Produzido pela Petrobras desde o início do mês e fornecido há quatro meses à frota cativa de ônibus urbanos do município do Rio de Janeiro, o diesel S-50, com reduzido teor de enxofre, já traz benefícios à qualidade do ar respirado pelos cariocas. Através de testes, foi verificada redução de 15% nos níveis de emissão de fumaça dos ônibus, comparativamente a 2008, quando ainda era utilizado o diesel S-500, com maior teor de enxofre. Alguns dos benefícios ambientais do diesel S-50 foram apresentados hoje, em coletiva de imprensa na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na Região Metropolitana do Rio.
A Reduc é a primeira refinaria da empresa a produzir o combustível. Os testes foram realizados pela Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do RJ (Fetranspor), através de monitoramento em 47 empresas do município, num total de 8.500 ônibus. Os resultados indicam tendência de redução das emissões de material particulado para o meio ambiente. Os testes da Fetranspor têm caráter preliminar, mas são coerentes com os realizados em laboratório pelo Centro de Pesquisas da Petrobras. Os testes da empresa indicaram redução de 11,3% nas emissões de material particulado ao se substituir o diesel S-500 pelo S-50 em veículos.
As emissões de fumaça foram medidas com um opacímetro montado na descarga dos ônibus. Este aparelho mede somente a fração visível dos gases de escapamento. Os veículos de testes operaram sem carga, em aceleração livre. É o mesmo método usado nas inspeções do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). O resultado dos testes da Fetranspor está sendo estratificado agora por geração tecnológica, ano e modelo dos veículos.
No dia 1º de janeiro de 2009 a Petrobras deu início ao fornecimento do diesel S-50 para as frotas cativas de ônibus urbanos das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, conforme definido em acordo com o Ministério Público Federal no dia 30 de outubro de 2008. De acordo com o cronograma acertado junto ao Ministério Público, definido sob orientação do Ministério do Meio Ambiente, a partir de maio deste ano o diesel S-50 estará disponível também para toda a frota de veículos metropolitanos em Fortaleza (CE), Recife (PE) e Belém (PA). Em agosto, será a vez de Curitiba (PR) ter o combustível disponibilizado para suas frotas de ônibus.
Em janeiro de 2010, o combustível será disponibilizado para as frotas cativas de ônibus urbanos de Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG) e Salvador (BA) e da Região Metropolitana da Cidade de São Paulo. Em janeiro de 2011, o combustível será fornecido também às frotas cativas de ônibus urbanos das outras três Regiões Metropolitanas do Estado de São Paulo (Baixada Santista, Campinas e São José dos Campos) e da Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro.
O diesel S-50 fornecido pela Petrobras no Rio de Janeiro foi inicialmente importado e transportado pela rede de dutos até a Reduc, de onde era bombeado para as bases das companhias distribuidoras.
A partir de abril de 2009 o diesel S-50 passou a ser produzido na própria Reduc. A produção ocorre através de uma unidade de hidrotratamento, que extrai o enxofre a partir de reações químicas envolvendo, principalmente, o hidrogênio. O diesel produzido é em seguida bombeado para as principais bases distribuidoras localizadas na região metropolitana. Foi adaptado um duto para atender exclusivamente ao bombeio de S-50. Estão sendo disponibilizados mensalmente cerca de 14 mil m³ de diesel S-50 para o município do Rio de Janeiro.
A frota cativa é composta de ônibus que operam com linhas regulares na cidade, possuem ponto de abastecimento e cuja linha tem início e fim dentro do município. O diesel S-50 tem 50 partes por milhão (ppm) de enxofre, o que corresponde a uma concentração de 0,005% desse componente no diesel. O diesel anterior tinha 500 partes por milhão de enxofre, correspondendo a uma concentração de 0,05% desse componente no diesel. O diesel S-50 está sendo vendido ao mesmo preço do combustível anterior.
Coletiva
Participaram da coletiva o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o gerente executivo de Refino da empresa, José Carlos Cosenza, e representantes da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do RJ (Fetranspor) do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidores de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) e da Prefeitura de Duque de Caxias.
Qualidade do ar
A qualidade do ar das cidades é influenciada por vários fatores, cada um deles com impacto maior ou menor. Além da qualidade dos combustíveis, são igualmente importantes o sistema viário, a tecnologia veicular, a inspeção e manutenção dos veículos, o tamanho e perfil de idade da frota, a velocidade média dos veículos, a gestão do tráfego e os programas de incentivo ao transporte coletivo.
No Estado do Rio de Janeiro a qualidade do ar é monitorada desde 1967, quando foram instaladas as primeiras estações de monitoramento. Desde então, várias ações foram desenvolvidas e implementadas para promover melhorias na qualidade do ar: eliminação dos incineradores domésticos, substituição do combustível usado nas padarias e em indústrias, controle, inclusive com a desativação, de várias pedreiras situadas na Região Metropolitana, restrição de passagem de veículos pesados nos túneis da cidade, entre outras. A idade média da frota de ônibus que circula no Estado é de 5,5 anos, de acordo com a Fetranspor.
Quanto à poluição atmosférica de origem veicular, o Governo Federal instituiu em 1986 o Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores), um cronograma de redução gradual das emissões de poluentes para veículos leves e pesados. Desde o estabelecimento do programa, a Petrobras sempre atendeu às legislações relativas à melhoria da qualidade dos combustíveis. Em algumas ocasiões, a empresa se antecipou à legislação, como na retirada do chumbo da gasolina em 1989.
Além do enxofre oriundo da queima de combustíveis, gases como óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis (COVs), emitidos principalmente em atividades de combustão, também podem se transformar em material particulado. De acordo com monitoramento do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o índice de material particulado no município do Rio atende os padrões de qualidade do ar estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Acordo com o Ministério Público
No dia 30 de outubro de 2008 a Petrobras firmou acordo com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA), Agência Nacional do petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Fabricantes de Veículos, Fabricantes de Motores, Associação nacional de fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e Secretaria do Meio Ambiente do Governo de São Paulo. No acordo, a Petrobras comprometeu-se a promover gradativamente as atividades do programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados de Petróleo e do Gás Natural (Conpet) em São Paulo,Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e Vitória. No acordo também foram ajustadas as condições para a antecipação de uma nova fase do programa de Controle da poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) para 2012, que está ; sendo regulamentada pelo Conama. A Petrobras contribuirá com a indústria automobilística no atendimento a esses novos limites de emissões (denominados de fase P-7) para os veículos a diesel. Nesta fase, que é equivalente aos limites Europeus Euro 5, esses motores deverão utilizar, a partir de janeiro de 2013, um diesel com 10 ppm de enxofre.
Produção e Distribuição
O objetivo da Petrobras é ter plena capacidade produtiva do diesel para atender o mercado brasileiro, sem depender de importação. Para garantir a produção doméstica total do combustível, a empresa está investindo 4 bilhões de dólares até 2012. A empresa deverá investir ainda mais 2 bilhões para o fornecimento, a partir de 2013, do diesel S-10, com 10 partículas por milhão de enxofre.
Entenda o que é material particulado
Sob a denominação geral de Material Particulado se encontra um conjunto de poluentes constituídos de poeiras, fumaças e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém suspenso na atmosfera por causa de seu pequeno tamanho. As principais fontes de emissão de particulado para a atmosfera são: veículos automotores, processos industriais, queima de biomassa, ressuspensão de poeira do solo, entre outros.
O material particulado pode também se formar na atmosfera a partir de gases como dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis (COVs), que são emitidos principalmente em atividades de combustão, transformando-se em partículas como resultado de reações químicas no ar.
O tamanho das partículas está diretamente associado ao seu potencial para causar problemas à saúde, sendo que quanto menores maiores os efeitos provocados.
O particulado pode também reduzir a visibilidade na atmosfera.
O material particulado pode ser classificado como:
Partículas Totais em Suspensão (PTS)
Podem ser definidas de maneira simplificada como aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 50 µm*. Uma parte destas partículas é inalável e pode causar problemas à saúde, outra parte pode afetar desfavoravelmente a qualidade de vida da população, interferindo nas condições estéticas do ambiente e prejudicando as atividades normais da comunidade.
Partículas Inaláveis (MP10)
Podem ser definidas de maneira simplificada como aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 10 µm. As partículas inaláveis podem ainda ser classificadas como partículas inaláveis finas - MP2,5 (<2,5µm) e partículas inaláveis grossas (2,5 a 10µm)*. As partículas finas, devido ao seu tamanho diminuto, podem atingir os alvéolos pulmonares, já as grossas ficam retidas na parte superior do sistema respiratório.
*1µm, ou micrometro, corresponde a 1 milésimo de milímetro
Fumaça (FMC)
Está associada ao material particulado suspenso na atmosfera proveniente dos processos de combustão. O método de determinação da fumaça é baseado na medida de refletância da luz que incide na poeira (coletada em um filtro), o que confere a este parâmetro a característica de estar diretamente relacionado ao teor de fuligem na atmosfera.
* Fonte: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo
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