindo a indicada pelo último Ibope (Paes x Crivella). Estivesse o jornalão preocupado em fazer jornalismo, já teria impresso em suas páginas as denúncias de Chico Alencar (PSOL) e Paulo Ramos (PDT) sobre as contas que o Ibope possui do governo estadual (PMDB).

Vejam o emeio abaixo que acabo de receber do leitor Jurandir Paulo (é ele quem indica o filme acima, sobre o Gabeira):

Caro Marcelo,

Cresce uma grande suspeita de manipulação das pesquisas na eleição do Rio. É sentimento compartilhado entre muitos. No início do processo eleitoral estava claro que o candidato das organizações Globo seria Fernando Gabeira, representante da aliança PSDB/PV/PPS. É perfeitamente mensurável o extenso espaço que a mídia usou para fazer vingar seu nome, mas sem sucesso. Gabeira é o segundo candidato em rejeição, com pífios números na Zona Oeste e Norte, onde se concentra o grosso do eleitorado, e com a mais baixa renda. Tal fato levou a mídia a adotar o candidato Eduardo Paes, tucano, recém peemedebista, como seu. O governador Sérgio Cabral, artífice desta candidatura, recebe notório tratamento diferenciado na imprensa. Apesar de um péssimo governo, que enfrenta protestos e greves de funcionários públicos, com vários órgãos do governo inadimplentes com fornecedores, sérias denúncias, consegue evitar qualquer reportagem graças à fabulosa verba de propaganda que irriga os departamentos comercias de TVs, rádios e jornais.

Mas, nesta reta final, os institutos apontam um enorme crescimento da candidatura de Gabeira, já saudado com alegria pela mídia. Não para menos. Com isso, evitaria as chances no segundo turno de dois candidatos incômodos para a Globo e seus parceiros: Marcelo Crivella, representante da Record do Bispo Macedo, inimigo empresarial dos Marinho e Jandira Feghali, a candidata comunista.

Com o crescimento do nome de Gabeira, sinto como dever lembrar um fato. Para tal, fiz um vídeo. Nele, lembro que Gabeira voltou do exílio publicando livro onde narrava decepção de seu passado de guerrilheiro, que seqüestrou um embaixador. O livro até virou filme, com heróico personagem inspirado no atual deputado. Só que outro filme tem outra versão. Trata-se de "Hércules 56", de Silvio Dá-Rin, documentário com os que efetivamente fizeram o seqüestro de Charles Elbrick, em 1969. Nele, Gabeira não foi chamado. O motivo só é respondido nos extras do DVD, onde o diretor e Flávio Tavares, histórico militante que foi trocado pelo embaixador, afirmam que Gabeira não participou do seqüestro e seu livro foi "armado" de forma a levar a este entendimento. O filme pode ser visto no Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=z8B3pu-9Xek

Fonte: Fazendo Media

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Capitalismo Gângster

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por Marcelo Salles

A quebra de algumas das maiores corporações privadas do mundo atinge a vida de milhões de pessoas. Mesmo assim, tem gente que acha que o culpado é o poder público. Tem jornalista que acha que só tem que investigar o poder público. Tem manual de redação que só recomenda investigar o poder público. Tem parlamentar que só ataca o poder público.

Enquanto isso, o poder privado vai crescendo, vai se articulando, vai se fortalecendo. Até chegar ao ponto em que passa a controlar o poder público. Mas é um controle que não aparece muito, sobretudo porque as corporações de mídia não mostram. De modo que os escândalos em empresas privadas vão e vêm, mas seus negócios continuam incólumes. Por exemplo: alguém aqui sabe quanto as Organizações Globo e o Jornal do Brasil devem em impostos? Estou falando de dívidas de duas empresas privadas junto ao poder público. São milhões de reais! Dinheiro que poderia estar sendo investido em casas populares, melhorias no atendimento de saúde, na educação fundamental, no saneamento básico... E quem é que está investigando isso? Onde está o Ministério Público? Onde estão os parlamentares que só atacam o poder público?

As crises do sistema capitalistas são cíclicas, isso já foi previsto há mais de um século por um sujeito chamado Karl Marx, compreensivelmente achincalhado pelos agentes desse sistema. Não faz muito tempo que Xerox, Enron, WorldCom e outras gigantes estadunidenses foram pegas com fraudando sua contabilidade para aumentar o valor das ações na bolsa. Isso foi em 2002 e os balanços foram adulterados entre 1997 e 2001, projetando um falso faturamento de US$ 1,4 bilhão.

Outro dia o "comentarista de economia" do Jornal da Globo disse que não faltava dinheiro, faltava confiança. Outro "especialista" disse que esse sistema, que eles chamam de "capitalismo financeiro", depende de duas coisas: confiança e liquidez. Ora, meu Deus do céu, pode dar certo um sistema baseado em confiança se a essência desse mesmo sistema é a busca pelo lucro a qualquer preço (incluindo mentir para ganhar dinheiro na bolsa e outras artimanhas que nada têm a ver com confiança)? Aprofundando: é aceitável um sistema que tem em sua base a exploração do ser humano?

Por fim, recomendo a leitura de "Capitalismo Gângster", do inglês Michael Woodiwiss (Ediouro). Como consta da capa do livro, você vai descobrir "quem são os verdadeiros agentes do crime organizado mundial". Um trecho (página 47): "Os norte-americanos adultos e profissionalmente ativos têm maior probabilidade de morrer jovens em conseqüência do crime empresarial organizado do que devido a qualquer outra forma de atividade criminosa". Porque além de fraudar a contabilidade, as corporações privadas jogam no mercado produtos prejudiciais à saúde e garantem sua imunidade corrompendo a fiscalização e comprando o silêncio da mídia grande.

Fonte: Fazendo Media

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Nancy Pelosi e o fogo cruzado

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Jim Young/Reuters
Acusada por republicanos como culpada pela rejeição ao pacote, a presidente da Câmara dos Representates Nancy Pelosi avisou a Wall Street que o ...
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Acusada por republicanos como culpada pela rejeição ao pacote, a presidente da Câmara dos Representates Nancy Pelosi avisou a Wall Street que o Congresso fará o melhor para o país

Não era esperado, mas os 700 bilhões de dólares com que o governo Bush se dispôs a tentar salvar os mercados financeiros, dentro e fora dos Estados Unidos, foram rejeitados. A Câmara dos Representantes norte-americana com 228 votos rejeitou o pacote, na tarde de ontem, 29. A favor votaram 205 parlamentares, inferior aos 218 necessários para a aporvação.

A presidente da Câmara Nanci Pelosi - do Partido Democrata - depois da votação foi apontada por republicanos como a culpada pelo resultado. Disseram que ela estava dando tratamento partidário ao caso. Pouco antes ela havia responsabilizado pela crise financeira americana as "fracassadas políticas econômicas" do presidente George W. Bush, do Partido Republicano.

Em coletiva, Pelosi disse que deverá manter nos próximos dias conversas com parlamentares de ambos os partidos majoritários (Democrata e Republicano) e com os independentes. Ela diz pretender reverter a decisão e aprovar o pacote na Câmera ainda esta semana.

"É hora de mostrar a Wall Street (bolsa de valores internacionais de Nova Iorque) que o Congresso está unido e fará o melhor para o país", ressaltou Pelosi.

A rejeição ao pacote provocou queda nas bolsas mundiais. A Bovespa, de São Paulo, fechou em queda de 9,36%. No início da tarde, contabilizando queda de 10,16%, os administradores da bolsa interromperam as atividades por meia hora, o que não era feito desde janeiro de 1999. O índice Dow Jones, de Nova Iorque, caiu 7%, em movimento iniciado antes mesmo do anúncio da Câmara em razão do temor dos investidores.

Legisladores devem se reunir nos próximo dias, possivelmente na quinta-feira, 2, para reavaliar o projeto. Bush manifestou "decepção" com a recusa. Diz que se reunirá com a equipe econômica do governo para trabalhar em novas opções diante da crise.

Fonte: Terra Magazine

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“Muda o disco, cara!”

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Coluna (Nas entrelinhas) publicada hoje no Correio Braziliense.

Eu tenho a curiosidade de saber quem foi o gênio que, certo dia, soprou a dica nos ouvidos da oposição: “vamos dizer que o Lula só está indo bem porque, diferentemente do Fernando Henrique, não teve que enfrentar nenhuma crise internacional”

Por Alon Feuerwerker
alon.feuerwerker@correioweb.com.br

Um erro grave em gestão empresarial é subestimar a concorrência. Arrogância diante dos competidores é fórmula certa para ser ultrapassado por eles. Qualquer aluno de graduação em administração e negócios sabe disso. Quem ainda tiver dúvida a respeito, que observe o que se passa com a oposição brasileira. Apostaram lá atrás que o governo Luiz Inácio Lula da Silva daria com os burros n’água. Contra todas as evidências, mantiveram ferozmente essa previsão como única hipótese de trabalho. Os resultados da escolha estão aí. Nas pesquisas, como a CNI/Ibope divulgada ontem.

Outro pecado capital é basear estratégias de guerra em premissas pouco seguras. Quando as premissas são desmoralizadas pelos fatos, a estratégia vai junto de roldão. Eu tenho, por exemplo, a curiosidade de saber quem foi o gênio que, certo dia, soprou a dica nos ouvidos da oposição brasileira: “Vamos dizer que o Lula só está indo bem porque é um cara de sorte, porque, diferentemente do Fernando Henrique, não teve que enfrentar nenhuma crise internacional”. Consultem os arquivos da imprensa para constatar a profusão de vezes em que tucanos e democratas disseram isso.

Bem, o mundo vive a mais aguda crise financeira desde 1929 e há uma chance de o Brasil, assim como outros emergentes, sofrer relativamente menos do que seria habitual. Se isso acontecer, o presidente da República poderá utilizar doravante como bumerangue contra a oposição todo o trabalho de propaganda feito por ela própria. “Enfrentei a crise mundial mais grave dos últimos oitenta anos, e mesmo assim fiz mais do que vocês jamais fizeram.” Alguém duvida de que Lula tem esse discurso engatilhado? No lugar dele, você agiria diferentemente?

Talvez tenha faltado lá atrás algum chato para estragar os animados convescotes dos caciques oposicionistas. “E se tiver uma crise e o Lula sair-se melhor do que a encomenda, o que vamos dizer depois?” As pesquisas mostram Lula nas alturas, mas é necessário fazer justiça. A popularidade do presidente e da administração é obra a quatro mãos. Seria mesquinho não reconhecer no ativo político do petista a valorosa contribuição dos que, supostamente, teriam por missão opor-se a ele.

O leitor poderá enxergar essas lucubrações como engenharia de obra feita, análise confortável a posteriori. Para minha sorte, uma varredura nos arquivos deste jornalista (neste blog) mostrará que o deprimente cenário para a oposição ao governo federal foi vaticinado lá atrás. O que não chega a ser vantagem, já que pelo jeito ninguém deu pelota para minhas previsões. E foram muitas as vezes. Daí as críticas dos amigos. “Puxa, mas você vai escrever de novo sobre as razões da fraqueza da oposição? Muda o disco, cara!”

Eu mudo, se a oposição também mudar. Claro que, como em certas histórias de suspense, há a possibilidade teórica de as coisas chegarem a um final feliz para os nossos oposicionistas. Apesar de Lula e seu governo terem a aprovação de oito em cada dez brasileiros, os nomes do PSDB aparecem na frente dos possíveis concorrentes do PT, inclusive da ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, a predileta do Planalto. Mesmo faltando dois anos para a eleição, não deixa de ser curioso que, num quadro maciçamente favorável a Lula, nomes tucanos estejam bem.

Também já escrevi aqui sobre a fragilidade desse retrato. Gilberto Kassab (DEM, São Paulo), Eduardo Paes (PMDB, Rio de Janeiro), Márcio Lacerda (PSB, Belo Horizonte) e João da Costa (PT, Recife) são bons exemplos de postes alavancados por administrações e administradores competentes e bem avaliados. E perguntei: se governadores e prefeitos conseguem fazer poste voar, por que Lula não conseguiria?

Meu palpite é que, tirando o imponderável, a oposição só terá chance de derrotar o candidato de Lula (qualquer um) em 2010 se conseguir promover uma divisão decisiva na base política do governo federal. Se sobrevier um racha dramático entre o bloco (se ainda for bloco) PSB-PDT-PCdoB e o PT. Ou se uma grande fatia do PMDB resolver bandear-se. O problema, de novo para a oposição, é que nada sinaliza nesse sentido. O bloco de esquerda anda em rota de reaproximação com o petismo. E o PMDB exibe grande satisfação com a gorda fatia de poder que lhe cabe no consórcio governista.

Recentemente, o ministro peemedebista de Minas e Energia, senador Edison Lobão (AM), circulou por São Paulo e reuniu-se com a nata da nata do PIB. Dos grandes (e põe grande nisso) empresários convidados, não faltou ninguém. Lobão, que ao assumir a pasta foi alvejado de todos os lados, recebeu da platéia VIP tratamento dado a político de primeiríssima linha. A conta das mesuras deve ser espetada no pré-sal e nos megaprojetos do PAC. Quem viu, diz que foi de assombrar.

Ora, não está no DNA do PMDB trocar o certo pelo duvidoso, dar as costas a belezuras assim.

Fonte: Blog do Alon

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Protegida sim. Blindada, jamais

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por Daniel Pinheiro

Mesmo com o agravamento da crise financeira que assola principalmente os EUA e a Inglaterra, provocado pela rejeição no Congresso norte-americano do pacote de ajuda às instituições financeiras proposto pelo governo Bush, os danos à economia brasileira não serão significativos no curto prazo.

Esta é a avaliação de Mariano Laplane, professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), para quem só o anúncio de algum tipo de auxílio será capaz de acalmar o mercado.

“Seguramente um pacote virá, mas esta intranqüilidade atual é fruto da crise de financiamento do setor imobiliário (que começou em julho de 2007) e agora se vê bastante agravada”, explica Laplane. “Este movimento de falências e fusões nos EUA e na Inglaterra, principalmente, provocou uma séria restrição no crédito global.”

Falta de liquidez global, aliás, que fica evidente em movimentos como a queda acentuada da Bovespa na última segunda 29, que chegou a ter suas operações paralisadas quando o índice que mede a movimentação da bolsa brasileira caiu mais de 10%. “Há uma fuga de capitais, porque os investidores que tinham dinheiro em ações negociadas no Brasil precisam cobrir suas posições em seus mercados de origem.”

Esse é o mecanismo que pode fazer com que a crise seja sentida de maneira mais significativa no País, diz Laplane. “Com menos gente dispondo de dinheiro para investir, as empresas que pensavam em abrir seu capital na bolsa para arrecadar receitas não farão isso agora, porque sabem que o montante seria muito pequeno.”

Outro setor que pode sofrer com a falta de crédito decorrente desta crise de falta de liquidez no sistema financeiro dos EUA é o dos exportadores, por conta da escassez de fontes externas para financiar as operações de venda em outros países.

Laplane ressalta que no Brasil os grandes perdedores agora são as pessoas do País que investiram na bolsa e viram seu dinheiro perder valor com os acontecimentos nas últimas semanas. “Ainda não temos uma cultura do brasileiro investir nas bolsas de valores, não são muitos que colocam suas economias no mercado financeiro, então não é uma coisa desesperadora como nos Estados Unidos, em que uma grande parte da população tem investimentos atrelados em ações e viu uma boa parte do dinheiro que tinha quase se evaporar.”

O diretor do Instituto de Economia da Unicamp enfatiza ainda a melhor situação da economia brasileira no momento, se comparada à crise das economias asiáticas, que assolou os mercados globais em 1997.
“É uma bobagem dizer que o Brasil está ‘blindado’ contra a crise o coisa que o valha, mas é inegável que a atual situação do crescimento brasileiro, baseada muito mais no consumo interno do que nas exportações, deixa o País com muito mais fôlego para enfrentar os efeitos dessa turbulência”, diz Laplane. “Além disso, contamos com um bom volume de reservas financeiras para ser utilizado em mecanismos que podem amenizar efeitos mais severos que essa crise possa causar na economia brasileira no médio prazo.”

Um dos exemplos citados por Laplane é a criação de um fundo de financiamento para os exportadores brasileiros, que teriam a quem recorrer para captar recursos para concretizar operações de venda os produtos do Brasil para os mercados internacionais.

Para acompanhar as reviravoltas da crise, e seus prolongamentos que eventualmente podem trazer problemas para a economia brasileira, Laplane recomenda que sejam observados indicadores menos óbvios e mais estáveis que as bolsas de valores pelo mundo, mais voláteis e bastante suscetíveis aos humores imediatistas do mercado de capitais.

“Nesses dias de instabilidade, todos os telejornais falam da Bolsa de Londres que abriu em baixa, do fechamento em queda expressiva das bolsas asiáticas, e essas informações são de pouca utilidade para quem quer medir o impacto real desta crise”, explica o economista. “É melhor observar para medidas mais concretas, como por exemplo o número de instituições financeiras que precisaram receber ajuda de bancos centrais ou empresas com melhor saúde, ou ainda a taxa de juros dos EUA, que remunera aquele que é considerado o investimento mais seguro do mundo, e geralmente é o porto tranqüilo procurado por aqueles abalados com a loucura que tem sido o mercado financeiro nas últimas semanas.”

Fonte: Carta Capital

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Reparando equívocos

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por Rodrigo Martins


Coordenador de um dos grupos de trabalho constituídos pela Funai para rever a dimensão das terras indígenas no Mato Grosso do Sul, o antropólogo Rubem Thomaz de Almeida tem evitado falar com jornalistas há semanas.

O recolhimento, justifica, deve-se à forte campanha movida por proprietários rurais contra o processo de demarcação, razão pela qual solicitou à CartaCapital que não divulgasse seu retrato. “O clima é de intimidação. Os carros das equipes responsáveis por este levantamento chegaram a ser perseguidos nas estradas por picapes de fazendeiros”, conta.

Dedicado ao estudo dos índios guaranis há 35 anos, Almeida concordou em conceder esta entrevista para “desfazer alguns dos equívocos” que, acredita, deram o tom do debate até agora.

CartaCapital: Por que os índios precisam de mais terras?
Rubem Thomaz de Almeida:
Do fim do século XIX para cá, os colonizadores ocuparam praticamente todo o território que antes pertencia aos guaranis. Nesse processo de ocupação, os indígenas foram, pouco a pouco, sendo restringidos a áreas muito pequenas. Hoje, temos 40 mil índios que vivem em cerca de 44 mil hectares. Eles estão praticamente sem terra. Na aldeia de Dourados, a situação é dramática: há apenas 3,5 mil hectares para 12 mil índios. Eles não têm condições de desenvolver a sua agricultura de subsistência. Dependem da cesta básica dada pelo governo.

CC: Os conflitos entre indígenas, dentro das aldeias, têm relação com a questão fundiária?
RTA:
Sim, devido à convivência forçada entre famílias que jamais se aproximariam de maneira espontânea. Alguns índios contornam esse problema por meio do casamento ou de alianças políticas. Mas há muitas brigas, que por vezes resultam em homicídios. No passado, quando uma família brigava com outra, geralmente uma delas se mudava para outra região, onde também tinha vínculos familiares. Havia espaços disponíveis. Hoje, não.

CC: Qual é a área necessária para abrigar os guaranis?
RTA:
Os grupos de trabalho foram criados para fazer esse levantamento, para que se conheça, com alguma precisão, a real demanda dos índios. Hoje, há muita especulação. A imprensa chegou a anunciar que a área seria de 12 milhões de hectares. Isso é um disparate, representa um terço do estado, a área total de 26 municípios, incluindo os centros urbanos. Admitir isso seria tão absurdo quanto propor a demarcação de terras indígenas em Copacabana, no Rio, ou no Vale do Anhangabaú, em São Paulo.

CC: É possível estimar a área a ser demarcada?
RTA:
É preciso aguardar os estudos. Certa vez, a um jornal local, deixei claro que não faz sentido falar em 12 milhões de hectares se a área sob investigação ocupa, no máximo, 3 milhões de hectares. O número foi divulgado como a área da demarcação. Nada disso. Dentro desse território, ainda serão feitos os levantamentos antropológicos para saber quais as terras pretendidas e se elas são tradicionalmente ocupadas por índios.

CC: O que será avaliado nos estudos?
RTA:
A composição das famílias, as relações de parentesco, a história deles em relação à terra, a ocorrência de determinados indicadores que comprovem a presença deles por ali, como casas abandonadas, resquícios de objetos, cemitérios indígenas etc.

CC: Os índios podem ser assentados em outra região?
RTA:
Nós, brancos, temos a concepção de que a terra é um título de propriedade. Para os guaranis, é o contrário. As terras não pertencem aos índios. Estes é que pertencem a uma terra. Por isso, eles se recusam a aceitar terras que não são suas, que não foram ocupadas pelos seus antepassados. No fim dos anos 70, a Funai tentou assentar um grupo de guaranis na aldeia Bodoquena, dos índios Kadiwéu, um pouco mais ao norte do estado. Ela tem 575 mil hectares para uma população muito pequena, entre 1,5 mil e 2 mil índios. Não deu certo. Os guaranis insistiram para voltar. Como a Funai não mobilizou transporte para trazê-los de volta, eles iniciaram uma marcha a pé de mais de 700 quilômetros.

CC: A demarcação será em área contínua?
RTA:
Em Roraima, a Raposa Serra do Sol tem 1,7 milhão de hectares para 18 mil índios em área contínua. Mas pensar numa situação similar no Mato Grosso do Sul é irreal. O estado tem colonização consolidada e economia estabelecida. A rigor, pela Constituição, até seria possível pensar numa solução para os índios desconsiderando os brancos. Não é o caso. O plano operacional prevê a presença dos proprietários rurais na região. Estuda-se, sim, a possibilidade de criar conexões entre as aldeias por meio de corredores ecológicos, o que permitiria a passagem de bichos e a circulação dos guaranis. Sem prejuízos, já que os corredores passariam pela área de reserva legal das fazendas. Isso leva em conta o próprio desenvolvimento do estado, eu diria.

CC: De que forma?
RTA:
As implicações que esses conflitos entre fazendeiros e indígenas trazem podem depor contra a economia local, seja pela desvalorização da terra, seja pela dificuldade do setor ao obter financiamentos ou mesmo na exportação de produtos. Isso é bastante comum. Na Europa, são negados negócios poderosos em função da questão ambiental, do trabalho escravo, de uma série de fatores. E a questão dos índios aqui também é preocupante. Não oferecer solução a essa população também traz prejuízos.

CC: Os índios terão condições de cultivar essas terras como os brancos?
RTA:
É um equívoco querer transformar os índios em produtores, tentar transformá-los em brancos. Eles têm o seu modo de vida, sua cultura, não tem a intenção de abandonar isso para se transformar num trabalhador rural, num profissional qualificado para determinado tipo de trabalho. Já se tentou isso numerosas vezes, seja pela Funai, seja pela atuação de missionários, e nunca deu certo. Os índios não querem ser brancos. Se os índios quisessem, já teriam feito, porque a relação de contato dos índios guaranis com os brancos é longa, de séculos. Parece-me da maior relevância que a sociedade entenda isso e compreenda que eles precisam do mínimo de terra para exercer o seu modo de ser, com a agricultura de subsistência, a caça e a pesca.

CC: Como se dá a relação dos guaranis com os brancos hoje?
RTA:
Fragmentos da sociedade indígena efetivamente têm uma relação mais próxima com os brancos. Conseqüentemente, eles são os que mais aparecem, os mais visíveis. São índios que têm um certo domínio com os nossos códigos e é com eles que os brancos dialogam. Mas isso é uma porcentagem bastante reduzida da população indígena. Os guaranis têm uma organização acéfala, baseada nas famílias extensas. Fala-se muito em liderança indígena. Quem seriam essas lideranças? Justamente aqueles que têm o domínio do nosso código, falam melhor a nossa língua e atuam como interlocutores. Se você entrar de fato das aldeias, descobrirá que a maioria fala muito mal o português e não pretende ter essa relação mais próxima conosco. Fazem questão de manter o seu modo de ser. E isso deve ser levado em conta. Se não for, o Estado brasileiro vai corroborar para o etnocídio. Impor nossa cultura é uma forma de matá-los culturalmente.

CC: E como resolver problemas como o alcoolismo e a violência dentro das aldeias guaranis?
RTA:
Fala-se muito do problema do alcoolismo entre os índios, mas não há nenhuma pesquisa acurada para verificar a dimensão do problema. Os jornais estampam: índios bêbados. Mas quem são eles? Os mesmos problemas que nossa sociedade enfrenta, eles também enfrentam. Tanto que tivemos de fazer a lei seca para evitar as mortes nas estradas devido ao consumo irresponsável da bebida alcoólica. Há uma porcentagem dos índios que, ao ingerir álcool, pode trazer problemas. Mas é necessário fazer uma pesquisa acurada sobre o tema. Eu insisto na idéia do segmento. É muito fácil dizer que os índios são bêbados e vagabundos. Mas seria justo dizer que a sociedade brasileira é uma sociedade de bêbados porque uma porcentagem da população bebe e causa problemas? Também fala-se em droga e prostituição. Eu trabalho com eles há 35 anos e nunca vi um índio se drogando ou uma índia se prostituindo. Não estou dizendo que não existe, mas eu nunca vi. E olha que eu ando, eu circulo por essas bandas desde 1973. Há um senso comum orientado por interesses de diversas áreas, dos missionários aos proprietários rurais, permeado por uma dose grande de preconceito. Cria-se uma imagem de os índios são bêbados, drogados e vagabundos.

CC: Há muito preconceito em relação aos guaranis?
RTA:
Sem dúvida. Dizem, por exemplo, que eles não trabalham. Só que os índios têm uma noção muita clara de que quem não trabalha não sobrevive. Eles trabalham, mas não como nós. Os índios não vão se tornar capitalistas. Precisamos acabar com essa ilusão. Eles têm interesse, sim, de desenvolver a sua economia de subsistência. Estão interessadíssimos nisso. Eles querem trabalhar e ficam extremamente irritados de depender de cesta básica. Até quando o governo vai bancar cesta básica para todo mundo? A vida deles gira em torno da roça. A caça e a pesca são certamente valiosas para os guaranis, mas eles não são nômades. No Brasil, existe somente uma etnia nômade: os nhambiquaras. Mesmo assim, eles deixaram de ser, por diferentes razões. Mas aí vem o rótulo: nômades. Ora, se são nômades, não precisam de terra.

CC: Basta ter acesso à terra?
RTA:
Não, mas há experiências que comprovam que com pouquíssimo investimento é possível estruturar as comunidades indígenas, não há a necessidade de vultosos investimentos. Mas a terra é fundamental, e deve-se levar em conta a organização das famílias extensas de guaranis. Essas famílias pertencem a uma determinada terra e não permitem que qualquer índio ocupe a sua área. Isso só acontece em áreas delimitadas pelo governo.

CC: O elevado número de suicídios entre os guarani tem relação com esses conflitos fundiários, com a falta de terra?
RTA:
Em alguma medida. O suicídio faz parte da cultura guarani. Desde o século XVII, há o registro histórico do que os indígenas chamam de jejuvy, termo que significa “enforcar-se”. Sabidamente isso é da tradição guarani. Mas, ultimamente, há uma exacerbação do suicídio, que aparece de maneira mais veemente, em número muito maior. A taxa de suicídio entre os guarani é uma das mais elevadas do mundo. E isso também tem relação com essa convivência forçada em áreas muito pequenas. Não é justo dizer que os índios se suicidam por causa dos brancos. Não é isso. Mas a falta de terra potencializa o problema.

Fonte: Carta Capital

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Vídeos para entender o que é Tecnologia Social

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Por Redação Revista Fórum

Direito de crescer

A tecnologia social Direito de Crescer, tem como alvo os filhos de trabalhadores de carvoarias de Ribas do Rio Pardo, MS. O objetivo é a reestruturação da família, tanto por meio da conscientização e capacitação de pais e filhos sobre os valores familiares, quanto pela complementação da renda familiar, com bolsa mensal no valor de R$ 100, que deve ser empregada no desenvolvimento das crianças que se encontram em fase de formação (7 a 14 anos) e na subsistência familiar

Programa Movimento - Encontro de Economia Solidária

Reportagem do "Programa Movimento" do Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araujo. Retirado do ar pela Coordenação Executiva da TV Comunitária de Curitiba no dia 4 de maio de 2007, o programa agora está na internet com o propósito de continuar mostrando as ações dos movimentos sociais.

Tecnologias para a Água


Algumas imagens de tecnologias sociais para a água desenvolvidas pelo Ecocentro IPEC







Fonte: Revista Fórum

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ABGLT lança protesto contra candidato a prefeito do Rio

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Por Redação Revista Fórum

Acusado de homofobia o senador e bispo licenciado da Igreja Universal, Marcelo Crivella (PRB) é alvo de um manifesto lançado pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) lançado no Rio de
Janeiro.

O manifesto é contra a candidatura de Crivella à Prefeitura do Rio e pede aos eleitores para não votarem nele. A ABGLT considera o candidato homofóbico e que não respeita a Constituição Federal, nos princípios da igualdade e da não discriminação.

A entidade numera motivos para não se votar no senador e acusa ainda Crivella de não respeitar a Organização dos Estados Ameriacanos (OEA) que afirma ser a orientação sexual e identidade de gênero direitos humanos.

Ao final do manifesto, a ABGLT faz mais uma apelo: "o Rio de Janeiro é a cidade símbolo da diversidade e não merece ter um prefeito que não respeita a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais)".

Leia o Manifesto na íntegra:


"Manifesto pela não-eleição de Crivella para prefeito do Rio "


Candidato não respeita os direitos de pessoas LGBT

Motivos para não votar em Crivella para prefeito do Rio de Janeiro: uma pequena amostra de exemplos dos pronunciamentos e da atuação homofóbicos de Crivella inclui:

- Artigo intitulado "perigo para as famílias brasileiras", convocando manifestações contra o projeto de lei 122/2006, que criminaliza a descriminação homofóbica (Jornal do Brasil, 2007)

- "A lei (plc 122/2006) é uma excrescência" (O Globo, 25/09/2008, p.13)

- "Ninguém pode ter neste país a obrigação de concordar que não se pode criticar o homossexualismo" (O Globo, 25/09/2008, p.13)

- "Acho que o homossexualismo é pecado, não é natural." (Programa do Jô Soares)

- Constante articulação e proferimento de discursos contra o PLC 122/2006 e contra as pessoas LGBT.

- "Hoje, com a prática do homossexualismo em escala global, difundida e enaltecida nos meios de comunicação, protegida como quer o PLC 122/2006, comete-se indiscutível erro ético." (Artigo em http://www.senado.gov.br/MarceloCrivella/direitodeopiniao.htm)

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Diante do currículo e das declarações do Senador Crivella contrárias à comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) e contrárias à igualdade de seus direitos, a ABGLT vem solicitar a toda a comunidade LGBT, pessoas aliadas, familiares, amigos e pessoas que querem um estado democrático e não fundamentalista que não votem para Crivella para prefeito do Rio de Janeiro, e que façam uma campanha contra uma pessoa que:

- não respeita a Constituição Federal, nos princípios da igualdade e da não-discriminação;

- não respeita a Resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia;

- não respeita a Resolução 2435/2008 da Organização dos Estados Americanos (orientação sexual e identidade de gênero como direitos humanos);

- não respeita a 10ª revisão da Classificação Internacional de Doenças, aprovada pela Assembléia Mundial de Saúde (OMS) em 17 de maio de 1990, que retirou a homossexualidade da lista de doenças;

- não respeita os ensinamentos de Cristo contidos em Mateus 7: "não julguem, e vocês não serão julgados. De fato, vocês serão julgados com o mesmo julgamento que vocês julgarem, e serão medidos com a mesma medida com que vocês medirem."

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O Rio de Janeiro não merece um prefeito com este currículo, que vai contra o perfil da Cidade Maravilhosa. O Rio de Janeiro é a cidade símbolo da diversidade e não merece ter um prefeito que não respeita a comunidade LGBT.

Pela aprovação do PLC 122/2006!

Por um estado realmente laico, em que seja respeitada a diversidade religiosa, a diversidade sexual, em que todos os seres humanos sejam tratados como cidadãos e em que a Constituição Federal seja a lei maior do país.

Fonte: Revista Fórum

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Comércio justo, uma idéia bastante antiga

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Por Hilaire Avril

O conceito de comércio justo é tão velho quanto a própria ética. Mas sua atual sustentação teórica choca-se com o consumo de massa. A literatura francesa em matéria de comércio justo tem muita finidade com “a Ética a Nicómaco”, obra do filósofo grego Aristóteles na qual argumenta que a ética dependo do contexto. O mesmo se pode dizer do comércio justo, um conceito em constante evolução. Muitas ideologias em voga durante o século XIX nos Estados Unidos e na Europa levaram à criação de comunidades e aldeias auto-sustentáveis, de acordo com os princípios do socialismo utópico do filósofo francês Claude-Henri de Rouvroy, mais conhecido como Conde de Saint-Simon, que defendia relações comerciais eqüitativas como pilar da harmonia social. A maioria dessas experiências durou pouco.

Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), muitos dos que professavam uma visão do comércio ético do século XX se inspiraram na religião. Nos Estados Unidos, o Comitê Central dos Menonitas começou a vender artesanatos das nações em desenvolvimento em lojas beneficentes em 1946. Além disso, na França o abade Pierre (1912-2007), sacerdote católico e incansável defensor dos direitos das pessoas sem lar, criou a primeira rede de comércio justo, Emaús, onde eram vendidas roupas usadas e outros produtos em beneficio de muitas causas.

Mas essas encarnações morais do comércio se parecem mais com doações benevolentes e caritativas do que com atividades empresariais. Em sua concepção de trabalho humanitário, o comércio justo se tornou secular na década de 60. O termo propriamente dito foi cunhado na Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) de 1968, realizada para “maximizar oportunidades de comércio, investimento e desenvolvimento nas nações pobres”, sob o lema “comércio, não ajuda”. Organizações não-governamentais como a britânica Oxfam Internacional e a francesa Artisans du Monde, começaram a comprar, distribuir e vender a consumidores ocidentais mercadorias adquiridas mediante comércio justo através de suas lojas.

O perfil do típico consumidor do comércio justo mudou de forma drástica e deixou de ser o religioso de boa vontade característico do período de pós-guerra. Em uma época em que as colônias européias ficavam independentes de suas metrópoles, comprar bens que garantissem um preço decente aos agricultores pobres das nações em desenvolvimento se tornou um ato político. Mas o voluma dos intercâmbios de comércio justo não dispararam até a década passada. Aumentou quase 10 vezes desde 2000 e superou os US$ 3 bilhões em 2007, segundo a associação sem fins lucrativos Fairtrade labelling Organizations International, que fixa critérios de comércio justo.

“Na França, as vendas a título de comércio justo aumentaram cerca de 30% ao ano”, segundo Julio Maisonhaute, coordenadora da Plataforme pour lê commerce equitable (Plataforma para o comércio eqüitativo), que reúne 39 organizações. O comércio justo moderno começou com o café da América Latina, um produto básico que continua sendo o mais vendido, mas há novos bens que são responsáveis pelo boom. Porém, muitos deles são bastante polêmicos. Os últimos avanços na variedade de mercadorias justas contribuíram para a expansão do setor, disse Nicolas Messio, diretor-geral da Alter Mundi, cadeia parisiense de lojas dedicadas a este tipo de produto.

“Lançamos uma coleção prêt-à-porter para jovens, que agora representa cerca de dois mil produtos em nossa rede”, afirmou Messio. “Após vários escândalos pela exploração de trabalhadores em fábricas de grandes corporações do setor da moda, as pessoas ficaram mais sensíveis à questão das condições de trabalho dos que elaboram sua roupa”, acrescentou. “mas, continuam querendo comprar tênis e camisetas da moda criadas por jovens modelistas conscientes”, ressaltou.

A maiôs consciência social que existe no mundo da moda é a responsável pelo auge do comércio do algodão “justo” procedente da África ocidental, região historicamente atrasada em relação à América Latina e Ásia. Também aumentou o comércio justo de produtos como artesanatos e café africanos nos últimos anos. “A venda de cosméticos ‘verdes’ e justos também aumenta com rapidez”, disse Messio, acrescentando que “isso porque afeta a imagem das pessoas, pois ninguém quer usar maquiagem sem saber de onde vem”.

O comércio justo não só amplia a variedade de produtos oferecidos como, também, muda a própria essência do negocio. Os principais supermercados e cadeias de venda direta cada vez têm mais produtos qualificados de “éticos”. Max Havelaar, um dos maiores distribuidores de produtos justos, lidera uma tendência que muitos consideram como o passo que definitivamente deixará para trás o tradicional comércio com consciência social por uma distribuição profissional. O distribuidor tem acordos com várias das maiores redes de supermercados da França. Essa decisão avivou as discussões dentro do movimento de comércio justo.

“O comércio justo nos supermercados é uma contradição em si mesmo”, explicou Michel Besson, diretor da Andines, distribuidora francesa de produtos justos através da Internet. “Do ponto de vista estrutural, as grandes redes de distribuição visam maximizar os lucros e minimizar os custos. Isso atenta contra o objetivo de conseguir um preço justo, e salários decentes, para o trabalho de pequenos produtores”, afirmou. Mas, para Elodi Martin, da Max Havelaar “a nova tendência está a anos-luz dos idéias originários de autogestão, transparência e justiça. A distribuição especializada em comércios exclusivos tem um impacto limitado, só chega a ativistas. Para aumentar as vendas e marcar uma diferença precisamos recorrer a grandes distribuidores e aos supermercados”, ressaltou”.

No contexto dos acalorados debates entre as organizações dedicadas ao comércio justo, as autoridades francesas organizaram uma mesa-redonda para criar um critério lega. Mas, três anos depois de agitadas discussões não há consenso. “Um critério que tenha apoio do governo é conveniente para todos”, disse Maisonhaute. “Dará tranqüilidade aos consumidores e habilitará as ofertas públicas, mas todos têm diferentes critérios sobre o comércio justo”. Diante da falta de consenso, o Ministério da Economia da França criou uma Comissão Nacional de Comércio Justo em 2005. Mas, até agora, só existe no papel. A falta de regulamentação pode ser o motivo do crescimento exponencial do comércio justo na França, apesar de a polêmica a respeito ser cada vez mais dura. (IPS/Envolverde)

Fonte: Revista Fórum

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Pacote Bush-Paulson: quando os gângsteres parecem escoteiros

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Quando a administração Bush tenta enfiar pela goela do Congresso um pacote de salvamento de US$ 1 trilhão, ela começa a parecer com o coronel Sanders (da famosa rede americana KFC de frango frito) garantindo ao público que merece toda confiança para tomar conta dos galináceos. Se não fosse tão sério, haveria nisso tudo algo de cômico.


Por Sam Webb, presidente do Partido Comunista dos Estados Unidos*



Bush e Paulson, sobre cartaz de Dillinger

Aqui temos a Casa Branca, que dissipou trilhões de dólares em oito anos, e seu pivô, Hank Paulson, vindo de 38 anos de jogatina no sistema financeiro a serviço do Goldman Sachs... insistindo para que os líderes do Congresso entreguem-lhes um trilhão, sem debate e sem amarras.


Neste drama da vida real, Bush e Paulson fazem John Dillinger, o legendário gângster e assaltante de bancos do tempo da Depressão, parecer um escoteiro.

Nada a ver com o socialismo

Isso não é "socialismo para os ricos", como alguns sugeriram. Medidas socialistas iriam evidentemente sanear e estabilizar o sistema financeiro para que ele seja seguro. Mas um governo de orientação socialista também colocaria tanto os bons como os maus ativos das partes responsáveis (bancos comerciais e de investimento, fundos de ações e hedge funds) nas mãos de uma autoridade democraticamente regida. Transformaria o Federal Reserve (ou Fed, o banco central dos Estados Unidos), que durante a era Greenspan foi um dos principais arquitetos e chefes de torcida das bolhas econômicas (a da alta tecnologia, a das bolsas e, em sua última versão, a imobiliária) em uma instituição sob controle público. Conduziria os responsáveis aos tribunais e em caso de condenação os puniria devidamente.

Ao mesmo tempo, um governo de orientação socialista e seus aliados no Congresso canalizariam dinheiro para os proprietários de sua casa e o povo trabalhador, tomaria medidas especiais para ajudar as comunidades racialmente oprimidas, para não falar de nossas áreas rurais. Reconstruiria nossa deteriorada infraestrutura nacional, investiria em energia renovável e "empregos verdes", acharia um fim rápido para a Guerra do Iraque. Também proporia que o povo assumisse o complexo energético, que também se tornou uma vaca leiteira das mais ricas empresas.

Use o bem senso

Faz algum sentido entregar o controle de nossos sistema econômico-financeiro, por tempo indefinido, aos mesmos indivíduos que vêm jogando com o sistema e antes de mais nada nos colocaram nessa bagunça? Eu não consigo pensar em nada menos democrático. É algo que não tem um mínimo de bom senso.

Nos manuais sobre sistema bancário e monetário que li anos atrás, nossas instituições e sistema de finanças supostamente direcionavam o dinheiro para fins produtivos – novas tecnologias e inovações empresariais, para construir casas e criar empregos, investir em novas fábricas e equipamentos, para construir e renovar nossa infraestrutura nacional – auferindo ao mesmo tempo belos proventos.

Quando se olha para trás, é fácil ver que os bancos e centros de investimento cumpriram essas funções em certo período do desenvolvimento capitalista, mas trata-se de uma fase superada há muito tempo.

Auge das finanças e domínio da ultradireita

Na verdade, com a imposição do domínio da extrema direita e a reafirmação do poder do capital financeiro no país, três décadas atrás, nosso sistema financeiro passou a ser operado de forma mais ou menos independente por outros setores econômicos, em larga medida livres de qualquer corpo regulatório, e cresceu exponencialmente.

O capital financeiro, na busca de maximizar sua taxa de lucro, drenou dólares da economia privada (em especial o setor manufatureiro) e do tesouro público para esquemas especulativos incrivelmente arriscados. Fez proliferar uma série de instrumentos financeiros e transações que poucos compreendem, mas que enriqueceram fabulosamente os compradores e depositários desses exóticos dispositivos, muitos deles sem nada a ver com a economia real.

O capital financeiro facilitou as megafusões, as aquisições e a evasão empresarial para fora do país. Espalhou o caos por Estados soberanos e suas economias, em especial no mundo em desenvolvimento. Sem pensar duas vezes introduziu uma enorme instabilidade nas artérias econômicas dos EUA e do mundo – fato evidenciado pelo contágio financeiro, dentro e fora do país.

Tudo isso foi arquitetado com sucesso em uma das maiores transferências de recursos da nossa história, dos criadores de riquezas – o povo trabalhador do planeta – para os apropriadores de riquezas – a casta superior do capital financeiro americano. Ao mesmo tempo, deixou em nossa nação uma astronômica montanha de dívidas imobiliárias, governamentais e empresariais, que não pode ser superada da noite para o dia.

Em resumo, a reafirmação das posições dominantes do capital financeiro na política econômica dos EUA, que só foi possível devido ao controle da direita sobre as alavancas políticas do poder, fez com que o povo dos EUA e os povos do mundo pagassem um pesado tributo.

Agarrados ao poder

Entretanto, apesar dessa incrível destruição, dessa quase incompreensível corrupção, dessa desenfreada especulação, esses vendilhões do butim, do endividamento e do distúrbio ainda estão tentando resolver a crise atual de tal modo que continuem no comando das principais alavancas do poder – e com suas riquezas intactas.
Como eu já disse, isto não é socialismo. Sua melhor descrição é capitalismo de Estado monopolista-financeiro.

Conforme o marxismo, a principal missão do Estado é reproduzir as condições para a reprodução da estrutura de classe e das relações econômicas do capitalismo. Salvo engano, não é exatamente isso que Bush, Paulson e sua turma estão fazendo?

Uma arena de luta

De fato, o marxismo diz também que o Estado é uma arena de luta. Enquanto a classe dominante emprega o aparato estatal – inclusive, quando necessário, a violência – para impor seus interesses à sociedade, a classe trabalhadora e o povo, unindo-se, podem resistir com êxito a tais medidas, tanto a partir de dentro como de fora das estruturas estatais.

Isto foi feito nos anos 30, e assim se assegurou importantes vitórias para a classe trabalhadora e seus aliados no país. Isto foi feito também nos anos 60 e assim se deitou abaixo o sistema legal da segregação. E assistimos o mesmo ocorrer agora, com os incríveis esforços de milhões de trabalhadores de todas as raças e nacionalidades, junto com seus aliados, para eleger Barack Obama e uma grande maioria congressual democrata em novembro. Por certo é uma tarefa que assume significado ainda maior diante da tormenta financeira que sacode nosso país.

No momento, contudo, o povo americano e os seus amigos no Congresso se defrontam com um desafio de primeira ordem: impor sua marca ao modo de se tratar a crise financeira. Que não pairem dúvidas: nosso sistema financeiro pode ser estabilizado e voltar a um funcionamento ordenado de uma maneira que atenda às necessidades do povo americano e de nosso país. Mas isso exige combate!

* Fonte: Vermelho e http://www.cpusa.org/



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A crise econômica americana e a causa da revolução

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Depois de duas "segunda-feiras malditas" (Wall Street e sua mídia usam a politicamente incorreta "segunda-feira negra"), em 15 e 29 de setembro, a crise econômica nos Estados Unidos se impôs como o tema número um da atualidade. Número um para Washington, que tenta "salvar o capitalismo da ação predatória dos capitalistas", na síntese perspicaz de Cesar Benjamin. Número um também para nós que nos empenhamos em superar o capitalismo.

Por Bernardo Joffily



Bush deixa o púlpito após coletiva: fim de festa

Os acontecimentos não só são complexos, com freqüência contraditórios, mas também vertiginosos. A derrubada do mega-Proer enviado pelo governo Bush ao Congresso, para a patética perplexidade de seu autor, o secretário do Tesouro Henry Paulson, é apenas a mais recente de uma série de bombas que parece não ter fim.

Complexidades 1 – economia

A crise nasceu no mercado imobiliário, com a jogatina tendo como objeto hipotecas de pagamento duvidoso – as hoje famosas subprime. Mas faz tempo que se estendeu numa metástase. Hoje, ameaça diretamente os "bancos-sombra", com ativos da ordem de US$ 10 trilhões nos EUA, em boa parte fictícios. Tende a contaminar o sistema dos bancos tradicionais, que soma outros US$ 10 trilhões. E já afeta a chamada economia real – indústria, agricultura, serviços –, só não se sabe em qual medida.

Tornou-se um lugar-comum comparar esta crise com a Grande Depressão de 1929. Esta representou mais de três anos de ladeira abaixo (seguidos por uma lenta e difícil recuperação, que em 1939 emendou na 2ª Guerra Mundial); cortou o PIB pela metade e puxou a taxa de desemprego para 25% nos EUA.

Mas justamente por isso a crise dos anos 30 feriu de morte a velha doutrina econômica liberal, que acreditava no mercado como o mais sábio dos reguladores. Colocou na moda a interferência do Estado, a partir do governo Franklin Delano Roosevelt e seu "New Deal" ("Novo Pacto", 1933), com base em políticas ditas keynesianas (do nome do economista britânico John Maynard Keynes, 1883-1943).

Washington tem portanto um know how de intervenção estatal que não era sequer cogitado em 1929. O Plano Paulson teria essa matriz se a Câmara não o tivesse rejeitado. O arsenal keynesiano ou pós-keynesiano à disposição de Washington modera as previsões sobre os efeitos da crise na economia real dos EUA e do mundo. Os vaticínios coincidem em que haverá recessão, mas nada que chegue perto dos anos 30: fala-se em uma duração de até 18 meses e uma queda de no máximo 5% ou 6% do PIB, custando no total a bagatela de US$ 2 trilhões.

Será? A prudência recomenda que se registre: duas semanas depois do crack da bolsa de NY em 29 de outubro de 1929, ninguém previu tampouco a depressão que estava por vir.

Complexidades 2 – política 1

Nas décadas da chamada ofensiva neoliberal, foi o keynesianismo que saiu de moda. Os adeptos do neoliberalismo garantiam que interferência estatal na economia só atrapalha e basta deixar que o mercado funcione sem peias para tudo se ajustar e vivermos no melhor dos mundos.

Esta foi a doutrina dominante a partir do governo Ronald Reagan (1981-1989). Foi a linha do longo reinado de 19 anos de Alan Greenspan no Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA). Foi até ontem a bíblia do governo Bush. Tem sido há décadas a pregação do senador John McCain.

Ora, o Proer de Bush-Paulson era um cavalo-de-pau nessa doutrina. Representava nada menos que a maior intervenção estatal da história – US$ 700 bilhões (ou meio PIB brasileiro) no total, em três parcelas, de US$ 250 bi, US$ 100 bi e US$ 350 bi. Só a ditadura dos interesses concretos sobre os mantos ideológicos que os revestem (e encobrem) explica que Bush – e seu candidato – tenham feito uma manobra de tamanha radicalidade sem corar nem pedir desculpas.

Complexidades 2 – política 2

Então o pacote Paulson representou uma autocrítica keynesiana não assumida da Casa Branca, mas naufragou porque os renitentes congressistas neoliberais decidiram por maioria manter a fé no mercado livre? Errado. Mais uma vez a realidade extrapolou de esquemas assim simplórios.

É verdade que foi com sotaque keynesiano que a presidente da Câmara, Nancy Pelosi defendeu o pacote: "Por tempo demais, oito anos, este governo seguiu uma ideologia de direita onde nada se faz, sem supervisão, sem disciplina, sem regulação", criticou a democrata de San Francisco, tida como a cidade mais "à esquerda" dos EUA.

É verdade igualmente que muitos conservadores da Câmara, na maioria republicanos porém também democratas, bombardearam o pacote com o discurso neoliberal que conhecem de cor e salteado: ''É uma expansão sem precedentes do poder federal, inaceitável, que não se pode permitir, que nossos filhos não podem aceitar e que nunca vimos na história deste país'', disse John Culberson, republicano do Texas.

Porém outros fatores influíram decisivamente para produzir a apertada maioria que derrubou o pacote (228 votos a 205), contra a vontade da Casa Branca, do ex-imperador Greenspan chamado às pressas de volta à ativa para afiançar o projeto, de McCain e Obama, da liderança democrata e republicana. A começar pelo puro e simples medo das urnas.

Em 4 de novembro não se elegerá apenas o sucessor de Bush; também se renovará a Câmara e o Senado. Alguns representantes terão votado contra por convicção ideológica neoliberal. Mas muitos foram movidos por temerem o que diriam os eleitores americanos, daqui a apenas um mês, caso aprovassem um pacote que as pesquisas dão como fortemente rejeitado pela opinião pública.

Porém as complexidades não param aí: a rejeição ao pacote Paulson deve-se em parte às crenças liberais enraizadas em boa parcela dos americanos médios; mas deve-se igualmente a uma profunda indignação contra o que foi percebido – com perspicácia – como uma armação dos "gatos gordos de Wall Street" para descarregar a crise no lombo do "americano comum".

Por isso, ao lado dos votos contrários por ojeriza a qualquer intervenção estatal, houve nesta segunda-feira um voto contra um pacote que ajuda os ricos banqueiros (com a folha-de-parreira de limitar os vencimentos dos executivos ajudados a US$ 400 mil por mês, "apenas" R$ 65 mil reais por mês, ao câmbio de ontem) e deixa na mão os trabalhadores que estão perdendo suas casas, seus empregos e seus planos previdenciários.

O insuspeito The Wall Street Journal, apoiador do pacote Paulson, registrou: "Outros votos contra foram dados por congressistas dos distritos eleitorais mais pobres, inclusive dos habitados por negros e pobres".

A esquerda contra o pacote

A esquerda militante dos EUA, que o sistema político-eleitoral mantém fora do Congresso, condenou duramente o Proer de Bush-Paulson. Em sua agitação que se intensifica, ela opõe aos privilégios de Wall Street as urgentes demandas da "Main Street" (em uma tradução livre, a economia real; ao pé da letra, é a "Rua Principal", existente em qualquer cidadezinha americana e onde costumam ficar os pequenos negócios locais).

"Neste drama da vida real, Bush e Paulson fazem John Dillinger, o legendário gângster e assaltante de bancos do tempo da Depressão, parecer um escoteiro", escreveu Sam Webb, presidente do Partido Comunista dos Estados Unidos, em artigo que o Vermelho publicou (clique aqui para ver). Em outro texto, Webb agrega: "Defendemos um plano que não apenas restaure a liquidez do mercado, mas também enfoque a urgente crise na main street e reavive a economia como um todo".

A versão eletrônica do jornal Workers World (http://www.workers.org), de outra corrente da fragmentada esquerda marxista americana, deu destaque para um abaixo-assinado virtual, dirigido "ao presidente Bush, aos candidatos Obama e McCain, aos congressistas, ao secretário do tesouro, Paulson, ao presidente do Fed, Bernanke, e à mídia. O curto texto e a plataforma falam por si:

"Socorram a main street, NÃO a Wall Street!"

"Dezenas de milhões de trabalhadores e gente pobre se defrontam com a mais horrenda crise econômica desde a Depressão dos anos 30. Mas nosso governo planeja uma ajuda do Tesouro americano aos banqueiros de Wall Street. Tudo que os políticos oferecem às pessoas que estão perdendo suas casas, empregos, sistemas de saúde, educação e aposentadoria são cortes cada vez maiores nos serviços sociais vitais.

Basta. Eu digo NÃO a esta injustiça. Não à ajuda aos banqueiros de Wall Street. Em vez dela, reivindico as seguintes medidas de emergência:

1. Moratória das execuções de hipotecas de residências e dos despejos.

2. Congelamento de todas as demissões e expansão do seguro desemprego.

3. Congelamento dos cortes nos serviços públicos e rebaixamento dos preços dos combustíveis, alimentos e serviços.

4. Proteção para as aposentadorias e poupanças dos trabalhadores – tirem as mãos da Seguridade Social.

5. Cancelamento das dívidas dos trabalhadores e da gente pobre – não à execução de moratórias ou embargo de salários.

6. Moratória dos cortes no orçamento e em todos os programas sociais como os de saúde, educação, transporte público, programas para jovens, idosos e veteranos de guerra."

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Um sorriso de "eu não disse?"

Vistas as muitas complexidades da situação concreta de hoje, arrisquemos um olhar para o futuro. O que ficará desta crise?

Diante das dimensões do colapso econômico, desta vez com epicentro precisamente em Wall Street, o coração das finanças trilionárias, é fatal que nós, adeptos da superação socialista da ordem burguesa, não refreemos um sorriso de "eu não disse?". Em horas assim, a cegueira, burrice e impiedade do Deus Mercado aparecem de corpo inteiro. São fatos que convencem mais e melhor do que milhares de panfletos ou discursos anticapitalistas.

A crise em curso, especificamente, é um murro no queixo de três décadas de discurseira neoliberal que todos conhecemos. É um espetáculo reconfortante para os defensores do socialismo assistir a ícones do time adversário – um Bush, um Greenspan, um McCain, um Paulson – à beira de um ataque de nervos porque a Câmara rejeitou um pacote que representa justo o contrário do que eles sempre pregaram, com a solenidade de apóstolos das Santas Escrituras da economia política.
Um equívoco difundido.

Tudo bem. Mas não se deve esquecer que a crise econômica, por si, nunca conduziu nem conduzirá ao desmoronamento do sistema e nem muito menos à sua superação socialista. É fato que ela reflete em tons mais vívidos as limitações e contradições do sistema. Mas esperar dela mais do que isso é um equívoco, lastimavelmente bastante difundido.

Para refutar quem crê em uma catástrofe econômica que leve o capital a entregar os pontos de mão beijada, é bom recorrermos de novo ao exemplo da Grande Depressão. No plano político, que é onde as coisas se decidem, ela não abriu as portas para a expansão do socialismo. Longe disso.

Socialmente, os anos 30 foram de ofensiva do capital contra os trabalhadores; e politicamente assistiram à apoteose do nazifascismo, a forma mais terrorista de ditadura de classe da grande burguesia. Nos EUA, onde o fascismo não se impôs e o New Deal pode ser visto como um êxito reformista (muitos acusaram Roosevelt de "comunismo"), as reformas nunca triscaram o regime capitalista propriamente. Passada a Depressão e a Guerra Mundial, os EUA emergiram para a Guerra Fria como o grande bunker planetário do capital.

Não é inevitável que a crise econômica de 2008 siga o mesmo script dos anos 30 em política. Mas tampouco existe a menor garantia do contrário.

O socialismo não é fruto da crise econômica capitalista. É filho do desenvolvimento capitalista, das contradições que ele acarreta e das forças que impulsiona. É o que mostram as grandes revoluções socialistas do último século, a começar pela russa de 1917 e a chinesa de 1949, que tiveram como te
atro duas sociedades em franca ascensão do ponto de vista burguês.

A superação revolucionária do capitalismo depende antes de mais nada da força social e política acumulada pela classe dos trabalhadores assalariados pelo capital. Do amadurecimento de uma crise revolucionária – ou seja, uma crise social e política, não necessariamente econômica –, onde, conforme a formulação clássica, os "de baixo" já não querem ser governados como antes e os "de cima" tampouco conseguem governar à moda antiga. E, por fim, de uma direção capaz de conduzir a sociedade da crise revolucionária à revolução vitoriosa. Tudo isso são processos que acontecem fora da esfera econômica.

Fonte: Vermelho

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EUA: Execuções hipotecárias provocam luta de costa a costa

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Se as pessoas lerem apenas os diários Wall Street Journal e o The New York Times, ou se assistirem apenas o canal de notícias CNBC, pensarão que a crise financeira, ou de endividamento, é algo que somente afeta Wall Street, apesar das esporádicas notícias de ''interesse humano'' sobre as execuções de hipotecas e seu impacto sobre os inquilinos e proprietários.

Por Gerry Scoppettuolo, para o Workers World



Protesto contra despejo em Virginia

A verdade sobre a epidemia de liqüidações pelos bancos está sendo escrita nas ruas e nos bloqueios dos despejos e nas lutas comunitárias. Os verdadeiros atores neste drama não são os poderosos corretores das ações ou os funcionários que manejam este mercado, mas sim as famílias operárias — negras, latinas e brancas — que estão lutando ao organizar comitês comunitários e unir-se a manifestações e comícios.

Uma líder nesta luta é Paula Tylor, cuja casa nas vizinhanças de Roxbury, em Boston, foi retomada pelo Bank of America em 5 de setembro passado, enquanto um grupo multinacional de 75 pessoas se postava ao redor da casa, no que foi o oitavo bloqueio contra os despejos neste ano.

O xerife policial, com uma esquadra de 16 policiais de Boston, prendeu quatro pessoas na luta que durou duas horas. Os manifestantes se acorrentaram à porta traseira da casa de Paula, depois que os agentes da polícia foram bloqueados na porta principal. Jim Brook, um integrante negro do grupo pró-direitos dos inquilinos Boston's City Life, acabou acorrentando sua cadeira de rodas ao balcão da casa. Assim que a polícia foi embora, uma delegação de manifestantes, sob a liderança da City Life, rumou até a agência do Bank of America mais próxima, onde continuaram o seu protesto.

Um dos vereadores de Boston, Chuck Turner, participou do bloqueio, que também foi realizado por participantes das Ongs Vida Urbana, Four Corners Neighborhood Association, o sindicato Service Employees, a Alternative for Community and Environemnt (ACE), o T Riders Union, a Rede de Mulheres em Luta, a unidade F.I.S.T de Boston e o Centro de Ação Internacional.

Em 17 de setembro três grandes manifestações contra as liqüidações ocorreram nos Estados Unidos: em Michigan, os manifestantes se reuniram no Capitólio Lansing, às 11h, para realizar uma ação em massa que chamaram de ''Moratória Já!'', defendida pela Coalizão para Deter as Liqüidações e Despejos. Os manifestantes exigiram que seja promulgada uma moratória de dois anos contra as liqüidações e que essa ação seja introduzida na legislação do estado.

Também em 17 de setembro, outra manifestação teve lugar em Los Angeles,
diante do Edifício Federal, exigindo que se declare uma moratória contra as liqüidações de caráter nacional.

Em 20 de setembro, outra manifestação tomou a esquina da Avenida Mass com rua Albany, diante do Banco Countrywide, em uma manifestação organizada pela Rede de Mulheres em Luta de Boston. A manifestação faz parte de uma campanha permanente, exigindo que o governador de Massachussets use seu poder constitucional para declarar Estado de Emergência Econômica e promulgue ordens para deter os cortes de água e eletricidade, as liqüidações e os despejos e reduza os preços dos alimentos e combustíveis.

A Rede Nacional Ad-Hoc para Deter as Liqüidações e os Despejos (Ad-Hoc National Network to Stop Forclosures and Evictions) enviou uma carta de emergência em 16 de setembro ao Comitê Senatorial sobre Bancos, Moradias e Assuntos Urbanos, exigindo uma moratória nacional contra as retomadas.

A lei federal impõe uma moratória obrigatória por 90 dias nas execuções hipotecárias durante um estado de emergência declarado pelo governo. A carta assinala que a recente estatização das agências Fannie Mae e Freddie Mac é,
de fato, uma declaração de estado de emergência, e que o governo deve cumprir com suas próprias leis e implementar uma moratória obrigatóra das execuções hipotecárias que são propriedade ou estejam asseguradas por estas instituições.

A Rede também lançou uma campanha de petições na internet dirigida ao novo dirigente da Fannie Mae e Freddie Mac, ao secretário do Tesouro, aos Comitês do Sistema Bancário e de Finanças do Senado e da Câmara de Representantes, demandando uma nova moratória federal sobre as execuções hipotecárias e os despejos.

Fonte: Vermelho

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Ignácio Ramonet: A crise do século

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Os terremotos que sacudiram as Bolsas durante este ''setembro negro'' precipitaram o fim de uma era do capitalismo. A arquitetura financeira internacional cambaleou. E o risco sistêmico permanece. Nada será como antes. Regressa o Estado.

Por Ignácio Ramonet*

A queda de Wall Street é comparável, na esfera financeira, ao que representou, no âmbito geopolítico, a queda do muro de Berlin. Uma mudança de mundo e um giro ''copernicano''. Conforme diz Paul Samuelson, prêmio Nobel de Economia: ''Essa crise é para o capitalismo o que a queda da União Soviética foi para o comunismo''. Encerra-se o período iniciado em 1981 com a fórmula de Ronald Reagan: ''O Estado não é a solução, é o problema''. Durante 30 anos, os fundamentalistas repetiram que o mercado sempre tinha razão, que a globalização era sinônimo de felicidade e que o capitalismo financeiro edificava o paraíso para todos. Equivocaram-se.

A ''idade de ouro'' de Wall Street acabou. E também uma etapa de exuberância e esbanjamento representada por uma aristocracia de banqueiros de investimento, ''amos do universo'' denunciados por Tom Wolfe em ''A Fogueira das Vaidades'' (1987). Possuídos por uma lógica de rentabilidade a curto prazo. Pela busca de benefícios exorbitantes.

Dispostos a tudo para conquistar lucros: vendas abusivas, manipulações, invenção de instrumentos opacos, contratos de cobertura de riscos, hedge funds... A febre dos proveitos fáceis contagiou a todo o planeta. Os mercados se superaqueceram, alimentados por um excesso de liquidez que facilitou a alta dos preços.

A globalização conduziu a economia mundial a tomar a forma de uma economia de papel, virtual, imaterial. A esfera financeira chegou a representar mais de 250 bilhões de euros, ou seja, seis vezes o montante da riqueza real mundial. E, de repente, essa gigantesca bolha estourou. O desastre é de dimensões apocalípticas. Mais de 200 bilhões de euros viraram fumaça. A banca de investimento foi apagada do mapa. As cinco maiores entidades se desmoronaram: Lehman Brothers em bancarrota; Bear Stearns comprado, com a ajuda do Federal Reserve (Fed), pelo Morgan Chase; Merril Lynch adquirido por Bank of America; e os dois últimos, Goldman Sachs y Morgan Stanley (em parte comprado pelo japonês Mitsubishi UFJ), convertidos em simples bancos comerciais.

Toda a cadeia de funcionamento do aparato financeiro entrou em colapso. Não somente a banca de investimento, mas também os bancos centrais, os sistemas de regulação, os bancos comerciais, as companhias de seguros, as agências de qualificação de riscos (como Standard & Poors, Moody’s, Fitch) e até auditorias contábeis (Deloitte, Ernst&Young, PwC).

O naufrágio não pode surpreender a ninguém. O escândalo das ''hipotecas lixo'' era conhecido de todos. Da mesma forma, o excesso de liquidez orientado à especulação e a explosão delirante dos preços das casas. Tudo isso foi denunciado há muito tempo sem que nada fosse feito, pois o crime beneficiava a muitos. E seguiu-se afirmando que a iniciativa privada e o mercado cuidariam de tudo.

A administração do presidente George W. Bush teve que renegar esse princípio e recorrer, massivamente, à intervenção do Estado. As principais entidades de crédito imobiliário, Fannie Mae e Freddy Mac, foram nacionalizadas. Também o foi a AIG, a maior companhia de seguros do mundo. E o secretário de Tesouro, Henry Paulson (ex-presidente do Goldman Sachs...) propôs um plano de resgate das ações ''tóxicas'' advindas das ''hipotecas lixo'' (subprime), por um valor de US$ 700 bilhões, também adiantados pelo Estado, ou seja, pelos contribuintes.

Prova do fracasso do sistema, essas intervenções do Estados – as maiores, em volume, da história econômica – demonstram que os mercados não são capazes de se regular por si mesmos, se auto-destruíram por sua própria voracidade. Além disso, se confirma uma lei do cinismo neoliberal: privatizam-se os benefícios, mas se socializam as perdas. Fazem com que os pobres paguem as excentricidades irracionais dos banqueiros, sob a ameaça de empobrecê-los ainda mais caso se neguem a pagar.

As autoridades norte-americanas ajudam no resgate dos ''banksters'' (banqueiro gângster) às custas dos cidadãos. Há alguns meses, o presidente Bush se negou a assinar uma lei que oferecia cobertura médica a nove milhões de crianças pobres, por um custo de 4 bilhões de euros. Ele considerou um gasto inútil. Agora, para salvar aos rufiões de Wall Street nada lhe parece o bastante. Socialismo para ricos e capitalismo selvagem para os pobres.

Esse desastre ocorre em um momento de vácuo teórico das esquerdas, as quais não têm um ''plano B'' para tirar proveito da situação. Em particular as da Europa, afetadas pelo choque da crise.

Quanto tempo durará a crise? ''Vinte anos se tivermos sorte, ou menos de dez se as autoridades agirem com a mão firme'', vaticina o editorialista neoliberal Martin Wolf, no Financial Times. Se existisse uma lógica política, esse contexto deveria favorecer a eleição do democrata Barack Obama (se não for assassinado
) para a Presidência dos Estados Unidos em 4 de novembro próximo. É provável que, como Franklin D. Roosevelt em 1930, o jovem presidente lance um novo New Deal, baseado num neokeynesianismo que confirmará o retorno do Estado na esfera econômica. E aportará por fim maior justiça social aos cidadãos. Talvez vá até um novo Bretton Woods. A etapa mais selvagem e irracional da globalização haverá terminado.

* Publicado originalmente no Le Monde Diplomatique. Reproduzido do Rebelión.org

Tradução: Fernando Damasceno

Fonte: Vermelho

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''Acreditem, confiem e votem em Jandira'', pede Fernanda Montenegro

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''Só um motivo muito forte me faria vir aqui, agora, diante das câmeras. E esse motivo é o Rio de Janeiro. É pelo bem do Rio que eu peço a vocês que acreditem e confiem e votem em Jandira Feghali para a prefeitura. O Rio vai se orgulhar de ter Jandira Feghali como a primeira mulher prefeita da cidade. Mulheres, vamos com Jandira'', diz a atriz Fernanda Montenegro.




O depoimento feito para o programa de rádio e TV da Coligação Mudança pra Valer (PCdoB-PSB-PTN-PHS) foi ao ar nesta segunda-feira (29). Ainda abalada pela recente morte do marido, Fernando Torres, a grande dama do teatro e das artes brasileiras fez questão de expressar publicamente sua adesão à candidata.

Jandira já angariou apoios ilustres, como os do arquiteto Oscar Niemeyer, do cantor e compositor Martinho da Vila, do professor Muniz Sodré, da cantora e compositora dona Ivone Lara.

A iniciativa da atriz indica o sinal de alerta na capital fluminense, diante da possibilidade de nenhum candidato de esquerda ir ao segundo turno. Segundo as pesquisas, Jandira é a única em condições de bater os candidatos de direita e de centro que disputam a liderança do pleito. Parlamentares e personalidades históricas do PT, como o deputado federal Candido Vaccarezza e o ex-ministro José Dirceu, também estão preocupados com a possibilidade de a disputa ficar entre Paes (PMDB) e Crivella (PRB) ou Paes e Gabeira (PV-PSDB).

Caminhada rumo ao segundo turno

Hoje (30), a coligação de Jandira e o Comitê Braços Abertos realizam uma grande caminhada da campanha rumo ao segundo turno. O ministro do Esporte, Orlando Silva, os senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Renato Casagrande (PSB-ES), o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, artistas e intelectuais estarão presentes. Haverá concentração de candidatos e milhares de populares na Candelária, às 15 horas. Caravanas estão sendo organizadas em todos os pontos da cidade. Será a grande manifestação antes da ida às urnas, no domingo, e a primeira após o depoimento de Fernanda Montenegro.

''Vamos intensificar a campanha nessa reta final por toda a cidade e, principalmente, nas regiões menos favorecidas, onde há menos políticas públicas direcionadas à grande parte da população. Sou candidata da cidade inteira, e essa caminhada será justamente uma afirmação de que a cidade precisa de rumo novo, precisa da mudança pra valer'', afirmou Jandira. Segundo a candidata, ''a única pesquisa que eu vou considerar é a urna, e o alto índice de indecisos, de 42%. São cariocas que querem uma alternativa, e é essa alternativa que eu represento''.


Do Rio de Janeiro,
Carlos Pompe

Fonte: Vermelho

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