sábado, 25 de abril de 2009

A crise nos Estados Unidos: é mais grave que parece

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por Luiz Carlos Azenha

Os cheerleaders do mercado já estão em polvorosa, abanando os seus pompons como se torcida fosse o suficiente para ajudar a economia.

É minha crença que fazem isso para dar cobertura ao dinheiro inteligente, o smart money, que reduz as perdas enquanto empurra os micos para os suspeitos de sempre -- fundos de pensão, empresas públicas e governos.

Quanto o Brasil vai crescer em 2009? Lá atrás eu dizia: foguetório por minha conta se crescer 2%. O governo Lula tomou uma série de medidas positivas, especialmente no financiamento de casa própria para quem ganha até três salários mínimos. É uma medida de inclusão social que ainda ajuda a estimular a construção civil e a indústria em geral.

Quanto aos Estados Unidos, reproduzo o gráfico acima para dar a vocês uma idéia da gravidade da crise. Ele registra estatísticas do Departamento de Comércio sobre o início de construção de novas casas, desde 1959. Foram apenas 510 mil unidades em março de 2009, o pior índice desde que a coleta dos números começou.

A casa é o principal bem durável do americano. É a principal forma de poupança. É contra o valor da casa que os americanos fazem empréstimos. É refinanciando a casa que os americanos arranjam uma grana extra para comprar um segundo automóvel, por exemplo.

Foi refinanciando as casas que os americanos conseguiram grana para torrar em jipões nos anos 80 e 90. Os gastos de consumo giram 2/3 da economia americana, um número impressionante.

O desabamento do mercado imobiliário fragiliza ainda mais o motor da economia dos Estados Unidos: o consumidor. Ele não tem lastro para emprestar como antes, gasta menos e faz a economia real desabar.

Há alguns meses nos Estados Unidos o problema era que os bancos temiam emprestar. Crise de crédito. O problema agora é que os consumidores não podem mais emprestar. O governo transferiu bilhões para o mercado financeiro. Os bancos vão tapar seus rombos. Mas como é que vão ganhar dinheiro emprestando se a indústria corta a produção, diante do consumidor em crise?

A economia americana pode até ensaiar um vôo de galinha, mas parece que o que vem mais adiante é depressão econômica. Igual ou pior que a de 1929? É a pergunta do momento.

Fonte: Vi o Mundo

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