:: Por Michelle Prazeres* | |
Foi publicado no blog do jornalista Luis Nassif , sob o título de "As bondades para 2010" (20/4). O texto afirma que foi dada a largada para o "pacote de bondades que já vinha ajudando o caixa da Abril. Agora é a vez da Folha e do Estado. Os jornalões paulistas vão ganhar cabeças e corações em todas as escolas paulistas já que a Secretaria [estadual da Educação] vai fazer 5.449 assinaturas dos dois periódicos". A compra foi anunciada no Diário Oficial do estado de São Paulo no sábado (18/4) do último do feriadão. Veja o trecho: "Despachos da Diretoria de Projetos Especiais, de 3-4-2009 – Declarando inexigível, com fundamento no Art. 25, inciso I, da Lei 8666/93 e suas atualizações, a licitação, para o processo 15/0199/09/04, cujo objeto é a aquisição de 5.449 assinaturas do jornal "O Estado de São Paulo" destinadas a todas as escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo, a serem fornecidas pela empresa: S.A. "O Estado de S. Paulo". Ato Ratificado pelo Presidente da FDE nos termos do Art. 26 da referida Lei; com fundamento no Art. 25, inciso I, da Lei 8666/93 e suas atualizações, a licitação, para o processo 15/0200/09/04, cujo objeto é a aquisição de 5.449 assinaturas do jornal "Folha de São Paulo" destinadas a todas as escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo, a serem fornecidas pela empresa: Empresa Folha da Manhã S/A. Ato Ratificado pelo Presidente da FDE nos termos do Art. 26 da referida Lei." Entre os comentários dos leitores do blog do Nassif, ressalto dois. Um informa que o governo de Goiás também comprou – via Secretaria da Educação – revistas do Grupo Abril (citando a Nova Escola). Outro, de um professor do Movimento Comunidade de Olho na Escola Pública, traz uma série de questões: "Quem é que vai ler estes jornais? Cada escola tem cerca de 100 professores e mais de mil alunos. 2 jornais não dá para atender a todos. Qual é a proposta pedagógica para a utilização destes jornais? Estes jornais irão para a biblioteca da escola? Quantas escolas têm bibliotecas funcionando? Quem escolheu estes "jornais"? Por que não deixar que cada escola escolhesse o jornal ou periódico que mais lhe conviesse? Não seria mais produtivo gastar dinheiro disponibilizando acesso grátis à internet para todos os alunos e comunidade do entorno da escola? Estão funcionando os laboratórios de informática? Os alunos têm acesso à internet? Por que não gastar o dinheiro editando e publicando um jornalzinho feito pela própria comunidade escolar?". Justificativa vazia Questões como as trazidas à tona pelo professor Mauro Silva são seriíssimas . Tratei de algumas delas no artigo publicado neste Observatório ("Mídias na escola: quem regula?"). Sabemos que as mídias trazem para os espaços educativos muito além dos seus conteúdos, o que já seria suficiente para, como sugere o professor, questionarmos a (não) participação da comunidade escolar na adoção dos materiais ou o projeto pedagógico a que responde a inclusão deste ou daquele veículo nas escolas públicas. Sabemos que as mídias carregam consigo um modo de ver o mundo. Carregam valores, crenças, moral. E o governo do estado de São Paulo está levando os valores e a moral dos dois maiores jornais de circulação do país para as escolas públicas atendendo a que projeto? Trata-se de um projeto oculto de socialização dos jovens paulistanos, da privatização subjetiva da escola pública. Como se não bastasse a privatização real, por meio das parcerias entre o poder público e o setor privado, agora a subjetividade dos jovens vem sendo privatizada, com valores defendidos pelas maiores empresas de comunicação do Brasil. Falta regra que regulamente e fiscalize a entrada das mídias na escola. Porque não se trata de material didático como os livros. A adoção de materiais midiáticos (em especial as assinaturas da revista Nova Escola e agora de Folha e Estado) é feita sem licitação, sob argumentação do governo de que se trata de materiais únicos. Enquanto não houver legislação pertinente para regular a entrada das mídias na escola, a justificativa vazia continuará sendo dada para a adoção de materiais que, sabemos, provocam efeito superlativo por serem vistos pelas crianças e jovens como algo do campo do lúdico. Na surdina As mídias são linguagens extremamente atrativas para crianças e adolescentes. Entram na escola sob o argumento da modernização e da elevação da escola ao nível cultural que a sociedade hoje exige: ágil, técnico, midiático. E penetram nesses espaços sem qualquer regulação, obedecendo antes ao jogo político-ideológico do que ao projeto pedagógico. São muitas as questões em jogo na relação entre mídia e educação pública (que responda ao interesse público). E elas precisam ser discutidas pelos ativistas, pesquisadores, educadores, agentes do campo educacional, alunos, comunidade escolar e escolas. Enquanto não houver o debate, as escolhas serão feitas na surdina, sem debate público. Talvez conheçamos as conseqüências destas escolhas futuramente. Talvez, num futuro menos distante do que imaginamos. Afinal de contas, 2010 está aí. *Jornalista, mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e doutoranda em Educação (FE-USP), assessora de comunicação da ONG Ação Educativa e integrante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social Fonte: Observatório da Imprensa :: |
Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres
Em 2010, a Marcha Mundial das Mulheres vai organizar sua terceira ação internacional. Ela será concentrada em dois períodos, de 8 a 18 de março e de 7 a 17 de outubro, e contará com mobilizações de diferentes formatos em vários países do mundo. O primeiro período, que marcará o centenário do Dia Internacional das Mulheres, será de marchas. O segundo, de ações simultâneas, com um ponto de encontro em Sud Kivu, na República Democrática do Congo, expressará a solidariedade internacional entre as mulheres, enfatizando seu papel protagonista na solução de conflitos armados e na reconstrução das relações sociais em suas comunidades, em busca da paz.
O tema das mobilizações de 2010 é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e sua plataforma se baseia em quatro campos de atuação sobre os quais a Marcha Mundial das Mulheres tem se debruçado. Os pontos são: Bem comum e Serviços Públicos, Paz e desmilitarização, Autonomia econômica e Violência contra as mulheres. Cada um desses eixos se desdobra em reivindicações que apontam para a construção de outra realidade para as mulheres em nível mundial.
Estão previstas também atividades artísticas e culturais, caravanas, ações em frente a empresas fabricantes de armamentos e edifícios da ONU, manifestações de apoio às ações da MMM em outros países e campanhas de boicote a produtos de transnacionais associadas à exploração das mulheres e à guerra.
No Brasil
A ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil acontecerá entre os dias 8 e 18 de março e será estruturada no formato de uma marcha, que vai percorrer o trajeto entre as cidades de Campinas e São Paulo. Serão 3 mil mulheres, organizadas em delegações de todos os estados em que a MMM está presente, numa grande atividade de denúncia, reivindicação e formação, que pretende dar visibilidade à luta feminista contra o capitalismo e a favor da solidariedade internacional, além de buscar transformações reais para a vida das mulheres brasileiras.
Serão dez dias de caminhada, em que marcharemos pela manhã e realizaremos atividades de formação durante à tarde. A marcha será o resultado de um grande processo de mobilização dos comitês estaduais da Marcha Mundial das Mulheres, que contribuirá para sua organização e fortalecimento. Pretendemos também estabelecer um processo de diálogo com as mulheres das cidades pelas quais passaremos, promovendo atividades de sensibilização relacionadas à realidade de cada local.
Para participar
A mobilização e organização para a ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres no Brasil já começou. Entre os dias 15 e 17 de maio, a Marcha realizou um seminário nacional, do qual participaram militantes de 19 estados (AM, AP, AL, BA, CE, DF, GO, MA, MS, MG, PA, PB, PE, PR, RJ, RN, RO, RS e SP), além de mulheres representantes de movimentos parceiros como ANA, ASA, AACC, CONTAG, MOC, MST, CUT, UNE e Movimento das Donas de Casa). Este seminário debateu e definiu as diretrizes da ação de 2010.
Os comitês estaduais da MMM saíram deste encontro com tarefas como arrecadação financeira, seminários e atividades preparatórias de formação e mobilização, na perspectiva de fortalecimento dos próprios comitês e das alianças entre a Marcha Mundial das Mulheres e outros movimentos sociais. Neste momento, estão sendo realizadas plenárias estaduais para a formação das delegações e organização da atividade.
Para participar, entre em contato com a Marcha Mundial das Mulheres em seu estado (no item contatos) ou procure a Secretaria Nacional, no correio eletrônico marchamulheres@sof.org.br ou telefone (11) 3819-3876.
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