quinta-feira, 30 de abril de 2009

Carta: Gilmar pressiona governadora para defender Dantas e suas terras

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Gilmar deve ter achado que metia medo em Ana Julia

Gilmar deve ter achado que metia medo em Ana Julia


por Paulo Henrique Amorim

. Ministro Celso de Mello, o senhor que ontem provocou lágrimas nos que assistiam ao jornal nacional: se o senhor fosse presidente do Supremo – o senhor que foi o mais jovem presidente do Supremo – o senhor telefonaria para uma governadora de Estado (Ana Júlia, do Pará) com a intenção de pressioná-la em defesa de um condenado pela Justiça, por causa de um conflito de terras ?

. Ministro Celso de Mello, o senhor que saudou o primeiro aniversário da “jestão” de Gilmar Dantas (segundo Ricardo Noblat) na presidência do Supremo: o senhor já ouviu falar num Presidente do Supremo que tenha feito isso ?

. Leia: “Celso de Mello leva espectadores do jn às lágrimas”

. Ministro Celso de Mello, o que o senhor acha das sinistras coincidências que ligam o atual presidente do Supremo ao banqueiro condenado e agora de novo indiciado, Daniel Dantas ?

. O senhor acha tudo normal dentro dos princípios de legalidade ?

. O senhor não acha que o cargo de Ministro do Supremo exige uma conduta ética inatacável, como a sua, ministro ?

. Ministro Celso de Mello, que discurso aquele de ontem, hein ?

. A sua biografia não merecia isso.

. O senhor precisa ler a Carta Capital, rápido.

. Lá está reportagem de Leandro Fortes, o mesmo repórter que Gilmar Dantas (segundo Noblat) processa.

. Leandro é o autor de uma reportagem sobre os benefícios que os negócios empresariais de Gilmar Dantas (segundo Noblat) mereceu; e outra sobre as atividades que o Supremo Presidente desenvolve em Diamantino, Mato Grosso, de onde provêem, segundo o ínclito Ministro Joaquim Barbosa, os capangas de Gilmar.

. Leandro entrevistou a governadora do Pará, Ana Carepa.

. Ela conta que o “Gomes”, o Luiz Eduardo Greenhalgh, citado na Operação Satiagraha como “operador” de Daniel Dantas no Palácio do Planalto, levou para um almoço, sem que ela soubesse, o “Carlinhos” Rodenburg, indiciado esta semana, outra vez, pelos crimes de Dantas.

. Formalmente, o “Carlinhos”, ou o “Dr Carlinhos”, segundo o Delúbio, “Carlinhos”, o amigo de Nelson Jobim e Heráclito Fortes, o “doutor” Carlinhos é o presidente das empresas que Dantas controla – ilegalmente - no Pará.

. Empresas que, como se sabe, não exploram a terra, mas o que está sob a terra, a riqueza mineral do Pará.

. Porém, o mais estarrecedor é o que a governadora conta sobre o Presidente Supremo do Supremo.

. Leandro mostra a conexão entre a pressão de Gilmar e os eventos que se seguiram.

. Em todos eles, segundo Ana Júlia, o Espírito Santo de orelha foi Dantas, que o ínclito delegado Protogenes Queiroz já chamou de “bandido condenado”.

. Leia esse trecho da excelente (como sempre!) reportagem de Leandro Fortes:

O segundo movimento foi um telefonema do ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), em 4 de março deste ano. Fato inédito na vida republicana brasileira, o chefe do Poder Judiciário telefonou à governadora para tomar conhecimento da maneira como o Executivo paraense conduzia a reintegrações de posse de terras no estado, além de perguntar a quantas andava o efetivo da Polícia Militar.
Uma semana antes, o ministro havia criticado a invasão de terra pelo Movimento Nacional dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e acusado ovgoverno de ser o principal financiador de ilegalidades no campo.
O telefonema de Mendes deixou Ana Júlia em alerta. Não foi por menos. Seis dias depois, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), entrou no Tribunal de Justiça do Pará com uma ação judicial contra a governadora, em 11 de março. Alegou, justamente, descumprimento de mandados de reintegração de posse de terras invadidas por trabalhadores sem-terra. Foi o terceiro movimento. O quarto viria a seguir, e só foi descoberto mais recentemente: em uma audiência na Câmara, em 16 de março, o deputado Abelardo Lupion (DEM-PR), expoente da chamada “bancada ruralista”, anunciou, clarividente, que em breve haveria um sério conflito de terras no Pará. Bingo. Dois dias depois, jornalistas levados de avião pelo Opportunity à região de Xinguara
presenciaram a guerra campal na fazenda do banqueiro.
Passados quatro dias do conflito, em 22 de abril, Kátia Abreu voltou à carga, desta vez na Procuradoria-Geral da República, onde foi pedir intervenção federal no estado. Foi, até agora, o último movimento. Por trás de todos eles está, segundo a governadora do Pará, Daniel Dantas.

Em tempo: a Carta Capital que ainda está nas bancas e que traz Joaquim Barbosa na capa é o record de vendas da revista este ano. O que dá uma ideia da popularidade de Gilmar Mendes, segundo Ricardo Noblat.

Fonte: Conversa Afiada

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