quinta-feira, 30 de abril de 2009

Dilma não se entrega

::

por Cynara Menezes

A notícia de que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT ao Planalto, sofre de câncer no sistema linfático acabou se transformando em um desconcertante “fato novo” da sucessão presidencial. Enquanto o drama pessoal era deixado de lado, a doença de Dilma detonou toda sorte de especulação na mídia sobre seu futuro político. E nem sempre de forma elegante.

Revelada no sábado 25, a doença da ministra deu asas à imaginação sucessória e inverteu o discurso do governo e da oposição. Nome predileto de Lula à disputa presidencial no ano que vem, Dilma vinha sendo estimulada pelo presidente a vestir o figurino de candidata. Um e outro foram então acusados de precipitar o debate eleitoral.

Com o “fato novo”, a oposição, e grande parte da mídia, mudou o discurso. Ao longo da última semana, apesar das reiteradas informações de que o linfoma foi detectado na fase inicial e as chances de cura são altíssimas, as palavras câncer e sucessão presidencial andaram juntas no noticiário. O que era indesejável, precipitado e ruim para a democracia passou a ser fundamental, urgente. A horda de colunistas políticos tomou a iniciativa de decretar o enterro da candidatura da ministra. Depois, ante a notícia de que a doença pode não ser tão grave, passou a acusar Dilma Rousseff de tentar se promover no episódio, ainda que o assunto tenha virado pauta nacional à revelia da paciente.

O governo, por seu lado, procura minimizar o assunto e tenta impedir a base aliada, em especial o PMDB, de alvoroçar-se como urubu na carniça. Poucas horas após o anúncio da doença, havia peemedebistas interessados em inflacionar o passe do partido em uma eventual aliança nas eleições presidenciais de 2010 sob o pretexto de que um concorrente enfermo se tornaria um fardo mais pesado.

*Colaborou Rodrigo Martins

Confira a íntegra desta reportagem na edição impressa da Carta Capital edição

Edição 544 (06/05/2009).

Fonte: Carta Capital

::

Share/Save/Bookmark

Nenhum comentário: